Sede

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O grupo de universitários entrou em um táxi no Rio Vermelho e definiu antecipadamente que iriam até a tal boate animada no bairro da Pituba. Eles estavam tão empolgados que pediram o taxista que aumentasse o volume da música no rádio, a fim de começarem a diversão ali mesmo dentro do veículo.

A música que tocava era uma faixa de Eminem e Rihanna, "The Monster" - as meninas cantavam a parte de Rihanna, enquanto os rapazes se atrapalhavam com os versos do rapper. Não demoraram muito até chegarem à boate, que estava com uma fila longa, muita gente estivesse esperando para entrar.

- Tô reconhecendo uma galera que era da Libido aqui... – comentou um dos rapazes.

- Depois que a outra boate fechou, aposto que muitos empresários perceberam que havia potencial nessa área de empreendimento. – explicou o colega, estudante de administração.

O grupo era formado por alunos de vários cursos: além de administração, tinham estudantes de direito, química e nutrição.

Não demoraram muito a entrar na boate e se divertirem durante a noite, bebendo, beijando e aproveitando os quartos privados nos fundos da boate para transas com várias pessoas ao mesmo tempo. Em torno das três horas da manhã, o grupo saiu da boate bastante alterado pela bebida e disposto a passar por outras casas de entretenimento para se divertir até o dia amanhecer.

- Bó ligar pra Lita e contar que a gente tá se divertindo enquanto ela tá dormindo igual a uma VELHA! – o grupo riu, tentando mexer no celular e desbloqueá-lo, sem sucesso, ao mesmo tempo que caminhava trôpego pela areia da praia de maré vazante.

Ignoravam a solidão da praia e a noite cerrada que logo se tornaria manhã. Só queriam procurar uma outra boate, uma outra diversão, e terminar o dia de "virote" para curtir a ressaca no domingo.

Três membros do grupo caminhavam um pouco mais à frente, enquanto os outros três, que chegaram à boate em outro táxi, estavam menos bêbados e mais cautelosos sobre caminhar por uma praia vazia.

- Bó voltar pro calçadão e ir pra outra festa, gente! – comentou uma das moças, bêbada, mas de alguma forma consciente do que ocorria.

- Deixe de ser chata!

- Tu só reclama!

- A gente podia era ficar nu aqui, tipo Massarandupi- o rapaz não completou a fala, pois foi puxado para a escuridão da parede formada por pedras, abaixo do calçadão.

Os outros se assustaram: os dois mais à frente na caminhada correram, entre tontos e confusos, na direção de onde o colega havia sido arrastado. Já o resto que estava mais atrás deu a volta e gritou, chamando a polícia. Porém, os dois amigos que tentaram salvar o terceiro não mais se mexiam. Foram envoltos, engolidos pela escuridão.

Não deu tempo para o resto do grupo, os que buscaram a ajuda da polícia, sair da praia: a misteriosa criatura conseguiu puxar suas novas vítimas - o primeiro foi atacado com um soco no rosto e desmaiou.

O segundo percebeu o ataque e correu para cima de quem quer que estivesse tentando capturá-los. Seu ímpeto foi controlado por um golpe e um pescoço quebrado. Já a moça ficou parada. Hipnotizada pela figura que ficava cada vez mais próxima com um olhar penetrante, e ao invés de se afastar, ela se aproximava.

- Qu-quem... Quem é... Vo-vo-você...

A voz dele tinha uma sonoridade sinuosa, de sedução.

- Seu sangue... Há mistura de álcool e gozo... Mas me nutrirá como os outros...

- Co-como-

Não deu tempo de expressar opinião alguma: com rapidez sobre-humana, a criatura enterrou as mãos no pescoço da jovem e os caninos em sua jugular.

Pecado OcultoOnde histórias criam vida. Descubra agora