— É, não é um lugar ruim. — Yuji comenta, debruçado na cadeira giratória e balançando os pés.
— Vai ter que ser isso por um tempo. — Megumi diz enquanto retorna para a pequena sala/quarto trazendo xícaras de chá para a dupla de amigos. Não demora muito para retornar com a sua própria e se sentar no chão com as costas encostadas na cama de solteiro.
— Como você tá? — Nobara chama sua atenção.
Megumi a observa em silêncio por um bom tempo, antes de suspirar e voltar a encarar a parede mais à frente, bebericando o chá devagar. A verdade é que se sente horrível e, com certeza, não está fazendo exatamente um bom trabalho disfarçando sua aparência abatida e cansada. Outro gole de chá. Sinceramente, seria um favor se não tivesse aberto os olhos hoje, e se pudesse escolher, queria continuar dormindo nos braços tatuados, alheio ao mundo inteiro, e só acordar quando soubesse que essa dor iria diminuir. Mas nada nunca funcionou como ele quis antes.
— Meus olhos estão muito inchados? — Murmura, o olhar desfocado.
— Na verdade, um pouco. — Yuji lhe diz e, passado um momento silencioso, ele suspira, se levantando da cadeira para deixar a xícara vazia na mesa baixa. Nobara, sentada perto do Fushiguro, somente o observa se acomodar diante dos dois, de pernas cruzadas, incerto. — Megumi, sei que não queria que a Kugisaki me contasse, mas... eu sei sobre a sua...
Megumi arrasta o olhar na direção do amigo. Sente os olhos até um pouco secos. Embora tenha descansado relativamente bem na noite passada, nem a presença forte de Sukuna conseguiu o impedir de acordar várias vezes durante a madrugada.
Sua noite de sono não foi das melhores.
Para completar, mesmo depois de ter decidido que não mentiria para os amigos, aqui está ele, os fazendo acreditar que esteve vivendo nessa casa grande demais para apenas ele e seus pensamentos sufocantes porque Sukuna teria compromissos inadiáveis com a banda. Preferia ter ficado na casa dele, mesmo sozinho, não se sente tão incomodado naquele apartamento minúsculo com cheiro dos perfumes do guitarrista, cigarro e café, afinal de contas, é o seu refúgio. No entanto, foi o próprio Sukuna quem o convenceu a ver os amigos ao invés de se isolar e, por estar visivelmente sem a menor vontade de sair na rua, foi ideia dele que recebesse os dois no pequeno hotel que lhe conseguiu um quarto dias antes, mas é muito difícil agir como se estivesse em casa quando não é bem assim.
— Megumi.
Ele pisca devagar, finalmente notando a mão de Nobara em seu ombro e o fazendo perceber que se perdeu em um pequeno devaneio. O olhar cansado vai dela para o garoto de cabelos rosáceos de semblante estranho.
— Desculpa, eu não pretendia falar nada sobre isso antes de você, mas o Yuji tava muito preocupado e-
— Tudo bem. — Suspira, bebendo apenas mais um pequeno gole do chá e largando a xicara na mesinha. Ele coça os olhos por um momento, tentando evitar contato visual. — Prometi que seria mais aberto, mas é que as coisas estão simplesmente uma merda.
— Podemos levar flores se quiser. Vamos com você. — Itadori continua o encarando daquele jeito, deixa Megumi consciente demais de seu olhar mesmo antes de vê-lo. O outro se aproxima, segura suas mãos sobre o colo e deixa um leve aperto. Megumi abre os olhos novamente.
— Não posso. Não consigo pisar naquele lugar.
— Sei que é muito difícil, sei de verdade. — Yuji diz devagar. — Mesmo não tendo conhecido a minha mãe e tendo crescido só ouvindo sobre ela, todo ano é difícil pra mim também ir visitá-la, mas você sabe porquê eu não paro de sorrir quando vou?
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Acordes cruéis e Cinzas ao vento
Fiksi PenggemarPerto de completar seus 18 anos e encerrar o colegial, Megumi Fushiguro nunca realmente parou para pensar sobre o tipo de pessoa o qual se interessa, mas muita coisa pode mudar depois de um momento decisivo de descontração com os amigos. Convidado p...