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"Passa o celular, veado, e a mochila também", disse asperamente o que estava armado, enquanto os outros dois se colocavam ao meu lado de maneira intimidadora.

Como eu estava sem reação, paralisado pelo medo, ele se aproximou e encostou a lâmina em meu pescoço. Senti a ponta metálica arranhar a carne.

"Não vou pedir de novo"

Eu não estava disposto a abrir mão dos meus pertences, não dessa forma, mas o que podia fazer? Eles estavam em três, eu estava sozinho e, ainda por cima, desarmado. 

"Não arrisque sua vida se um dia vier a ser abordado por ladrões", aconselharam meus pais quando se despediram de mim, logo que me mudei para essa cidade, onde os assaltos são frequentes.

"Entregue o que eles pedirem e siga o seu caminho. Bens  materiais podem ser comprados novamente, uma vida nova não". Eles estavam certos.

Fiz o que os assaltantes mandavam.

"E se abrir a boca para nos denunciar, o tempo vai fechar para você. Sabemos onde você mora", disse friamente, ainda com a lâmina encostada na minha pele.   

Seu rosto era pálido e possuía uma cicatriz entre as sobrancelhas. Os olhos eram azuis e mórbidos. Um forte odor de álcool e cigarro exalava de seu corpo. 

Na minha mochila não havia nada de muito valor, só caderno e canetas, mas o celular... Eu havia ganho no natal, um presente de meus avós. Era triste ter que me desfazer dele assim.

Senti uma forte pressão na barriga, um deles me esmurrava no estômago. Desabei.

Não conseguia respirar direito. Olhava ao redor em apelo, mas eles apenas riam e me ridicularizavam. 

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