As aulas de quarta-feira conseguem ser todas desinteressantes para Megumi ou então ele tem um grande problema com esse dia da semana em específico. É quase como um dia de domingo, só que útil.
Ter ido àquele festival realmente teve um efeito positivo em seu mau humor recente, pelo menos um pouco, precisava admitir. No fim daquela noite, a gigantesca sensatez de Itadori fez com que o trio fosse deixado na sua casa por um tatuado gigante e irritante, que, graças ao irmão, agora sabe onde ele mora já que o rosado mais novo e Nobara iriam passar o fim de semana em sua casa. Outra coisa tremendamente irritante foi a forma atrevida como Sukuna se mostrou prestativo ao sugerir que ele mesmo desse carona aos três. Querendo se aparecer, é óbvio, ainda mais depois de ter sido rejeitado.
Como vinha se tornando um hábito nas duas semanas que se seguiram ao festival, alguns minutos antes do sinal do intervalo, Megumi dá seu jeito de sair da sala para caminhar pelos corredores vazios, totalmente taciturno. Tinha prometido à Nobara que diminuiria um pouco os cigarros, mas não é como se conseguisse largá-los de uma hora para outra estando ainda tão nervoso sobre a situação com Toji, que ainda não lhe dera o menor sinal de vida desde que saiu de casa há cerca de vinte e cinco dias.
O lugar ao qual vinha se isolando para fumar ainda é o mesmo e, por sorte, estava ficando bastante vazio com o passar do tempo. Ao encontrar seu espaço, ele apenas encosta-se na parede para acender o fumo. Infelizmente, se esqueceu completamente dos fones de ouvido hoje, então apenas terminaria aquilo e iria encontrar os amigos na mesa de sempre.
Onde Toji poderia estar? Sua irmã sabia sobre isso? É claro que não, que besteira, Tsumiki está ocupada demais com seus estudos do outro lado do mundo, e além disso, o patriarca Fushiguro jamais diria algo sobre aquilo para ela, da mesma forma que ele também não o faria. Dessa forma só a preocuparia inutilmente.
Um bom tempo se passa enquanto Megumi permanece perdido em seus próprios devaneios. Sua paz só é quebrada pelo celular que começa a tocar no bolso. Talvez seja apenas Yuji procurando por ele, apenas recusaria e voltaria para o pátio após isso, mas um sentimento estranho surge quando vê o nome em destaque no touchscreen.
Toji.
Ele precisa de algum momento para fazer com que o dedo deslize sobre o símbolo verde e a mão obedeça a ordem para aproximar o aparelho da orelha. Uma respiração ressoa do outro lado sem que nenhum dos dois quebre o silêncio que se instaura. Megumi apenas encara algum ponto à frente sem realmente enxergar o que há ali, o cigarro, esquecido entre os dedos da mão esquerda, queima lentamente.
— ... Então você tá vivo e bem. — A voz inexpressiva e cansada de Toji finalmente diz alguma coisa.
"Depois de todo esse tempo é só o que tem pra me dizer?" É o que realmente queria esbravejar, mas tudo parece ficar preso no bloqueio que sua mente construiu com tanto afinco.
— ... Eu sei me virar. — Se sua expressão era de confusão, desnorteado com a ligação repentina demais, agora ela rui para uma melancólica. Instintivamente, traga o cigarro buscando algum conforto. Do outro lado da linha, pode ouvir Toji soprar.
— Está fumando? — Indaga.
— Aprendi com o melhor. — Murmura, deixando a fumaça ir. Por que infernos não consegue dizer mais do que essas coisas fúteis? Tem tanta coisa que pensou em falar quando o visse de novo e mesmo assim, a mente fica em branco. Por mais que não fosse a primeira vez que ele sumia, desta, no entanto, sente-se deplorável bem lá no fundo. Desamparado de certa forma. Que idiotice se sentir assim à essa altura.
Toji deixa escapar uma risada desprovida de humor.
— Se sua mãe soubesse disso iria me desmaiar na porrada. — Comenta. Megumi arqueia a sobrancelha, preferindo manter silêncio.
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Acordes cruéis e Cinzas ao vento
FanfictionPerto de completar seus 18 anos e encerrar o colegial, Megumi Fushiguro nunca realmente parou para pensar sobre o tipo de pessoa o qual se interessa, mas muita coisa pode mudar depois de um momento decisivo de descontração com os amigos. Convidado p...