15-Um café com leite e filosofia, por favor.

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    Em justiça da minha vontade ao escrever este livro foi feita a minha reflexão de querer não só um livro com meus sentimentos claros como as águas de Arraial do Cabo como também que fossem dispostos em conversa. Por isso, queridíssimo leitor, eu escrevo parecendo mais uma história dita em uma tarde calma disposta de um lindo pôr-do-Sol, uma brisa suave e, de praxe em qualquer boa conversa de fim de tarde, uma garrafa de café quentinho e saboroso. É assim a minha disposição do livro, use a imaginação para ver o seguinte: Você e eu, iniciando uma amizade, resolvemos tomar um café em um entardecer e trocar uma prosa, entramos em uma questão sobre vidas e amores, começo então a história esta contada desde o prólogo, fazendo análises, contando em datas e mostrando as conversas, assim seguimos o rumo dessa minha linda obra mais proveniente da minha vida do que criação própria.
    Tive o deleite de tal conversa uma vez, sem café e também está marcado há alguns meses um café filosófico com aquele mesmo amigo cujas respostas de minhas questões existem, talvez, em suas mãos. Para este café está marcado os nossos conhecimentos sentimentais e de vida, os significados de tudo para a gente e eu já tenho pré adiantado um discurso pois sobre o amor, montado pura e porcamente advinda dos conselhos passados por mim à amigas em necessidade de uma palavra ou outra sobre esse sentimento tão afrontoso.
     A cada capítulo gravado, a cada parágrafo escrito, tenho cada vez mais certeza de como funciona o amor no meu sistema, a visão desse sentimento para mim em relação ao resto do mundo, tanto em conversas também, trouxe minhas reflexões adiantes o tema e pude perceber mais e mais detalhes sobre essa individualidade conhecida por um consenso geral. Passo então a entender o amor como um diferente de cada um, cada qual com seu jeitinho de demonstrar, de sentir e de classificar o amor, em cada cerne tem uma definição própria e foi nesse acaso descoberto o meu impulso do que tem em suas mãos.
   Para mim, o sentimento discutido é algo forte e sem igual, quando encontrado é nítido, sem mentiras, sem pisar em ovos, sem muros e sem aparências distorcidas, sou eu própria em contrapartida de uma outra própria pessoa, ambos sendo os mais fiéis a nossa personalidade possível, sem necessidade de uma mudança aqui e ali, sem receio de esconder certos aspectos e sem razão para calcular bem as palavras.
    Tenho os defeitos das pessoas como parte delas e se essas partes me desanimam então eu não amo, não posso amar alguém só por parcialidades, tenho que amar um inteiro, sem migalhas a solta. Repreendo meus amigos de mudarem por qualquer outra pessoa que não eles mesmos, repreendo a modificação de suas naturezas. Pois para mim é visto cada detalhe como eles mesmos e eu não mudaria nada naqueles cujo amor fiz meu.
    Portanto, comecei a entregar os tais fatos dessa lírica amorosa, passei a por onde qualquer um pudesse ter uma opinião e uma parte do assunto. Tendo essa narrativa sendo lida pode especular um certo desespero do julgamento, afinal, como pode alguém amar outro mesmo não sabendo em certeza da reciprocidade ou da procedência das atitudes do outro? Eu amo mesmo assim, e aceito qualquer seja o defeito entregue por ele, entendo várias especulações, entendo as erguidas de sobrancelha quando percebem meu nível de amor para alguém que tampouco tenho relacionamento fixo. Entendo cada opinião, pois em cada opinião tem uma visão amorosa diferente, em cada opinião tem uma expectativa para o amor diferente e por isso mesmo não me deixo a abalar ou desesperar pela indignação com a minha história, eu estou de acordo com a minha situação atual, aceito cada termo e risco.
    Veja o porquê, porque sou jovem, não vou me prender a nada e nem ninguém agora, nem tenho essa possibilidade, tenho mais pessoas para curtir e ele também. Neônio é jovem, tem de aproveitar cada patuscada, belisco e piscadela, não há de me jurar nenhum amor agora e não irei de jurar nada por agora. Darei tempo ao tempo, esperarei para ver, por enquanto, eu aceito quem me procura mesmo não estando a vontade de outros beliscos ou outros gostos que não aquele tão bem proveitoso pra mim, mesmo estando em preguiça desses flertes sem fundo e desses beijos sem graça, estou disposta? Sim. Estou a procura? Não.
   Deixemos Neônio em busca das bocas momentâneas, deixemos o proveito jovial. Não me importo, quer dizer, eu sinto, me encolho, mas não implico ou recrimino. Tenho consciência dessas ações, nada importantes para qualquer preocupação, tenho mais de me preocupar, mais para me importar. Eu o amo e queria poder estar filosofando aos quatro cantos sobre, queria estar tecendo elogios e entoando surtos na frente dele a cada fração  de suas qualidades, queria, não farei, não tenho tal direito, eu o amo mas nem por isso o amor me é prioridade na vida, eu o amo mas não farei futuro amando pessoas, farei estudando, farei trabalhando, trabalhando com o que amo mas não com QUEM amo.
    É fundamental amar, porém, retiro a prioridade sentimental para apenas permanecer a prioridade acadêmica. Deixo o amor para a hora do café, para uma viagem de ônibus longa com chuva batendo no vidro, descendo a serra escutando "The Smiths", deixo o sentimentalismo para a hora sentimental, em hora comercial é para ao longe pensar no primordial e para mim o primordial é viver sem arrependimentos, vivendo o agora e tendo o amanhã em prosperidade também.
    Deixo meus atos sentimentais para quando aperta a saudade ou para quando eu estou admirando o tão comentado imbecil tocando violão, assim é minha forma individual de amar. Só amar, por ser a pessoa, por combinar comigo e por não ter limites, amo o que é verdadeiro e o que não me dá preguiça, amo o que não tenho vontade de parar a conversa e mesmo assim não preciso conversar todo o tempo para amar, amo o que é enraizado nas minhas entranhas, entende meus conceitos e corresponde meus preceitos. Amo aqueles agarrados na minha vida como carrapicho e não sai por uns simples meses sem falar ou uma atitude fútil capaz de me entediar, amo a adrenalina, o misto de sensações e nenhum deles resume o tédio, o receio ou o vazio. Mesmo sem contato, mesmo sem conversa, mantém-se na minha vida a todo movimento, amo a constante (K) sem desconsiderar o atrito e pressão do ar, amo o semelhante por mais diferente que possa ser, só amo e tenho amor por quem quer que possa ser real consigo mesmo.
   Amo zelando a cada passo da pessoa, amo me preocupando com o futuro, passado e presente, amo cuidando e amo me permitindo ser cuidada, amo confiando das mais sórdidos histórias até as mais loucas ideias, amo querendo por perto estando longe e não criando caso com isso, amo de longe e amo mesmo assim, amo de perto e amo por está ali. Amo largando tudo na hora para ajudar a pessoa independente de qual seja a situação, amo implicando e amo desfrutando das risadas mais genuínas, surpresas e conformadas ao mesmo tempo. Só amo por ser a pessoa do jeitinho dela, sem por nem tirar, só amo curtindo o sentimento e tudo o que passou até aqui. Mesmo que acabe, a consideração, o tempo e a história não perderiam seu peso para mim, amo perpetuando as delícias passadas juntos e os pesadelos também.
   E agora, com a água escorrendo pelo vidro, amo a saudade e amo a futura experiência de deliciar-me com um cafezinho e por em voz toda essa minha visão dos sentimentos, assim como ouvir uma outra visão. Tal qual amei estar por uma semana ao lado da mais bela lua minha e andar de aliança para cima e para baixo até o dinheiro acabar, a série acabar, o filme acabar e a aliança torna-se costume, tal qual estou amando os detalhes da estrada de volta, em  futuro, passado ou presente, eu amo os detalhes dos simples aos complicados e todos eles me encantam desde que apresentados.
    Um café para falar em voz alta do sentimento é incrível tanto quanto comer um Falafel dentro de um pão sírio degustando cada mordida e aprovando junto de quem você tem sentimento. Seja qual for, eu sinto e não escondo, queria demonstrar mais com Neônio, mas ainda assim não escondo e nem por um segundo sequer me recluso a sentir quando ouço inconformadas pessoas com meu teor sentimental para com ele, pois são visões diferentes, eu desfruto o amor de hoje e ontem, tenho amor futuro e mesmo assim não espero uma resposta ou uma troca, amo por amar, eu comigo mesma e meus sentimentos, amo sem cobrar porque eu enxergo meu amor assim e tenho amor assim.

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