Pois bem, como contar isso? Como contar a mudança de "penso em você na saída da escola e algumas vezes na rua" para "penso em você ao acordar, adormecer, alimentar-me, banhar-me, em momentos divertidos, tristes e até mesmo de raiva"?
Foi como ocorreu, agora eu estava tomada por aquela boca, boca quente e úmida. Com uma língua genuinamente habilidosa. Perspicaz o jeito que me encantei e enamorei aquela boca.
Acreditei talvez no pequeno romance vivido em dezembro, foi mágico e cada vez mais íntimo. Mensagens de amor, mensagens de promessas, malditas mensagens de futuro. Talvez eu seja culpada por cair na conversa de futuro, futuro aquele da minha faculdade e da profissão dele, nossa casa, talvez filhas, porão, viagem pra Grécia. Não foi a única vez!
Tivemos outros momentos desses, momentos 1 ano mais tarde cuja promessa foi de fugir comigo, ir atrás de mim nos Estados Unidos! Tivemos o momento em que ele simplesmente prometeu realizar tal ação quando morássemos juntos. Quando? E não "se"?
Talvez fosse minha culpa cair na lábia, talvez fosse só lábia, só pra me conquistar e eu cair que nem patinho. Eu caí, mas não foi na lábia, não, caro leitor, ainda não temos o veredito do meu amor. Vamos avançando e descobrindo juntos, certo?
Retomando o capítulo passado, refleti o começo, sim? Começo esse que não sei, que talvez nem exista. Portanto, analise por si mesmo. Em umas noites pensei sim nele, como sua boca era linda, como parecia apetitosa, como podia estar perto da minha. Não mais que isso? Pensei sim em ver, conversar e abraçar. Pensei nele como um amigo, parte da família e um menino muito bonito cuja boca me mantivera sonhando.
Pensei alguma vezes só, pensava até em mandar mensagem, não fiz, tive vergonha. Não quis, não fiz, pensei! Tive a minha crise de ciúmes, tive minha segunda crise de ciúmes. Porém, mesmo enciumada, mesmo transtornada de raiva por ele, não admiti o que sentia. Foi então que em algum dia teve a primeira vez.
Primeira vez que pensei nele antes de uma sucessão de pensamentos contínuos e intermináveis até o dia em que escrevo isto, primeira vez que o provei adequadamente e não só sua raiva e gentileza, primeira vez que brigamos e discordamos até tornar isso nosso, primeira vez de muitos abraços em meio ao meu choro, primeira vez de "eu te amo" ser proferido por nós, primeira vez da saudade e da enorme vontade de estar com ele, primeira vez que dormir sem ele tornou-se a tarefa mais difícil para alguém que passou a vida toda sem, primeira vez que sua boca mantém o riso, o sorriso, as palavras de escárnio, as palavras amorosas e as palavras inteligentes que eu quero ter pelo resto da vida e a primeira vez que eu percebi isso.
Ao passar o ano desde nosso primeiro beijo fui me desesperando, me desesperando e acalmando a medida do tempo. Entretanto, foi desesperador a ideia de ter se deixado levar, ter feito o que algum dia prometi a mim mesma não fazer. E desespero por entender o que entendo agora. Foi despertador pra mim como uma menininha aprendendo sobre a vida ver a vontade de ter perto, a vontade de amar e ser amada, e foi ainda mais desesperador não saber se era correspondida.
Veja só, eu sei como somos, nossa dinâmica, nossos momentos. Eu queria era saber os sentimentos dele por mim, não que mudassem os meus, mas sem saber eu mantenho esperança, não tão forte mas mantenho. Sei exatamente como funcionamos, porém a minha dúvida é se tem tanto desejo quanto eu tenho. E sabem como tenho desejo?
Tenho desejo dos lábios não tão carnudos assim mas desejáveis, uma cor rosada escura tipo um carmim dois tons mais claros, um movimento expressivo de sorriso de canto, um biquinho convidativo e fofo e um beicinho cuja proporção de fofura me faz gritar!
Tenho desejo é de entender quando começou de verdade para fazer parar, parar isso que sinto há mais de um ano em intensa escala, mas não sei a origem do agravamento. Sei que o amo como familia há tempos, contei isso anteriormente, queria saber o agravamento desse amor. Será que estava certa? Quando o provasse iria querer mais? Quando o sentisse iria sentir mais?
Certa ou não, eu sinto mais, sinto muito mais e sinto o tempo todo, de todos os jeitos eu sinto. E de todos os jeitos eu sinto intensamente, talvez como jamais senti? Sentirei? Não sei dizer, só sei dizer que de tanto escrever sobre "primeira vez que" eu decidi me redimi e admitir, talvez seja ele sim meu primeiro e talvez venham muitos outros, ou talvez eu seja muito mais reclusa do que pareço e ele seja meu primeiro e mais intenso. Meu primeiro e único? Acho difícil. Eu posso amar novamente. Portanto, meu primeiro certamente e obviamente, meu mais intenso? Impossível de dizer.
Espero já ter dado pra entender que é mais intenso do que parece, espero ter especificado a intensidade quando disse de sempre pensar, acham mentira? Pois me veja algum outro pensamento que em algum momento não acabe nele e conversamos!
Já disse que ao acordar, adormecer, banhar, brigar, chorar, até mesmo defecar, vem na minha cabeça pensamentos que envolvam ele. Quase como se ele e a boca carmim -2 tons perfeita dele tivessem alugado um quarto na minha cabeça, mas eu gosto de pensar que foram mais de um. Gosto de separar meus sentimentos e pensamentos por ele em cada quarto, as portinhas abertas girando em um enorme prato giratório de centro de mesa esperando pra ser escolhida e visualizada por mim.
Talvez seja assim que meus primeiros pensamentos sobre ele dispuseram-se na minha mente, como quartos montados em uma maquete da base de prato giratório, com a portas abertas que eu imploro pra fechar. Talvez assim seja a minha posse sobre ele, talvez ele seja meu, afinal de tudo!
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Amor, café e outras drogas...
RomanceSabe quando um elemento químico é tão perfeito ao ponto de já ter os oito elétrons na camada de valência? Então, é o caso de Neônio, um gás nobre utilizado como apelido para a pessoa da qual existência na minha vida causou uma injeção forte de ocito...