20-Fiz berço.

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   Ah como ainda quero embebedar-me naquela risada, manter a sua voz e seu carinho bruto comigo. Entrelaçar nossos corpos pode ser um sonho a ser consumado, em contrapartida, ter nossas ideias entrelaçadas tinha melhor efeito em todo o meu sistema nervoso.
Por mais sedenta pelo toque dele eu esteja, ainda são as conversas e os momentos juntos que viciam a minha mente. Faço dele meu entorpecente tal qual a leitura, ao mergulhar em qualquer um desses dois faço-me abstraída do mundo ao redor, nada mais me importa desde que eu esteja aproveitando a companhia de umas boas letras ou a péssima personalidade dele. É no humor duvidoso e nos conhecimentos aprofundados sobre assuntos diversificados, é no gosto musical e nas habilidades com gambiarras, é na fome incessante e na raiva acumulada, é em cada detalhe que tenho-me acolhida, acalentada.
Tomo conhecimento desse meu cansativo discurso, já está superestimado toda essa minha admiração por cada minúscula nuance, contudo, preciso ter esclarecido a quantidade de seretonina produzida em mim na presença dele com toda capacidade de arrumar uma briga por nada. Foi na determinação dele, na animação dele para me contar algo ou no descontentamento com seja lá qual for o assunto do qual Neônio tem-se aborrecido, são nas pequenas causas compradas ou a cada música vibrante pra ele, cada série que o force a maratonar ou seja até filme mesmo trazendo emoções diferentes, seja qual for o sentimento demonstrado, eu me encontro confortável e de forças restauradas prestes a dominar o mundo só de estar presente nessas particularidades.
A mudança de voz me enlouquece, quando fina e estridente de tanta animação ou quando engrossa de raiva para impor algo dentro de casa. A gesticulação agitada ao compartilhar um assunto de total interesse ou para mostrar algo de tanto gosto, são esses detalhes, esses pequenos detalhes fizeram-me feliz e confortável tal qual um bebê aninhado no colo de seu responsável expressando um pequenino sorriso nos lábios adormecidos. Sinto-me interinamente acolhida só de estar perto, só por poder respirar o oxigênio do mesmo local, só de ter participação nas cenas retratadas, só por poder coexistir! Sinto-me em um tremendo lisonjeio por receber o carinho, receber importância para ele.
Sou importante! Assim como ele é um dos seres vivos mais importantes na minha vida, Neônio preocupa-se comigo da mesma forma ou em tal forma realmente considerável. Aquelas palavras trouxeram a paz que tanto buscava pois no final de tudo eu só queria saber se tinha para ele algum significado que fosse, porque ele tem um tanto de significado pra mim.
    Não resumo ao amor, deixemos esse tópico de lado, digo por títulos atribuídos naquelas datas importantes, meu primeiro várias coisas, amigo de longa data praticamente família, ser vivo existente na minha insignificância sendo muito marcante, tal marcação conhecida como uma das minhas maiores preocupações, se está feliz, se está aproveitando como pode aproveitar, se em algum futuro próximo viverá como sempre quis viver, se o sonho se realizará.  Precisando de mim, precisando desabafar, precisando de cuidados, estou disposta a grandes deslocamentos por tal. Estimo o conforto daquele garoto como estimo a minha própria felicidade, a saúde também faz-se importante tópico de preocupação, a saúde mental então nem preciso comentar, preocupo-me como zelo por meu priminho 3 anos mais novo cuja consideração faz-se como um filho pra mim (mesmo tendo total discernimento de não ser), é minha família, é parte de mim, mesmo não sendo meu sangue é minha natureza querer proteger aqueles que... aqueles que... bom, aqueles que amo.
    Ao fim de tudo volta-se para o amor, não necessariamente o romântico, porém o terno. A tal ternura na qual encontrei tanta paz, sou muito a favor de estar encaixada em um colo, podendo só relaxar e curtir cafunés, em contrapartida tenho gosto por ter alguém encaixado no meu colo, recebendo minha proteção, meus cafunés e foi em tal ternura na qual encontrei tanta vontade de ter Neônio encaixado no meu colo por diversas vezes e proferir meu carinho fisicamente. Por estes momentos sou levada a querer mais e mais da presença dele, sinto-me tão protegida com aquele de lá a todo tempo que quero poder proteger também em alguma parte do nosso tão limitado tempo juntos.
