Devo iniciar este capítulo desculpando-me pela enorme quantidade de maldizeres futuramente proferidos, porém, asseguro a todos que são necessários e indispensáveis para retratar meus sentimentos quanto aquele de lá. Não mais meu primeiro amor e sim aquele de lá!
Eu disse sobre minhas estranhezas? Pois bem, guarde a informação para este capítulo e esteja aberto a conhecer um lado um tanto quanto sombrio sem recriminar. Trago então a informação da sensibilidade da gengiva daquele lá, tão sensível que fui capaz de provar seu sangue durante um beijo. Seja o leitor da área científica agora horrorizado pelas ISTs, asseguro então um fator importante: SOMOS SAUDÁVEIS QUANTO A ISSO, SOU TAMBÉM DE ÁREA CIENTÍFICA E NÃO PERMITIRIA NADA SEM ANTES A CERTEZA DE ESTAR LIVRE DE QUALQUER INFECÇÃO!
Pois bem, provei seu sangue, mais de uma vez e todas espontâneas, provei seu gosto em tanto jeitos quanto possíveis e todos me sinto honrada por tal. Entretanto eu julgo seu sabor um sabor terrivelmente delicioso e viciante, acredito ter provado o sangue de um inccubus, quem conhece este nome, entende do que falo. Entende tão bem quanto riu ou se espantou, espantado pela minha juventude viciada em uma só pessoa ou divertido por minha juventude viciada em uma só pessoa? descrevo-lhe o inccubus experimentado.
Dividimos então em quatro e digo-lhe o sabor, a sua imaginação eu deixo pra adivinhar qual substância provada tem cada gosto, peço também aos meus familiares para fecharem o livro, deixar meus segredos em paz ou continuar e tomarem trauma do meu conhecimento de sabores!
O primeiro sabor traz seja lá qual for o gosto momentâneo, quase nunca é sozinho e sempre traz um açúcar ou um tempero diferente para meu paladar tomar junto com o mesmo açúcar já antes no mesmo; O segundo sabor acredito ter sido doce a salgado ao mesmo tempo, tão pouco fui capaz de ter muito, o mínimo foi o suficiente para eu ter como gosto favorito, o gosto mais adorável para se desfrutar; O terceiro sabor me trouxe pouco ferro a boca e mais uma sensação de ligação, entende? Um suco diferente e tão bom, capaz de não me impedir de provar cada vez mais, capaz de trazer o ecstasy de estar com aquele de lá, de sentir aquele de lá, dura tão pouco até o mesmo perceber e parar o compartilhamento; Então temos por fim o quarto e último sabor inccubus, este sabor também diferente e traz consigo o condimento presente também em meu paladar, varia e é tão bom que chega me invade de seretonina, age como um delicioso antidepressivo trazendo conexão e intimidade com quem me invade a mente durante todo o dia.
São esses os quatro sabores viciantes pra mim, nem o álcool surte tanto efeito, nem a nicotina me prende desse jeito. Portanto, se existe grupo de apoio para viciados em sabores humanos, eu me inscrevo!
Perdão se causei confusão, sim? Deve estar perguntando-se qual a relação entre os sabores para com a minha indiferença de não mais chamá-lo de "ele". Eu digo: minha raiva!
Raiva? Mas eu o amo. É isso sim, raiva. Raiva tanta essa invadindo meus pensamentos com seus sabores, invadindo meu paladar de memórias. Ah sim porque o cérebro, caso não tenham te dito, é totalmente capaz de lembrar sabores e texturas ou até mesmo imaginar sem nem antes provar. Logo, raiva por essas lembranças e raiva por ter em minhas mãos agora mesmo enquanto escrevo, um pingente cheio de saliva e sangue DELE, faz tempo que esses componentes estão aqui no vidrinho e mesmo nojentos e mal vistos eu tenho uma lembrança concreta dos meus sabores inccubus.
Bom expressar indignação por distância, distância impedindo-me de provar mais uma vez ou quantas vezes eu preferir do meu vício. Maldito, eu grito, maldito seja o dono dessas substâncias, maldito esteja em minha boca enquanto bendito é seu sangue também em minha boca. Covarde por não ser tão evidente, quanto a enzima amilase em sua saliva, ao expressar como se sente diante nossas conexões, covarde por se esconder no rubor, no suor e no líquido viscoso saboroso e vermelho quanto ao que aquele filho de uma mãe maravilhosa chama de "complicado".
Ah sim sim, ele nos chama de complicado. Ou pior, a piranha cuja promessa de me amar um dia foi mentira ou real, não sei, ME CHAMA DE COMPLICADA. E, meu amigo leitor, a não ser que indique a música "Mulher de fases" dos Raimundos para mim, não ouse me chamar de complicada. Não quanto ao idiota referido no livro, quanto a ele eu sempre fui clara, eu sempre fui óbvia e somente este caralho de asas não percebe as minhas verdadeiras intenções.
É para expor com sangue? É para gritar tão alto que eu cuspa? É para tatuar? Entenda de uma vez, eu o amo e eu sou viciada em cada detalhe, gosto e defeito que por sinal, ele tem em considerável quantidade. Eu sou completamente entregue ao açúcar, ao salgado, a qualquer que seja o condimento pra mim expelido, eu só quero ter seus condimentos para sempre meus e somente meus.
"E não, não estou podendo admitir suas brincadeira comigo. Você me ama? Você alguma vez me amou ou realmente prometeu cuidar de mim? Alguma vez fui importante pra ti?" Sim, são essas porras de perguntas que surgem até tão tarde da noite, ou tão claro no dia. Não tem hora, nem lugar, essas perguntas, essas malditas perguntas estão em minha cabeça direto. Sinto que alguma vez eu tive a reposta, ou ao menos estive com quem sabia das respostas, todavia não posso arrancá-las desta pessoa, deste amigo cheio de repostas para as minhas maiores dúvidas.
E em algum momento parei de procurar e de me importar, porque para mim já bastava ter vivido, ter sentido e ter provado a porra daqueles sabores maravilhosos sentidos agora mesmo na minha boca. Sinto agora mesmo o doce, o salgado, o ferro, o refrigerante "flexa cola" alguma vez tomado e compartilhado, sinto agora mesmo os meus maiores vícios e sinto também a raiva de não ter respostas.
Queria poder largar meu amor de lado, simplesmente esquecer a importância dele pra mim, lembro também a grandeza dessa importância, meu sabor favorito, meu primeiro qualquer coisa e minha maior vontade e desejo!
Queria poder não ter ódio, pois o ódio sentido não é da não reciprocidade, é da não certeza. Lembro agora que o imbecil em forma de Deus grego deve saber sim dos meus sentimentos por ele, já que a pessoa das respostas dita a dois parágrafos atrás me disse saber de tanta coisa, e parecia saber desde o início do meu amor pelo puto a quem eu escrevo uma caralha de um livro sobre!
Eu odeio não aquele de lá, mas também aquele de lá. Odeio mais a mim mesma por ter me entregado sabendo que ia Amar, sabendo que ia viciar, sabendo que ia querer mais e mais. Eu o odeio por ser tão perfeito e defeituoso, por ter me entregado tantos sabores e emoções para experimentar, o odeio por neste exato momento estar me ignorando ou simplesmente não querendo falar comigo e quando volta a falar vem parecendo que sou a pessoas mais importante da vida dele.
O odeio por me chamar de complicada, de me chamar de complicação e não se decidir sobre mim, ou aparecer não se decidir. Ou talvez ele já tenha se decidido e eu que não aceitei a decisão. Por isso eu me odeio por talvez não aceitar a complicação, ou talvez não aceitar a decisão dele sendo que a pessoas mais preocupada em dar decisões a ele, em dar importância pra ele, sou eu! Me odeio por amá-lo sabendo que não posso, me odeio por não entender quem eu chamo de complicação e eu odeio que eu o chame assim também. E eu o odeio por um dia ele me dizer que nós já sabemos o que somos e no outro ele me dizer que não sabe, o odeio por simplesmente não saber o que somos e esperar que eu saiba e que eu decida pois assim parece que é.
Eu o odeio por amá-lo tanto, tanto que sou viciada em amar ele com todo o sangue correndo pelas veias magníficas e pela saliva digerindo amido pela sua linda boquinha que combina tão bem com a minha! Eu o odeio tanto que prefiro chamar de ódio do que amor, eu o odeio tanto que eu prefiro ficar irritada com aquele corpo deliciosamente esculpido do que ficar babando exageradamente de vontade de senti-lo mais uma vez. Eu o odeio tanto que foi assim, o odiando, que eu finalmente descobri e admiti (internamente) que na verdade eu o amo mais do que deveria!
Ah sim, eu o amo, eu o odeio, eu o quero, eu o desprezo. Ah sim, eu desejo misturar nossas substâncias em açúcares e um vermelho tão vivo quanto eu vou me sentir e fazê-lo sentir também. Ah sim, eu quero ter cravado em mim o vulgo a quem sou devota, eu quero sangrar por entre meu ódio, vício e devoção, eu quero experimentar cada vez mais tudo nele, tudo com ele. Ah sim, eu o desejo com paixão e violência, com raiva e uma clemência divina, repulsa e importância.
Não só carrego essa nojenta mistura em um vidrinho por referência ao halloween (entenda que outubro é mês sagrado para emos e góticos, como eu sou os dois eu celebro o mês todinho de "spooky season"), mas também por conter as minhas substâncias favoritas da pessoa que eu mais desgosto por gostar.
Retorno minha indiferença para com aquele de lá, não mais "ele" e sim "aquele de lá". Não quero mais ter um "ele", não quero mais pensar "nele" sem que ao menos me digam um nome! Sempre que me dizem "aquela pessoa" ou "saudades delx" com intuito da minha mente referir-se ao meu "ele", enlouqueço por isso, me irrito por isso, a internet e seus propósitos de tirarem informações da gente, de nos forçarem a serem apaixonadas por alguém. Mal sabem eles que não sou apaixonada, eu o amo, paixão é muito passageira pra me referir ao meu "ele" assim!
Então, não mais tenho um "ele", já que a este ponto já discutimos a minha posse para com aquele filho da puta, não é? Tenho um novo nome para esta deliciosa confusão: Neônio!
Por que esse gás nobre vai representá-lo? Pois estou afim oras! E também por ter massa atômica equivalente à vinte e número atômico equivalente à dez, assim temos os números dez e vinte como uma razão, que razão? A razão de metade dos meus pensamentos serem ele e a razão dos meus sentimentos por ele serem dobrados. A metade de vinte é dez e o dobro de dez é vinte! Ainda acha que é coincidência eu amá-lo? Ou acha que foi um acaso todo planejado desde meu nascimento até os dias atuais? Acha então que Neônio com todas as suas propriedades é meu de vez ou acha que o sangue uma vez provado por mim só me fez enlouquecer e querer ter todo os sinais do mundo pra continuar amando ele?
Já disse que não foi minha culpa amá-lo, já disse que não pude evitar, mesmo tentando, não evitei. Não inventei histórias, não machuquei a gengiva de Neônio propositalmente para prova-lo desse jeito, tampouco inventei o apelido com direito a atentas coincidências na tabela periódica, sou mais nova que ele e que a tabela com este elemento em específico nela!
Não invento, só conto, só me estresso, só expresso. Prometi veracidade, aqui tem a verdade, acredite ou não, eu o amo e odeio e encontro todo tipo de "significado no universo" para estarmos juntos sem nem procurar. Mas que porra de vida é essa que eu tenho de amar alguém assim? Me explica por quê caralhos eu não poderia passar por todos os perrengues da vida sem amar uma única vez? Não entendo e acho que nem pretendo, só de saborear uma única vez já foi meu entendimento perigoso!
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Amor, café e outras drogas...
RomanceSabe quando um elemento químico é tão perfeito ao ponto de já ter os oito elétrons na camada de valência? Então, é o caso de Neônio, um gás nobre utilizado como apelido para a pessoa da qual existência na minha vida causou uma injeção forte de ocito...