A tarde quarta-feira está terminando quando Sukuna entra com o carro no estacionamento modesto um tanto quanto distante de sua casa. Estava na estrada a mais de quarenta minutos.
Não é como se tivesse tanto tempo para gastar nesse lugar hoje por isso planeja ser o mais breve possível. Após deixar o estacionamento, cruzou o saguão e pegou o elevador tão rápido que a atendente mal trocou duas palavras consigo. Quando, enfim, gira a maçaneta e adentra o quarto pequeno e bem iluminado a primeira coisa que pode ver é Mahito sorrindo na sua direção. Sentado sobre a cama, de pernas cruzadas e com uma taça simples entre os dedos. O sobretudo dele está jogado do outro lado da cama e as tatuagens nos braços bem à mostra.
— Tenho que admitir. — Ele ensaia, brincando com a bebida no interior da taça. — A sensação de saber que precisa de mim me deixa bem animado.
— Não exagera.
— Ah, qual é, depois daquela nossa última vez realmente pensei que fosse me matar. — Mahito o observa andar pelo quarto, fechando as cortinas. — Mas aí, numa bela noite, uma das suas mulherezinhas veio falar comigo. Parece que o cerco está se fechando pra você.
— Não tô com tempo pra gracinhas. — Sukuna resmunga, finalmente parando para encará-lo, taciturno. — Eu vim negociar.
Mahito mal faz esforço para esconder o sorrisinho enquanto termina de beber. Em silêncio, se aproxima do pequeno bar de frente para a cama bem arrumada e abandona a taça vazia, passando a rodeá-lo vagarosamente. Mil ideias passam pela sua cabeça.
— Sou um homem simples. — Murmura. — Que tal começarmos com você esquecendo aquela minha dívida? Falta tão pouco terminar de pagar, não vai fazer diferença pra você né?
— Pouco? — Sukuna ri, o encarando quando para de circulá-lo.
— Ah, qual é, Ryomen, isso pra você não é nada, além do mais, é só uma das coisas que eu tinha em mente.
— Desembucha logo.
— Depende, o quanto você quer saber?
— O que você sabe sobre o cachorro daqueles filhos da puta?
— Isso é vago, mas sei de umas coisas. — Mahito dá de ombros e se vira, aproveitando para esboçar o sorriso que tem segurado. — O Naoya é uma gracinha solitária, ele gosta de falar quando tá chapado e me responde qualquer coisa se eu... ah, você sabe. — Ele se vira apenas para fazer um gesto oral obsceno e então se joga na cama confortavelmente. Sukuna revira os olhos. — Ele nunca citou nomes, mas sei de algumas coisas.
— Pare de enrolar.
— Talvez se for mais carinhoso comigo eu possa fazer do jeito que você quer.
Sukuna franze o cenho. Sinceramente, a última coisa que queria fazer era tocá-lo, mas quanto mais conseguisse arrancar de Mahito – e rápido –, melhor seria. Com um grunhido irritado, se aproxima da cama ignorando a expressão ansiosa do outro. Infernos, não faria nada de mais, afinal, suas vontades estão condicionadas numa única direção. Sem demonstrar a menor hesitação, sobe na cama e se senta sobre a lombar de Mahito deixando seu peso o pressionar contra o colchão.
— É só isso que eu vou ter? Nem estou te pedindo algo difícil.
Sukuna resmunga um palavrão. A mão direita se fecha ao redor da garganta alheia e ele se inclina para frente. Mahito o deixa enjoado. Até hoje sequer se lembra como foi parar na cama com ele antes e, por causa disso, nunca mais tomou uma bala em suas noites de farra.
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Acordes cruéis e Cinzas ao vento
FanfictionPerto de completar seus 18 anos e encerrar o colegial, Megumi Fushiguro nunca realmente parou para pensar sobre o tipo de pessoa o qual se interessa, mas muita coisa pode mudar depois de um momento decisivo de descontração com os amigos. Convidado p...