Capítulo 33 - Qual a razão disso?

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Seguinte amores, o recado de hoje é: o cara foi violento com você? Ligue 180 e denuncie sem dó! Nunca pense que você tá sozinha!

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Megumi mantém os olhos fechados debaixo da água quente do chuveiro, por causa da cabeça baixa, as pontas do cabelo grudam nas pálpebras. Noite passada, Sukuna realmente não cedeu às suas vontades completamente, mas o tocou, lhe deu uma parcela do alívio que tanto queria, embora não tenham passado disso. Ele se trancou no banheiro por um bom tempo depois, a ponto de Megumi tentar ouvir alguma coisa através da porta trancada. Não ficou exatamente surpreso quando, supostamente, ouviu sua respiração pesada, contida, mas presente, abrindo brechas para a imaginação.

No fim, não fizeram mais nada e nem conversaram sobre isso.

Megumi suspira, empurra o cabelo lentamente para trás e desliga o chuveiro. Ele encosta a testa no azulejo frio, sentindo sua calmaria começar a se esvair. Muito embora, naquela hora, estivesse quase totalmente dominado pelo desejo, não pode dizer que a maior parte daquilo não aconteceu por causa de seu comportamento impulsivo.

Sukuna não estava exatamente errado em resistir tanto, e agora se sente um idiota por ter se frustrado quando ele se safou de seus braços. Mas quem estava tentando enganar? Teria sido pior se realmente tivessem ido além, uma vez que sua mente estava por um fio, tão dormente pela quantidade confusa de sentimentos distintos o assolando sem dó. No fundo preferiria dar este passo quando não estivesse à mercê de sua languidez subentendida.

Toda essa situação só serve para deixar Megumi se sentindo estranho. Sexo não é uma questão emocional para ele. Sempre foi uma válvula de escape. Nada mais. É incômodo porque no fundo, bem lá no fundo, ele conhece perfeitamente a razão para toda essa hesitação e isso o irrita profundamente. Não estaria pisando em ovos se as coisas entre eles fossem inteiramente carnais.

O Fushiguro tomou seu tempo para se trocar, tentando ignorar a própria mente. Secou o cabelo com um secador e só destrancou a porta depois de respirar fundo algumas vezes.

— Deixei vocês avisados pra não me incomodarem até eu dar algum sinal. — Sukuna fala ao telefone, de frente para as portas de vidro da varanda de seu quarto. A mão livre cobre os olhos. Ele parece nervoso com alguma coisa. — Rondando? Tem certeza disso? — Ele faz uma pausa, parece ouvir o que a outra pessoa diz com toda a sua atenção. Megumi o escuta praguejar baixinho se virando de súbito para sua direção, o semblante sério. Ele logo desvia o olhar. — ...Eu sei, por enquanto não façam nenhum movimento, vão acabar chamando atenção. Discutimos o resto mais tarde.

Megumi o observa jogar o celular sobre a cama, algo ruim deve ter acontecido. Depois de um longo suspiro, ele se vira novamente para sustentar seu olhar enfiando as mãos nos bolsos da calça larga.

— Parece nervoso. — Megumi murmura, sem saber se devia se aproximar.

— Não quero que se preocupe com isso.

Os dois continuam se encarando em silêncio.

Sukuna é o primeiro a quebrar o contato visual, jogando o cabelo para trás e coçando a nuca. Talvez essa seja a primeira vez que se sente tão desconcertado depois de ter quase dormido com alguém enquanto bêbado. Em outras épocas – ou meses antes –, estaria apenas seguindo com sua vida sem dar a mínima para esse tipo de situação por parte da outra pessoa, mas com o Fushiguro é diferente. Quer fazer as coisas do jeito certo, ir com calma e fazer valer a pena principalmente para o mais novo, porém, não poderia mentir para si mesmo, foi extremamente gratificante tê-lo daquela forma embaixo dele, mesmo que para apenas uma longa carícia. Dificilmente se esqueceria daquelas expressões.

Acordes cruéis e Cinzas ao ventoOnde histórias criam vida. Descubra agora