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"Decidi continuar a busca sozinho, desobedecendo a ordem que eles haviam me dado, de que eu deveria retornar ao hotel e aguardar. Entrei na mata sem que percebessem e, seguindo o rastro dos seus passos na terra molhada, encontrei você desmaiado na entrada da caverna", prosseguiu com os olhos se desmanchando em lágrimas.

"Em um primeiro momento, eu pensei que você estivesse morto, pois seu corpo estava cheio de lama e sangue, e nesse instante foi como se a angústia me destroçasse a alma, eu senti o meu mundo desabar e perguntei a Jesus por que havia permitido que aquilo acontecesse..."

"Não precisa ficar assim, eu estou bem", contemporizei, dando nele um abraço para que se acalmasse - Álvaro estava amedrontado, parecia um bebê assustado e vê-lo assim era realmente chocante.

"Desculpa por não protegido você daqueles bandidos, eu juro que os mataria se ainda estivessem vivos...", desabafou furioso, os punhos cerrados amassando o tecido do lençol. 

"Você não tem culpa de nada, não precisa pedir perdão"

"Preciso, pois sou responsável pela pessoa que eu amo", disse ele de repente, direto como um tiro de espingarda. "E não me olhe com essa cara de surpresa, eu sei que você também gosta de mim, você nunca me enganou..." 

"Álvaro", falei desconcertado, sentindo o mundo girar e convicto de que teria uma parada cardíaca. Ele, com um sorriso tímido e um olhar carinhoso, me deu um beijo na testa, um beijo que soava como "eu sei de tudo e estou de olho em você há muito tempo". 

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