Eu andava angustiado desde que soube dessa possibilidade de sair do país, pois não conseguia mais imaginar a vida longe dele e temia os efeitos dessa distância - tudo indicava que seriam anos e anos sem nos vermos, isso se voltássemos a nos ver algum dia.
Eu sentia também que não tinha muito a perder se fosse sincero, pois, considerando que sua partida para Portugal era mais do que provável, só um motivo realmente grande o faria desistir - e eu apostava que poderia ser esse motivo, então por que não arriscar?
No fundo eu acreditava que ser franco sobre os meus sentimentos era o que faltava para que engatássemos um relacionamento - sim, Álvaro não me convencia com aquela história de que me amava como a um irmão, algo me dizia que ele me desejava da mesma forma que eu o desejava, mas que ele não conseguia assumir isso para si mesmo, talvez por suas convicções religiosas.
Claro que eu poderia estar equivocado e no fim dar tudo errado, mas, ainda que meu esforço resultasse frustrado, pelo menos no futuro eu poderia me consolar, dizendo que tentei tudo que estava ao meu alcance, e não me sentiria um covarde.