Capítulo 5 - O Despertar

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Ikún e Hailey

A lua estava alta no céu e o último sopro do inverno fez os longos cabelos de Maddrum tremularem e ele se encolher enquanto esperava Grikod sair da sala de guerra acompanhado de Ikún, que ajudava Roxie a andar, e Hailey, que estava em silêncio a algum tempo.

— Ela não deveria ter bebido a caneca toda, tenho certeza que Grikod pediu aquilo apenas para provocar. — Maddrum diz, esfregando os próprios braços.

— E-estou bem! E pela manhã vamos vencer a batalha, por Toravo! — Roxie fala a última parte mais alto e alguns minotauros ainda dentro da sala de guerra gritam em apoio, a fazendo esboçar uma expressão orgulhosa, que logo se vai enquanto ela segura a ânsia de vomitar novamente.

— Claro que vamos. — Grikod diz se juntando ao grupo. — Tratem de descansar e dar um daqueles seus chás milagrosos para ajudar a pequena. — Hailey apenas assente. — Vamos, amigo, hoje vocês não dormem ao relento.

— Maddrum, você não vai encontrar Redcoat e o resto do seu povo? — Ikún questiona.

— Não hoje, se me virem nesse estado antes de uma batalha pode afetar a moral, aliás, o garoto se provou um bom líder na minha ausência.

— O plano vai funcionar, fiquem tranquilos. — Grikod bota o braço por cima de Maddrum enquanto sorria. — Seu povo será apenas necessário para alcançar os desertores inimigos, vamos lidar com o resto.

— Vou queimar as máquinas deles! — Roxie levanta o braço que não estava envolvendo Ikún e logo vomita nos pés do amado novamente, desnorteada pela súbita ânsia, e encara o chão. — O que foi isso?

— Foi o sinal que você precisa para descansar se quiser queimar qualquer coisa amanhã. — Hailey diz e toma a responsabilidade de guiar Roxie para seu hospital de campanha. — Se limpe antes de entrar na tenda. — Diz para Ikún e então segue pela rua.

— Quem sabe uma caneca daquele tamanho tenha sido demais para ela. — pondera Grikod.

— E quem deu a caneca para ela? — Maddrum pergunta.

— Algum minotauro irresponsável, amanhã falo com ele, vamos descansar que precisamos levantar antes do nascer do sol.

— Boa noite, Ikún, se Roxie precisar de algo é só chamar. — Se despede o centauro.

O Guardião se despede do amigo e encara os pés, suspirando ao ver o estado lamentável que se encontravam. O taverneiro que limpava o chão da sala de guerra onde Roxie teve seu primeiro incidente com álcool diz que atrás do prédio havia um barril de água que ele podia usar para se limpar, e voando, para evitar mais sujeira, ele vai.

Mais à frente da rua, via Roxie ser levada por Hailey, que a segurava com cuidado.

"Ela é forte." — pensa.

Ao terminar de se lavar, observa o reflexo da lua na água do barril e pôde ouvir, ao fundo, risos e o som de uma cachoeira. Uma sensação leve e familiar tomou conta de seu peito e Ikún pode sentir a energia fluir por dentro de si, até que um uivo o tira de seu transe e a voz de Maya ecoa em sua mente.

"Encontre esse lugar em suas memórias."

Os sons dos incansáveis ferreiros moldando o aço voltam a preencher o ambiente e a cachoeira se torna mais distante. Ikún observa a montanha, que dessa distância era muito mais imponente que quando vista do seu antigo bosque, mesmo que ainda estivesse a horas de Toravo.

— Não vou falhar com você novamente. — Diz olhando para o céu.

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Crônicas de Albaran: O Vigia da MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora