Era a primeira vez que Eva saía do trabalho direto para sua nova residência temporária, o duplex de seu chefe, Dimitri Voronin.
Sasha já havia passado em sua casa e levado algumas roupas que a secretária deixou em uma mala, além de outros produtos de ordem pessoal.
As armas usadas para acabar com vampiros também entraram na mala, mesmo que no duplex tivesse um verdadeiro arsenal.
A jovem pegou o ônibus, entre pensativa e ansiosa, ao mesmo tempo que oscilava entre segurar a bolsa junto ao corpo e passar entre o mar de pessoas apertadas, de um lado a outro do veículo, que a cada ponto, embarcava ainda mais passageiros.
- Porra, motô, buzú tá lotado! – ela ouviu algumas pessoas berrando.
- Não dá mais, tá maluco? – gritou outro, mais ao fundo do ônibus!
Eva concordou silenciosamente, mas não quis aumentar o coro de reclamantes; estava cansada demais para se estressar; e não apenas por causa do trabalho – a manhã foi intensa demais para que ela gastasse seu tempo discutindo uma miudeza como ônibus lotado em horário de pico.
"Pois é, hoje tomei no cu literalmente e foi bom... Ai ai ai... Tomar no cu figurativamente dentro do buzú já é tão natural que nem me estressa mais. Tô anestesiada...", refletiu Eva, ainda se recordando do rendez-vous na sala de reuniões com seu chefe, um vampiro. "Além disso, essa é a última vez em algum tempo que eu vou pegar buzú. Se não fosse essa hora extra de Dr. Voronin e Sasha, eu estava era no carro. Nem Robichaux pôde me levar... Eu hein, será que é alguma convenção de vampiros?"
"Aliás, eu não tinha feito pesquisa alguma sobre vampiros fazendo sexo quando ele não é para reprodução... Será que aqueles livros de Lorde Cummings têm alguma dica?"
A secretária passou a avaliar outras questões, em especial o fato de que ela e Dimitri ocupariam o mesmo teto por algum tempo – e o vampiro não estava muito disposto a tratar aquela sessão de sexo como a última vez. Na verdade, nem ela queria evitar isso.
Não sabia de onde vinha aquela atração irresistível por seu chefe ("será que tem a ver com o fato de que eu também o ajudo nas missões? Eu teria um apelo junto a criaturas da noite? Oxe, isso é óbvio, né Eva Maria?"); e Eva, em suas reflexões durante o engarrafamento na avenida Manoel Dias da Silva, na Pituba, tentava ponderar os prós e os contras de se envolver com um vampiro – que vinha a ser também seu chefe.
"Bem, o homem é gostoso demais, e eu nem imaginava tanto! E ele sabe exatamente o que tá fazendo... Mas também, são uns 500 anos de experiência né... Por outro lado, a gente não vai poder ir na praia, tomar um sol; e será que ele vai querer essa relação por muito tempo? Eu sou humana, ele é vampiro... Eva, se Dimitri quisesse que você fosse vampira, você seria?
Rapaz... Praia? Eva, há quanto tempo você não pisa na areia?"
A jovem quase perdeu o ponto, mas conseguiu pedir, por meio da corda pendurada quase no teto do ônibus, ao motorista que parasse no ponto perto de um banco, onde várias pessoas disputavam espaço para adentrar o veículo, tentando voltar para casa.
Atravessou a rua, chegando na portaria do prédio luxuoso e tradicional onde morava seu chefe. Ela já era conhecida do porteiro, que a cumprimentou com simpatia, observando Eva subir as escadas na direção do hall de entrada.
Apertou o botão do elevador, chamado para descer.
Não demorou muito, o elevador chegou, e Eva apenas encostou o corpo na parede espelhada, visivelmente esgotada, enquanto os andares se modificavam, até ela reconhecer pela tela o último andar, onde ficava o duplex de Dimitri.
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Pecado Oculto
RomanceCAPÍTULOS TODOS OS SÁBADOS A presença de vampiros em Salvador faz algum sentido para você? Para Eva, faz todo o sentido: de dia, ela trabalha como secretária de um ricaço recluso e fotofóbico; e à noite, é a improvável parceira do vampiro Dimitri V...