Oden Hatsson e Oliver
"Aquilo que eu sempre quis está ao alcance de minhas mãos, tudo o que preciso fazer é envolver meus dedos em seu delicado pescoço e esmagá-lo. Mas qual seria o sentido sem que ela pudesse se ver em meus olhos? Não, não pode ser assim..."
— Amor? — Alexia tira Oden de seus pensamentos, o trazendo de volta para a tenda de comando, onde Oliver terminava de contar sobre tudo o que havia acontecido nos últimos tempos.
O loiro apenas sinaliza para que o rapaz continue e suspira ao se acomodar na cadeira, sob o olhar zeloso de sua amada.
— Basicamente é isso, por mais que eu tenha aprendido a usar as armas e explosivos feitos pela irmã de Sandro, não tenho mais acesso a elas, na verdade acho que nem o próprio Conselheiro Zola tenha — Oliver diz.
— Evandra não fez essas armas — Oden responde, se levantando e soltando as placas da armadura. — Ela se surpreendeu quando viu minha armadura mecânica, feita pelas Empresas Zola, por ela, teoricamente — a armadura se abre na frente e Oden sai de seu interior, que continha o exoesqueleto similar ao Protótipo de Batalha 01.1 de Evandra, mas energizado por um núcleo mágico simples.
— Verdade, ela e a Lindinha estavam indo para uma reunião de empresas armamentistas em Valuria — Alexia ajuda Oden a fechar a armadura, que fica completa e em pé, podendo até mesmo enganar um desavisado que a veria como um soldado após o elmo dracônico ser colocado no topo. — Julgando pelo que eu entendi e elas contaram para Suyane, a própria empresa está usando a tecnologia dela sem sua autorização para desenvolver todo tipo de coisa — suspira. — Pobre Docinho.
— Eu... achei que fosse a Suy quando vocês chegaram, mas por que ela está aqui? — Oliver toca o broche que um dia pertenceu à garota.
— É uma longa história, mas acredite: te ver é um dos principais motivos — a ruiva debocha, mas ao notar o olhar baixo do rapaz, suspira e se aproxima de Oden. — Você acha que Sandro sabe sobre o que está acontecendo internamente nas empresas de sua família ou está tão perdido quanto a irmã?
— Sinceramente, eu acho que ele não sabe de nada também, mas não posso ter certeza, ele é esperto.
— Vamos guardar essa informação por enquanto — o Lorde diz, pensativo. — Os feéricos que você matou, o que aconteceu com os corpos? Eles realmente desaparecem?
— Na verdade não, pelo contrário, estão como estavam no momento em que tirei suas vidas. Segundo Sandro, quer dizer que eram antigos ou filhos de um casal e não despertos — o moreno explica.
— Tenho contatos no Arcanato, deveríamos enviar dois corpos para eles estudarem e dois para os Magos Vermelhos, certamente faria com que nos devessem alguns favores — Alexia sorri ao se apoiar no ombro do noivo, espiando suas mãos no processo.
— Magos Vermelhos? — Oliver soa acuado.
— São especialistas em magias não convencionais ou permitidas no Arcanato, já trabalhamos com eles antes e são confiáveis, se souber que não pode confiar neles — sorri e Oden assente.
— Eu sei quem são, ouvi muitas histórias, só tomem cuidado — aconselha o casal que sorri como se ele fosse uma criança dando conselhos de vida para um ancião.
— Não se preocupe, meu amigo, eles são como ratos, têm mais medo de nós do que nós deles. Uma carta para o Arcanato e acabamos com o centro de operação deles e eles sabem disso — Oden diz e então se foca na silhueta se aproximando através da lona da tenda. — Além do mais, com a ajuda deles podemos restaurar seu rosto — Oliver toca a bandagem e cerra o punho, franzindo o nariz, mas antes que falasse algo, Stein e Suyane pedem licença e adentram o ambiente.
Imediatamente, os olhos de Suy se focam no homem de expressão fechada e metade do rosto coberto pela bandagem com pequenos pontos de sangue, que evitava olhar em sua direção.
