Capítulo 21 - Abrigo

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Gaspar Velez e Evandra Reinhard Zola

O sangue pingava do espadão de Lady Talessa enquanto a jovem falava com Gaspar, os gritos de comemoração dos goblins, que saltavam pelas carroças dos mercenários, se confundia com os de agonia dos cavalos feridos durante a investida e seu sangue se misturava com o de seus mestres, mas apenas brevemente, pois a terra logo reclamava qualquer resquício de umidade para si, levando Evandra a se perguntar se esse era o motivo do chão avermelhado da região. Tão abafadas quanto os gritos eram as vozes ao seu lado, enquanto sentia seu corpo congelado.

"De novo? Por que?"— Evandra se questiona olhando para baixo.

— Ela não reage bem ao sangue, mas está bem — escuta a voz de Tiziana se justificando para a guerreira, que agora estava acompanhada de Roderick. — Evie, tudo bem?

— Evandra.

— Ela está bem — suspira a loira ao notar a chefe recobrar o controle.

— Me desculpe pelo exagero — Talessa olha para um dos mercenários, que quase foi partido ao meio por sua lâmina. — Eu me deixei levar pela raiva.

— Não precisa se desculpar, eu tenho que me acostumar com isso eventualmente — diz sem emoção, abrindo a sombrinha.

— Não tem não — Tiziana se intromete. — Logo estaremos em casa e você nunca mais vai ter que...

— Tiziana — interrompe a assistente. — Obrigada.

— Hã? Claro — respondeu confusa.

— Antes de mais nada — Roderick se dirige à esposa. — Rina aqui está precisando de Guinevere; ela é durona, mas está bem machucada.

Talessa olha para a loira com o cabelo preso em um rabo de cavalo, segurando um arco encostada na carruagem e assente, buscando por entre os feridos sua maga conselheira. Esta, que com a assistência da arqueira que havia emboscado os mercenários, estava tratando dos cavalos feridos.

Lucia removia os projéteis e acalmava os animais enquanto a varinha de Guinevere percorria o ferimento do animal, o restaurando, até que, ao ouvir o chamado de sua Lady, a maga vem ao encontro do grupo.

— Sim, milady? — diz, simpática, a loira de casaco azul.

— O grupo de Lorde Gaspar tem alguns feridos, por favor cuide de todos — pede e a maga assente com um sorriso.

— Na verdade sou apenas eu — Rina deixa de se apoiar e se aproxima. — Os ferimentos estão quase fechando, na verdade.

— Não vai ser problema algum, você chegou a levar algum ponto neles? — avalia a batedora de cima a baixo.

— É difícil onde não tenha — brinca.

— Nesse caso, vou pegar meu kit médico na sela do meu cavalo, assim removo os pontos e fecho os cortes de uma vez — Coloca a trança para trás do ombro e anda até o cavalo.

— Vamos passar um tempo nisso, se for remover todos — Rina tenta acompanhar.

— Espero que você não seja tímida, então — espia a outra loira, que a seguia, de canto de olho enquanto pega o que precisava no alforge.

— Não sou se você não for — ri.

A Lady de Dustborn recomenda que Gaspar e os outros descansem do outro lado da barricada, longe dos inimigos derrotados, enquanto seus homens limpam a estrada, aproveitando para instruir Adam, seu capitão da guarda, a recolher todos os equipamentos dos inimigos.

Crônicas de Albaran: O Vigia da MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora