Capítulo 4 - Fushiguro Toji

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O distante som de algo irritante e estridente obriga Megumi a abrir os olhos com raiva. A luz do dia ilumina o quarto já que as janelas foram esquecidas abertas. Ansioso para desligar aquele som, senta-se sobre o colchão respirando fundo ao passar a mão nos cabelos bagunçados, o gosto de álcool ainda está na boca.

— Desliga isso, por favor. — Escuta a voz sonolenta de Nobara, só então parando para prestar atenção.

Kugisaki bufa cobrindo-se até a cabeça ao seu lado no colchão no chão enquanto Yuji está jogado em sua cama como se tivesse caído de um prédio. Não é uma novidade dormirem juntos em qualquer que seja a ordem, mas, dessa vez em específico, se lembra bem de que Nobara se recusou veementemente a dividir a cama com um Itadori desacordado pelo álcool assim como Fushiguro, para completar estavam em falta de mais um colchão extra, o que resultou em dividir o espaço com a amiga.

O barulho irritante do celular de Yuji tocando cessa antes que o Fushiguro tivesse tempo para se levantar. Com certeza está melhor que ambos os amigos, nunca diria em voz alta sobre o real motivo de sua tolerância à álcool. Respirando fundo, levanta-se sem pressa rumando o banheiro no fim do corredor e, assim que fecha a porta atrás de si, dá de cara com uma mulher que nunca viu antes passando apressada após lhe dar um olhar rápido, não demora para que o som alto da porta de entrada se fechando ressoa pela casa. Toji tem um hábito péssimo.

Depois de lavar o rosto e retirar o gosto residual horrível do álcool que ficou na boca, desce as escadas com o cenho franzido para encontrar o pai sentado em sua poltrona com um cigarro entre os dedos, olhando para o nada.

— Já pedi para não fumar aqui dentro. — Resmunga ao cruzar os braços irritado. — Meus amigos estão aqui.

Toji o encara devagar. O cabelo jogado sobre o olhar soturno combinado com a cicatriz sobre os lábios lhe dá um ar sinistro e, se ainda fosse criança, com certeza teria medo de dizer mais alguma coisa, entretanto, já se foram os dias que tremia diante daquele olhar.

— E eu que não trouxesse ninguém. — A voz troveja enquanto ele volta a fitar o nada, porém, traga profundamente uma última vez antes de apagá-lo no cinzeiro sobre a mesa de centro.

— Então estamos quites. — Megumi resmunga. — Mas quer saber, esquece, só abra as janelas.

Desistindo de dizer mais alguma coisa, o mais novo vai até a cozinha buscar uma garrafa de água e analgésicos para, na volta, ignorar totalmente a presença do mais velho e se colocar a caminho do quarto.

Ao entrar, nota que nenhum dos dois está acordado ainda e revira os olhos por ter que acordá-los, já passam das duas da tarde afinal. Deixando a garrafa e os comprimidos sobre o criado mudo, descobre a cabeça de Nobara de uma vez fazendo-a esboçar uma careta ainda com os olhos fechados.

— Acorda, já está tarde. — Logo depois puxa o travesseiro de Yuji de súbito e quando ele abre os olhos rápido pelo susto, joga-o sobre seu rosto. — Seu avô está ligando de novo, acordem logo.

— Você tá um saco hoje, sabia? — Kugisaki resmunga ao se sentar, mostrando que veste uma das camisas de Megumi.

— Fica jogando na nossa cara que não é afetado por álcool. — Yuji bufa, finalmente colocando os pés no chão. — Sinto que a minha cabeça vai explodir.

— Trouxe remédios. — Fushiguro diz, abrindo a porta do quarto. — Desçam logo, vou fazer café.

Sem dizer mais nada, Megumi volta a sair do quarto e ir até a cozinha, não mais encontrando o pai. Talvez tivesse se enfurnado no próprio quarto ou então saído, não importa no fim das contas. Determinado a ajudar os amigos a lidar com a ressaca que, de certo, os assola, decide preparar um café forte.

Acordes cruéis e Cinzas ao ventoOnde histórias criam vida. Descubra agora