Capítulo 8 - A Semente da Esperança

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Roxie e Hailey

O som dos cascos cavalgando na terra ensopada de sangue se mistura com os gritos de guerra dos centauros, que perseguem os remanescentes das tropas humanas e élficas que correm contra o inevitável.

Grikod faz seu discurso enquanto os guerreiros vibram, se reunindo ao seu redor e os Guardiões se abraçam em comemoração, mas Hailey ainda não se move. Para ela, tudo parece distante e os sons são abafados pelo bater do seu próprio coração em disparada, a sensação da sujeira e sangue em sua pele é desprezível se comparada à enxurrada de sentimentos que se embolam em seu estômago, tudo parece estar em câmera lenta, até que o olhar dela se encontra com o de Roxie e tudo o que sentia se resume em culpa.

Hailey voa para dentro da cidade sem dizer nenhuma palavra e a Guardiã observa, sem comentar nada, o fato de Ikún a acompanhar com o olhar.

— Roxie, você realmente chegou na hora certa e salvou meu couro! — Redcoat se aproxima sorridente após cumprimentar os outros centauros que não perseguiam os inimigos, mas ao notar os cabelos avermelhados da pequena, cessa seu movimento. — Tudo bem?

— Que?! — Responde subitamente a fada de expressão fechada e o jovem centauro dá dois passos para trás. — Redcoat, desculpa, eu... estou feliz que esteja bem. — Diz e sorri.

Ikún observa a amada, enquanto seus cabelos voltam ao castanho e ela recolhe as asas, as deixando juntas como se fossem apenas um par e então sente seus poderes desaparecerem novamente.

— Está bem? — Pergunta para Roxie.

— Sim, eu só não tinha participado de uma luta grande assim, quer dizer, não que eu lembre. — ela diz esfregando o rosto. — Seus poderes voltaram de vez, que bom.

— Parece que foi só por um momento.

— E que momento! — Redcoat volta a se aproximar, pelo lado de Ikún dessa vez. — Você atravessou aqueles golens como se não fossem nada, bem mais fácil que da última vez que enfrentamos essas coisas.

— Esses golens eram feitos, em sua maioria, de terra enquanto aqueles eram de pedra, fora que agora eu já tinha uma ideia de onde ficam seus núcleos, e isso facilitou bastante as coisas. — Explica o Guardião.

Grikod desce do tanque e vem em direção ao trio, erguendo ambos os braços como se fosse abraçar todos ao mesmo tempo.

— Meus bons amigos, parece que os humanos e elfos vão pensar duas vezes antes de atravessar o rio novamente e vocês tem grande participação nisso! — O minotauro bate nas costas de Ikún e Redcoat que, mesmo esperando o impacto, se desequilibram o fazendo rir e então ele gentilmente encosta no ombro de Roxie. — Mas a grande estrela de hoje foi Roxie, a Dominadora de Canecos e Ilusões!

— Meu título ficou maior! — Diz surpresa.

— E cada vez mais parece com o de alguém que leva uma vida à toa. — Redcoat completa, fazendo com que a fada o olhasse de rosto fechado e Grikod gargalhasse.

— Que besteira, ainda mais para se dizer à pessoa que salvou sua vida, você devia mais respeito a ela. — Diz enquanto fazia um gesto para que abrissem os portões da cidade. — Os feridos vão receber tratamento e os soldados da reserva vão limpar o campo e lidar com os corpos, enquanto nós vamos discutir nosso próximo passo na sala de guerra!

— Agradeço o convite, mas acho que precisamos de um tempo sozinhos após a batalha. — Ikún diz se livrando do minotauro que o empurrava para a taverna.

— Bem, vou me encontrar com o resto dos soldados então, quando estiverem prontos, venham nos encontrar. — Grikod diz e entra para a cidade, seguido de alguns de seus guerreiros.

Crônicas de Albaran: O Vigia da MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora