10-Da carne faço banquete.

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   Por muito foi o tempo ao qual senti ser apenas uma vontade enorme de ter o corpo dele, pensei ser apenas a beleza dele atiçando meus hormônios e me fazendo acreditar amar. Mas como pode tal beleza ser tão estupenda ao ponto de me fazer crer que amo? Não seria tanta assim, todavia, não me desfaço da óbvia formosura de Neônio.
Não era simples, não era também algo de outro mundo, era só o mais magnífico dos magníficos. Trazia consigo sensualidade e ardor, tanto quanto seriedade e um ar superior, tanto quanto fofura e bobagens. Tinha beleza por todas as fases de sua vida, desde um bebê gordinho, uma criança travessa, um pré adolescente avançado pra um adolescente quase homem muito bem trabalhado.
Neônio deixou-me encantada de cara lisinha como pele de bebê e de cara fechada e barbada tão bem desenhada. Encontro-me quase sem ar visualizando suas fotos, com pose, cara de mau, ou sorrindo com a família, divertido com os amigos, sem camisa após uma corrida, muito bem vestido para uma festa formal, muito bem disposto sobre a câmera ou trazendo um biquinho pra fazer graça comigo.
Encontro-me paralisada presenciando o sorriso de canto, sua cara de estranhamento toda vez que eu me comporto esquisito, sua cara de dúvida também me derrete, assim quando eu o assisto tirar a camisa, ou me explicar algo, ou falar empolgado de algum assunto de seu gosto. É pra de brilhar meus olhos cinza-esverdeados quase azuis quando a imagem daquele menino de toalha na cintura passa por mim, ou só de calça jeans, ou arrumado pra sair, ou de pijaminha, ele de pijaminha todo sonolento me faz a maior graça.
É arrepiante sua voz também, baixa dependendo do horário ou assunto, alta e autoritária protagonizando uma discussão, ah sim ele brigando, não há cena mais energizante do que presencia-lo irritado, posicionando-se e brigando, não fisicamente, só o verbal já faz-se o suficiente pra eu me embebedar totalmente dos seus detalhes.
Tampouco falamos dos seus detalhes, tivemos seus cabelos, olhos, boca, braços, e falei em algum ponto das mãos. Temos então suas feições pra este capítulo, ah pois bem, às feições.
Testa franzida e boca de canto, assim se faz o olhar de estranhamento, esta é a razão do meu risinho bobo. A lembrança de todas as vezes desta expressão lançada pra mim me faz a mais abobada de todos os abobados, tampouco incomoda o estranhamento, ele também é estranho, tem tantos desses episódios quanto eu, marcados por minhas sobrancelhas erguidas e logo em seguida franzidas com meus lábios em beicinho pra mostrar indiferença em tal situação, seguidos do mais delicioso coro de risadas.
Atraída sou pela piscadela e sorriso de canto, ah pois ele sabe como fazer minhas pernas falharem. É tão natural qualquer piscadela ser um colapso mas acompanhados do sorriso de canto em um ato puramente de ser atraente, este sim é capaz de me desconfigurar, dar pane no meu sistema.
Beicinho pra lá e pra cá parecendo uma criança manhosa, assim ele me ganha na fofura, seria capaz de plantar batatas, cultivar até elas amadurecerem e então colhê-las, processa-las e então fritar as batatas e finalizar com calda de chocolate, teria todo esse trabalho só de receber aquele beicinho apontado pra mim. O ato mais fofo possível!
Olhar firme, maxilar travado, é eu costumo me apaixonar mais e mais nessa feição. Ele bravo comigo, brigando comigo, não sou de dar bobeira e perder a postura, firmo o rosto e prontifico meus argumentos, não abaixo a cabeça pra ninguém e não faria isso por ele, e mesmo irritada e muito perto de partir para uma agressão cuja chance de sair ilesa é mínima, eu ainda associo aquela formosura irritada como a cena mais excitante possível.
Fora os biquinhos, os olhos semicerrados, a sobrancelha erguida, tudo isso em caretas pra fazer graça, sendo bobo como a grande criança que ele é. Seja olhando pra mim no fundo do meu cerne ou instigando cada parte minha a beija-lo fervorosamente, são esses os movimentos faciais me intrigando, me apaixonando, invadindo sensações por todo sistema nervoso, fazendo cada respirar dificulto, transformando lindas imagens dele deitado em meu peito recebendo meu cafuné e afagos em tórridas imagens dele segurando minha cintura firmemente recebendo meu corpo contra o dele repetida vezes, sendo meu por poucos segundos, que sejam então essas as feições o fazendo meu...
É lembrar daquele rosto antes, durante e depois de cada ato de êxtase que me faço fraca das pernas. Ah sim, puro êxtase é onde mergulhamos juntos, é como nos encontramos nesses auges juvenis, eu disse ele ser meu primeiro muitas coisas, pois foi ele o meu primeiro e melhor êxtase, foi ele quem me mostrou como é respirar pesado e é com ele as minhas piores respirações.
O sensacional do sensacional, o fenomenal do fenomenal! Mesmo não tendo tudo, mesmo não indo até o finalmente da coisa, essas experiências, esses momentos, são esses os repetidos na minha mente toda vez que eu tenho uma calma ou uma reflexão. Com o prato principal nunca servido, eu já tive uns descobrimentos e umas experiências pra lá de tirar a postura séria e bem recatada do rosto.
Diferenciadas, repentinas, aprimoradas, de tudo teve esses momentinhos vividos. Nada romântico, nada de flores, porém, com seu toque de fofura e comédia, e como tem comédia, conversa aleatória, novas tentativas, falta de vergonha, as vezes até brigas, tem de tudo, e muito, e pouco, e tanto.
Anormal assim se faz tudo envolvendo a gente, anormal se fez da intimidade física e apaixonante uma, duas, algumas vezes tida. E a expressão dele pra mim, como ele me tem nas mãos e totalmente pra ele, só dele, devota a ele nessas situações, essa expressão sim se faz a minha favorita. Nada mais consiste em um olhar demonstrando o meu maior desejo descrito no livro, a total ciência dele que eu, a autora desses parágrafos e protagonista dessas histórias, sou dele e de mais ninguém, estou entregue pra ele e pra mais ninguém, olho daquele jeito devoto e pidão pra ele e mais ninguém!
É de fato um dos maiores momentos a se viver, quando tudo de se ter junto é compactado em apenas algumas horinhas de privacidade e temos tudo mesmo assim. Sem reclusas e pudor. Talvez por isso eu seja tão mimada por ele, pois é da minha natureza conversar no meio de uma intimidade privada e ele se faz tagarela tanto quanto eu juntinho assim, sem as vezes uma peça de meu pijama ou do dele, entre um beijo e outro, uma arfada e outra, sempre segue um assunto de tema totalmente contraditório da situação.
E se o assunto for de mesmo tema? Se o assunto for sobre esta ocasião então é melhor ainda, abertamente é conversado nossos gostos e preferências, nossos desejos e sonhos pra tal, nossas imaginações e tudo o mais. Como antes dito, sem reclusa e pudor, é sempre sem reclusas e pudor. Neônio pecou ao me dar o gosto da proximidade e hoje deve-se fazer disposto a conversar sobre assuntos considerados até descartáveis, mas não são descartáveis, nada é. Tudo acaba virando uma grande conversa entre a gente, tudo é exposto um ao outro, isso é a melhor forma de se ter amizade, se ter amor.
E talvez, somente um enorme TALVEZ (caso não esteja clarividente essa patife nuance minha), esse seja uma dos motivos da minha atração, atração não, eu sou atraída por outros obviamente, da minha disposição energética de deitar-me, ou deleitar-me de experiências libidinosas, somente com Neônio. Explicar-me-ei melhor. É de suma importância a proximidade, confiança, intimidade e segurança em uma certa relação existente em uma certa sigla presente dentro de uma comunidade regida por um certo acrônimo, este acrônimo já foi explicado como meu peculiar gosto compartilhado com ele no capítulo 4, gosto peculiar este que só deveríamos praticar aos 18 anos, mas somos apressadinhos. Pois bem, voltemos a explicação.
    Neste acrônimo se faz necessário esses fundamentos para uma boa relação funcionar dentro dele, ao descobrir com 14 anos esse tanto de letra, sigla, comunidade e seus componentes, me fiz entendida de boa parte do meu comportamento mostrado anterior à esse ano, portanto, é da minha personalidade passar a ter mais vontade, disposição, atração e desejo por quem eu tenho confiança e proximidade. A pessoa próxima de confiança da minha vida foi ninguém menos que Neônio, então, explícito aos leigos, Neônio é por quem eu sinto uma grande e única vontade energia libidinosa. Não se faz, obviamente por hormônios da idade e todos os afins, o único atrativo da minha vida, porém, é o único com quem eu teria coragem e conforto pra tais atos!
   Não digo aqui aquela tal de Demissexualiadade, digo somente a minha monogâmica energia libidinosa! É somente fruto da grande mimada que me fiz, toda essa bobagem e especialidade de ter Neônio como único parceiro para mais que só uns beijinhos inocentes. Os jovens devem estar achando hilário e chamando de paixonite, já os mais velhos devem estar ou me parabenizando por ser reclusa ou me condenando por ser apenas uma jovem metida a autoanálise da paixão.
   Repito então: acredite se quiser que amo e amarei até o meu fim este menino, não acredito na finitude da importância dele pra mim e se isso algum dia acontecer eu mesma venho aqui me desculpar ou queimo os exemplares dessas palavras, todavia, explícito ter consciência de que algum dia eu possa amar outro desse mesmo jeito e mesmo que ame, ainda amarei este não com a mesma intensidade portanto com a mesma importância e carinho, ora pois eu devo gritar novamente sobre a minha grande vontade de tê-lo antes de tudo como amigo?
   Amigo este que por diversas vezes estive em contato da carne e com esta frase horrenda eu peço encarecidamente (mais uma vez) a qualquer familiar meu ou adulto participante da minha criação (aqueles amigos da família que viraram família), para por favor pular o próximo  ou fechar permanentemente está leitura. Os assuntos por vir serão, de fato, bem mais a flor da pele!

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