Capítulo 24 - Honestidade parcial

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— Graças a deus hoje é sexta. — Yuji cantarola enquanto joga as coisas dentro da mochila o mais rápido possível. Com as aulas quase no fim e as últimas provas do ano marcadas para a semana seguinte, esteve bastante ansioso.

Como ficaria calmo depois dos últimos acontecimentos?

Ao seu lado, Nobara suspira. Decerto uma eternidade se passou desde a última vez que a viu genuinamente animada, desde que Megumi não deu mais qualquer sinal de vida, para ser específico. Ainda que não esteja funcionando tão bem assim, esteve fazendo seu melhor para distrai-la, mas ele próprio sente-se terrivelmente agoniado.

— Temos provas a partir de segunda. — Ela diz, pendurando a bolsa em um ombro quando os dois se levantam para sair da sala junto do restante das turmas no corredor. — Quer passar o fim de semana estudando de novo ou prefere só hoje?

— Por que a gente não tira uma folga disso hoje e só revê amanhã? — Sugere. — Você estuda igual uma psicopata, desse jeito vou ficar louco tentando te acompanhar.

— Quando estivermos na mesma faculdade, você me agradece. — Nobara sorri esperta, vendo o amigo bufar e revirar os olhos.

— Meu irmão vai se apresentar hoje à noite. — Yuji sorri, mudando de assunto. — E já que até meu vô quer assistir a batalha, vou cozinhar alguma coisa diferente para o jantar.

— Oh, não esperava essa. Ainda mais depois de você ter me explicado o quanto eles se odeiam. — Nobara arqueia a sobrancelha.

— É, eu também não entendi muito bem. — Itadori dá de ombros, descendo os últimos lances da escadaria. — A última vez que o Sukuna esteve lá, alguma coisa parecia diferente. Meu vô estava falando de um jeito manso demais e só meu irmão estava puto como de costume. Tem alguma coisa errada.

— Vai ver o Wasuke começou a se sentir um pouco mal por tudo?

— Acho difícil. — Yuji suspira desviando o olhar. — Ele odeia o meu pai e parece que vai sempre culpar o Sukuna por alguma coisa. Duvido muito que ele esteja se arrependendo depois de tanto tempo.

— As pessoas podem mudar, Yuji. — Ela o encara. — Vai ver ele- espera, aquele... aquele é o Megumi?

Itadori se vira rápido para onde a amiga olha embasbacada e, simplesmente não acredita no que está vendo. Caminhando contra o fluxo de alunos a passos lentos, Megumi Fushiguro os encara fixamente. As mãos metidas nos bolsos do moletom preto pouco maior que ele e o capuz cobre parcialmente o cabelo, sua expressão está neutra como não esperava encontrar.

Nobara é a primeira a se mover. Dispara numa caminhada rápida direto para o amigo, que parou e apenas a esperou de braços abertos, abrindo um sorriso mínimo. Ela nem se preocupou com os outros achando o momento dramático, afinal eles que fossem se danar. Não fazem ideia do que o trio esteve passando no último mês.

— Você voltou. — Ofega, o abraçando com mais força como se quisesse garantir não ser um sonho, a vista embaçando pelas lágrimas se amontoando. — Onde você estava? Por que parece mais magro?

— Uma pergunta de cada vez. — Megumi a abraça de volta com o carinho de um irmão mais velho.

Ouvir sua voz novamente após todo aquele silêncio é o bastante para fazê-la se esquecer dos questionamentos. Nobara simplesmente não sabe como deveria proceder, mesmo tendo ensaiado mil e uma coisas em sua mente.

Em silêncio, Yuji é o próximo. Nem se dá o trabalho de esperar sua vez e envolve os dois em seus braços. Finalmente seu trio está de volta. E sabe-se lá qual poder sobrenatural está usando para não se debulhar em lágrimas como Kugisaki no meio dos dois. Talvez, na realidade, esteja tão alegre por encontrá-lo que só quer esmagá-lo num abraço de urso.

Acordes cruéis e Cinzas ao ventoOnde histórias criam vida. Descubra agora