     Ao fim de tudo volta-se para o amor, o amor confortável no qual me sinto tão acolhida, tão eu mesma, tão fácil de me expor, sem medo, sem amarras, me joguei nessa amizade e é assim a minha condução. Aproveito minha juventude nele, procuro ter minhas perdições em casa e qual melhor casa do que aquela verdadeiramente aberta para você?
     Um verdadeiro bebê aninhado no colo de seus responsáveis, ignorante dos males ao redor, ingênuo das dores porque seu mundo todo está resumido aquele colo no qual se encontra balbuciando risadinhas e mexendo as mãozinhas.
   Escrevo um capítulo inteiro para tentar explicar o quão gostoso é a sensação de estar perto de pessoas cuja personalidade une-se a sua em um misto de liberdade e prazer, trazendo o gel de arnica para a dor na sua coluna, é isso, serei frívola, como você, queridíssimo leitor, irá entender meu ponto se eu continuar a escrever essas metáforas exibidas? Ao fim, Neônio é o gel de arnica para a minha dor na coluna, uma das poucas pessoas que me dá a liberdade de ser eu mesma involuntariamente.
   O cheiro daquele quase homem já é o suficiente para inebriar minhas ideias e me ter deitada na rede como uma baiana (perdoe o estereótipo xenofóbico), descansada como se tivesse acordado de uma hibernação. Só um toque, um bendito toque e estou entregue a seja qual for a vontade dele.
   É de se admirar, a amizade dele é de mais impacto que qualquer outro aspecto, entenda tal amor então como amigo se for o caso, o amor incondicional de tanto falado por aqui é o amor amigo, não vai acabar nem com a vida de cada um seguindo caminhos diferentes e o amor romântico é um problema a pouco ser resolvido, talvez um dia ele entenda isso mas também, minha explicação foi pior que a falta de ar sentida por mim horas antes daquela maldita (e bendita ao mesmo tempo) conversa.
Acontece o seguinte comigo: eu me sinto tão em casa, tão familiarizada com aquele corpo, e aquele corpo mais parece ser uma extensão do meu de tanto eu conhecê-lo, a ponto de as vezes me sentir nervosa demais por estar ali, quase como se não fosse merecedora de toda esse conforto.
E é tão bom poder sentir as coisas sentidas por mim toda vez perto dele, sentir como se fosse tão natural a nossa proximidade porque foi assim, de repente e natural, a proximidade só veio. Não forçamos e não cobramos nada um do outro, nunca mesmo para falar a verdade, sempre foi espontâneo e fácil de se conseguir qualquer assunto dentro dos nossos papos e dúvidas. Tinha de ser, parecia, tinha tanto de ser que estava quase me tornando uma crédula de frívolos assuntos advindo dessas forças expontâneas, tão expontâneas que a única força realmente exercida e tentada ao máximo foi o de separação, por cada um no seu canto, o resultado foi tipo o gravitacional pois no final de tudo estávamos juntos um do outro mais uma vez!
Talvez (olha fazia tempo desde o último talvez) seja assim, não importando as circunstância e a amizade firmada entre a gente, voltaremos de encontro um do outro mais cedo ou mais tarde, algo para se despreocupar já me conhecendo e tendo a idea do quão sentimental e nostálgica eu gosto de me sentir, eu sempre voltarei para casa ou qualquer seja o lugar chamado de casa e nesse caso aplica-se ao encaixe no corpo dele, no cheiro dele e nas manias dele.
Pouco me importa se ele demora para me responder, tempo é relativo e eu sei que ele voltará mandando mensagem porque ele também volta pra casa, mais tarde do que eu mas ele volta, se eu tenho hora pra chegar e essa hora é no anoitecer, a hora dele é quase madrugada. Estaremos de volta de qualquer jeito, não sei se ele se sente tão em casa e tão a vontade quanto eu mas sim, pode me fazer de berço o quanto eu te faço pois nossa intimidade é inexplicavelmente a coisa complicada mais maravilhosa da minha vida, e o que me deixa com tesão na vida é isso, essas aleatoriedades inexplicáveis que se tornaram tão marcantes em minha vida, marcantes a ponto de cederem um livro!

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