— Wi-liver — se enrola a garota. — Oliver — ele apenas olha em sua direção sem falar nada e ela, constrangida, desvia o olhar.
— As tropas estão acomodadas? — Oden quebra o silêncio.
— Sim, guiei as tropas da Vinícola para o centro do acampamento, como sugerido, preparamos sua tenda e os Capitães das tropas reais estão cuidando do resto — Stein diz simpático e se vira para Alexia. — E as crianças já têm seu forte — brinca.
— Crianças? — Oliver pergunta, ignorando a existência do grande mago e focando apenas em seu velho amigo, que troca um olhar com a sua Conselheira antes de responder.
— Alguns dos jovens do Hemels se ofereceram para ajudar com a manutenção e enfermaria, não se preocupe que eu nunca os colocaria em risco...
— Oden, o fronte é um risco, um risco constante para todos que estão aqui! — Esbraveja indo em direção ao loiro, mas Stein prontamente se coloca à sua frente. — Os feéricos têm atacado nossos batedores com pequenas fadinhas que abrem portais, aparecendo em qualquer lugar a qualquer hora, fora toda a questão política contra os Velez, e... eu não acredito que você fez isso.
— Eu entendo sua irritação, mas mantenha a calma — olha para o mago barbudo de canto de olho. — Como eu disse, eles ficaram no acampamento e fora de qualquer perigo imediato, sempre com recursos para fugir, se preciso.
— Além do mais, muitas delas gostariam de te rever — a maga acrescenta.
— Me rever? Eu sou um assassino fugitivo, uma vergonha para o Hemels, vivendo com outro nome, fazendo e sofrendo coisas horríveis por oito anos consecutivos, não sei o que eles esperam ou foram inspirados a acreditar encontrar, mas certamente não sou eu.
— Will — Suy diz baixinho e ele range os dentes antes de sair da tenda.
Oden encara Stein, que se desculpa, e, notando o nervosismo de Suyane, suspira.
— Vai atrás dele — as palavras direcionadas a si fazem a jovem respirar novamente. — Tente fazê-lo se acalmar.
— Ele nem olhou para mim — fala mais baixo que o de costume.
— Porque ele se importa contigo e está com vergonha do que se tornou — Alexia diz rapidamente. — Agora vai, só cuidado com o que vai dizer sobre você sabe quem — Suyane assente e dá uma corridinha para fora da tenda.
— Era tudo por enquanto, Stein, pode voltar aos seus afazeres — Oden diz e o mago também se retira.
— Como de se esperar, ele está instável — Alexia arrasta uma das cadeiras até perto da pequena mesa que estava no centro do lugar e se senta, apoiando ao lado de um dos mapas. — Felizmente podemos acabar com isso logo, já que nosso alvo está totalmente vulnerável.
— Não — responde olhando para o nada.
— Não? — arqueia a sobrancelha. — Se importaria em elaborar?
— Eu quero que ela sofra, vou esperar que acorde e veja que perdeu tudo, a família, os amigos que a protegiam, seu posto no fronte e então eu a mato e acabo com essa guerra.
— Ok, tudo isso foi incrivelmente estúpido, mas acabar com a guerra? Sabe que ela já vem de séculos, certo? — debocha e faz uma pausa. — E nosso final feliz?
— Nós teremos, eu te prometo, mas se, como General Comandante, eu tiver capacidade de salvar os Reinos Humanos, eu vou.
— Oden — soa como uma súplica.
— Sei que é egoísmo, depois de tudo que já fez por mim e continua fazendo — finalmente olha para a ruiva e estende a mão em sua direção. — Mas me acompanharia novamente até a beira do abismo e de volta? — deixa de sorrir ao notar as lágrimas nos olhos da mulher, que força o riso.
— O mais cruel de tudo é que você sabe minha resposta — sem hesitar segura a mão de seu amado. — Sempre.
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Crônicas de Albaran: O Vigia da Montanha
FantasíaApós os eventos do primeiro livro, os Guardiões partem em busca de Grandel, um dos quatro feéricos originais e única pessoa que pode lhes ajudar no conflito que os espera. Cordélia enfrenta fantasmas do seu passado em uma disputa que pode resultar e...