Capítulo 6 - Festival (parte 1)

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Uma garrafa de água gelada passa voando ao lado da cabeça de Sukuna no exato momento em que ele sai pela porta do banheiro distraído. O olhar irritado foca instantaneamente em Satoru, que faz um péssimo trabalho tentando segurar a gargalhada, parado ao lado do frigobar.

— Faz isso de novo e vou arrancar cada fio, estupidamente, branco dessa sua cabeça de merda. — O rosado rosna, voltando para perto do suporte onde a SG vermelho sangue descansa ainda com o cabo preto ligado a ela.

— Não tenho culpa se um pontinho rosa irritado entrou na frente da minha linha de disparo. — O albino provoca. — Diga que o errado aqui é ele, Todo!

— Não me coloque no meio disso. — O moreno nem sequer desvia o olhar da tela do celular enquanto bebe a água. — Inclusive, fique quieto, minha idol favorita tá falando.

Gojo revira os olhos, sentando-se no pequeno sofá no canto do pequeno estúdio. Jamais entenderia a fixação do amigo por aquela... garota. O que aconteceu com o gosto por mulheres altas e de bunda grande que ele tanto bradava gostar?

— Nuvem idiota. — Sukuna resmunga, puxando o celular no bolso. Estava se segurando para não fumar já havia horas e isso o estava deixando mais suscetível ainda a ficar nervoso com as brincadeiras imbecis do albino convencido. Da última vez que acendeu um ali dentro, Geto só faltou fazê-lo engolir seu pedaço de paz aceso. É como dizem, a ira dos quietos tem que ser temida.

— Já estavam brigando, é sério?

Falando no tal, Geto passa pela porta de entrada com uma sacola em mãos. Já estavam naquele ensaio havia algumas horas, organizando os últimos preparativos para o festival no fim da tarde. Em silêncio, joga um item de dentro da sacola para cada um presente ali. Todo mal se esforça para pegar o pacote de salgadinhos que quase bate nos pratos da bateria.

— Ter alterado o setlist no último momento realmente foi uma boa ideia? — Sukuna indaga enquanto abre a lata de café que recebe.

— Não é como se fôssemos tão amadores assim. — Geto dá de ombros colocando um dos bastões de chocolate na boca. — Conhecemos todas elas muito bem.

— Está dizendo que não se garante, estrelinha arrogante? — Satoru alfineta, logo ganhando um olhar enviesado de Sukuna.

— Muito pelo contrário, estava me perguntando se você vai conseguir me acompanhar. — Sukuna sorri inocente para o albino que reflete a expressão no mesmo instante. — Cuidado com o veneno escorrendo pelo queixo, pedaço de algodão podre.

— Se continuarem com isso vou acertar os dois com um baixo. — Geto intervém calmamente antes de dar uma bela mordida no onigiri. Satoru apenas encerra sua incrível jogada de provocação falha mostrando o dedo do meio para o rosado que somente revira os olhos em resposta. — Espero que estejam prontos para tocar nossa última música.

— Se não estivermos depois de repetir ela seiscentas vezes então me mate, por favor. — Todo finalmente deixa o celular de lado, encarando o grupo espalhado frente ao enorme instrumento.

— É uma conquista e tanto. — Gojo chama atenção. — Deve ser a primeira vez que decidimos tocar uma música autoral.

— É uma boa música. — Todo concorda de maneira religiosa de braços cruzados.

— Claro que eu a faria com um instrumental mais pesado, mas se as bonecas estão felizes com melodrama, quem sou eu pra reclamar. — Sukuna dá de ombros, tomando dois golos grandes do café gelado. O único que ri de sua fala é Geto, ele sabe bem que o rosado tem gosto por sons mais intensos do que baladas de hard rock.

Acordes cruéis e Cinzas ao ventoOnde histórias criam vida. Descubra agora