Rio Vermelho

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Este é o segundo capítulo de "Pecado Oculto" e... Preciso que prestem bastante atenção e espero que gostem :)

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Uma mulher corria, desesperada, pedindo socorro, mesmo que a tentativa fosse infrutífera.

Ninguém a ouviria no lugar onde o seu agressor a havia levado, sob a mira de uma faca.

A escuridão do local onde, mais cedo, autoescolas usavam para as primeiras aulas de direção e já foram realizados shows, era protetora para seu atacante. Para piorar, as luzes dos postes estavam apagadas.

O vento oceânico da noite na praia da Boca do Rio, em Salvador, atrapalhava a corrida da mulher, cujos cabelos bagunçados cobriam sua visibilidade.

Ela corria, mas ele seguia mais rápido, e seus gritos pareciam não ser ouvidos por ninguém.

- Socorro! SOCORRO!!! ALGUÉM ME AJUDA!!!

O homem a abordara em uma festa dentro de uma boate ali perto, parecia bonito, simpático e sedutor, e logo os dois saíram para um ambiente externo do estabelecimento para trocar beijos. Porém, em meio aos abraços e carícias, o homem apontou uma faca em sua costela, uma pequena faca, quase invisível, escondida por dentro da manga da camisa, e a forçou a sair da boate.

Ela sabia qual o próximo passo. Ele a violentaria, ele a mataria, e ninguém poderia salvá-la.

Desesperada, assim que ficou do lado de fora da boate, pôs-se a correr, atravessando as vias da Avenida Otávio Mangabeira, vazias durante a madrugada, em busca de alguma salvação - a polícia, outro motorista, alguém.

- SOCORRO!!! PELO AMOR DE DEUS, ALGUÉM ME AJUDA!!!

O atacante se aproximava, correndo mais rápido que a mulher, já sem forças para fugir.

Ele se jogou em cima dela, a faca direcionada para sua vítima, e a puxou pelos cabelos, na direção da praia. A mulher se debatia, tentando escapar, mas ele era bem mais forte; e a jogou na areia, usando a pequena faca para estraçalhar suas roupas. Ao mesmo tempo, a mulher se debatia, tentando escapar do bandido, suas mãos sendo feridas pela faca.

- Cale a boca, vadia! Vamos aproveitar nossa festinha...

- Ninguém está vestido para uma festa aqui.

Uma voz, surgida de longe, confundindo-se com o vento da noite, interrompeu o ataque do estuprador. A vítima, desesperada, não sabia se gritava socorro ou temia que aquele homem também fosse um bandido.

O homem era bem mais alto que o bandido, e parecia impávido. Na escuridão, era possível notar o brilho de seus olhos azuis, mas os outros traços de seu rosto eram um mistério.

- Sai daqui, maluco, tá atrapalhando-

- O que, uma tentativa de estupro?

- Você quer morrer também?

Ele sorriu, para depois fazer um estranho gesto com a língua - um movimento interno, que fez o bandido estranhar – e partir para cima do terceiro envolvido, sem notar o rápido sumiço do homem.

- Cadê? Cadê o covarde?

- Aqui. - a voz profunda do misterioso homem surgiu bem atrás dele; e não apenas a voz... Como também outra coisa.

As jugulares enterradas em seu pescoço, sugando até o bandido perder a força, murchando diante da mulher, olhos arregalados, em choque, sem emitir um som. Quem acreditaria naquilo? Quem acreditaria em um vampiro, um ser das trevas surgido ali, repentinamente?

Ninguém.

A faca caiu no chão, bem como os restos do bandido. Ainda envolto nas sombras, o misterioso homem apenas limpou a boca, cujo sangue pingava de seus lábios finos, e encarou a jovem, estática, assustada, que balbuciava:

Pecado OcultoOnde histórias criam vida. Descubra agora