Ikún e Seren
Conforme voava entre os pilares de rocha, Seren desviava das pequenas esferas luminosas que surgiam por entre as estruturas e passavam a centímetros de seu corpo.
— Eu consigo — diz baixo.
Fazendo uma pirueta, a fada sai de entre as sombras dos pilares, se deparando com o restante da clareira de treino; do outro lado, Aurora invocava e disparava as esferas luminosas em sua direção e de Kalissa, que havia acabado de lhe alcançar.
Com uma breve troca de olhar, as jovens se fixam no prêmio, um pequeno arranjo de flores atrás de Aurora, na beira do lago.
— Kalissa, vamos ao mesmo tempo, mas cada uma por um lado, vai dar certo.
— Você disse isso das últimas vezes.
— Nos tornamos mais fortes desde a última vez.
— Faz vinte minutos... — Kalissa diz, mas ao notar a expressão de Seren fixa no arranjo de flores e como a luz das esferas, misturada com a do sol do entardecer dançava nos olhos da amiga, não consegue conter o sorriso — Mas sim, vai dar certo.
Seren olha e sorri para a amiga, que desvia o olhar, mas enquanto distraídas, Aurora dispara uma nova leva de esferas luminosas contra a dupla.
— Vocês podem conversar depois de falharem novamente — cruza os braços, mas ao ver a dupla desviar de todas as esferas e voar em sua direção, estala o pescoço, abrindo os braços para invocar mais ataques.
— Não vamos falhar dessa vez, vovó! — Seren desvia das luzes e Aurora sorri.
Sem dizer uma única palavra, as duas guerreiras avançam e se separam, indo para lados opostos, investindo contra Aurora, que aumenta a frequência de seus ataques, que a essa distância se tornaram mais eficazes, mas graças às suas espadas de madeira, as guerreiras conseguiam defletir os ataques que não podiam ser evadidos e assim dando a volta na guerreira veterana.
— Vamos mesmo conseguir! — Kalissa grita animada conforme se aproximam do tronco com o arranjo de flores em cima, mas ao notar um brilho dentro do lago, entende a calma de Aurora. — Seren, cuidado, o lago!
Seren voa focada nas flores, os gritos da amiga estavam distantes demais em sua mente para que os conseguisse decifrar, até que, de dentro do lago, duas esferas luminosas emergem e voam em sua direção assim que ela pega o buquê.
A sombra de Kalissa se move rapidamente parando em frente a Seren e a fada troca de lugar com ela, sendo atingida pelas esferas no lugar da amiga, que solta as flores no chão e a abraça.
— Você está bem?
— Sim, só um tanto dormente. — Kalissa diz esfregando onde as luzes lhe acertaram.
Um suspiro vem de Aurora, que cruza os braços enquanto anda em direção às duas.
— Bem, dessa vez quase conseguiram.
— Eu peguei as flores. — Seren diz e aponta para o buquê no chão.
— Parabéns, mas isso não significa nada, porque Kalissa usou a sombra dela, o teste é apenas de evasão e estratégia de voo, poderes não são permitidos, lembra?
— Desculpa, Seren — diz cabisbaixa.
— Tudo bem, dessa vez fomos ainda mais longe, na próxima certamente vai dar certo. — Esfrega as costas da amiga, onde a esfera havia acertado.
Aurora repara o rubor de Kalissa e cerra o cenho.
— É o suficiente por hoje, descansem e estejam prontas para treinar cedo amanhã, vocês estão muito atrasadas em comparação às outras guerreiras.
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Crônicas de Albaran: O Vigia da Montanha
FantasíaApós os eventos do primeiro livro, os Guardiões partem em busca de Grandel, um dos quatro feéricos originais e única pessoa que pode lhes ajudar no conflito que os espera. Cordélia enfrenta fantasmas do seu passado em uma disputa que pode resultar e...