Capítulo 7 - A Dualys Dourada

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Seren e Kalissa

Pouco se passara do nascer do sol e a pequena fada de longos cabelos castanhos corre com as quatro asas abertas refletindo a luz do amanhecer, passando por entre as flores do campo que ficavam na saída do bosque.

— Mamãe, veja! — Seren diz se jogando de joelhos. — Olha que flor linda.

Roxie se aproxima, se ajoelhando ao lado da filha e a puxa para um abraço que provoca risadinhas na pequena, enquanto analisa a dupla de flores que nasce de um único caule, uma dourada e radiante e a outra verde escura, escondida na sombra da primeira.

— É uma dualys dourada. — Roxie diz e levemente toca as pétalas da flor mais escura.

— Ela é especial?

— Toda flor é especial, mas essa é muito especial. — Explica a Guardiã e Seren faz um "o" com a boca. — Ela representa os dois lados do dia, sol e lua, luz e sombras, coisas que não podem existir uma sem a outra, coisas que... — Os olhos de Roxie se enchem de lágrimas e sua filha a abraça.

— Mamãe, tudo bem? Foi um zangão que lhe picou? — procura ao redor.

— Eu estou bem, não se preocupe, acho que foi alguma poeira que entrou nos meus olhos. — Já de olhos secos, beija a testa da pequena que sorri. — Eu te amo, Seren, nunca se esqueça disso.

— Eu também te amo e amo a vovó e... — Seren olha por baixo do braço da mãe em direção ao bosque e sorri, se levantando em um salto. — Mab!

— Eu não quis atrapalhar. — diz a Rainha, que se abaixa para receber o abraço da pequena.

— Estávamos falando sobre flores, junte-se a nós. — Roxie convida.

— Bem, eu tenho meus afazeres... — Mab diz e Seren abaixa o rosto fazendo beicinho —, mas eu posso aprender um tanto sobre flores com você primeiro — toca a ponta do nariz da criança, que pega sua mão, animada, e então a de Roxie e as puxa para o meio do campo, onde as três sorriem.

Em um instante os sorrisos se tornam mais distantes e Seren está sozinha no campo, as flores estão começando a murchar e suas pétalas se tornam cinzas e são levadas pelo vento. Nem o sol ou a lua se fazem presentes e escuridão cerca a pequena.

"Eu não quero ficar sozinha."

— Mamãe! — Grita e corre bosque adentro.

A vegetação do bosque estava mais densa, impedindo uma movimentação livre, galhos espinhentos raspavam em sua pele alva e seu cabelo se prendia às folhagens, mas a voz de Roxie ao fundo chama sua atenção e novamente a menina chama pela mãe, sem resposta.

Ao se soltar da vegetação, consegue avançar em direção à voz e encontra sua mãe conversando com a Rainha e a Princesa. Instintivamente se abaixa e as espia por entre as folhas.

— Eu não posso deixar isso acontecer, Ikún precisa de mim, assim como eu preciso dele. — Roxie diz com a respiração alterada, rosto corado e punhos cerrados.

— Eu posso fazer isso imediatamente. — Maya sorri. — Obrigada novamente, Roxie.

— Espere... — Mab diz e as outras a encaram enquanto ela parece juntar forças. — e Seren?

— Mab, Roxie entende que apenas ela pode fazer isso. — Maya insiste.

— Seren tem minha mãe e você. — Roxie responde.

Crônicas de Albaran: O Vigia da MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora