Capítulo 2 - Julie Rodrigues

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-Julie, oi! - Ellen me cumprimentou ao chegar, tirando a bolsa que estava pendurada em seu antebraço e colocando em uma das cadeiras vazias da mesa. -Espero não ter demorado.

-Oi, Ellen. Não demorou, mal fiquei esperando. - Levantei-me para recebê-la, tentando evitar qualquer desastre. Nos cumprimentamos com um beijo em cada bochecha e eu já sentia todo meu corpo esquentar ao simples toque em sua pele macia.

-Obrigada por aceitar o convite, eu odiaria ter que fazer algo sozinha depois desse furo em minha agenda. - Ela falou enquanto se sentava e eu a acompanhei no movimento, voltando ao lugar que estava antes.

-O prazer é todo meu, pode acreditar. Sou uma grande fã do seu trabalho. - Confessei, sem querer ser "puxa-saco", mas deixando claro o quanto eu a admirava por tudo o que construiu.

Ellen sorriu pra mim e se debruçou um pouco sobre a mesa, que não era tão grande, com os braços cruzados em direção ao seus seios. Meus pensamentos já eram bem depravados, se ela continuasse alimentando minhas expectativas então, aí mesmo que eu ia ser levada à loucura por Ellen Gardner.

-Julie, vamos fingir por um momento que não nos conhecemos em uma das minhas lojas? Imagine que nos conhecemos aqui, agora. Por uma coincidência, nos sentamos juntas nessa mesa e começamos a conversar. O que acha? -Ela sugeriu com um ar de poder em sua voz é em seu olhar. A cada instante, eu me atraía mais por sua beleza e me sentia mais instigada a conhecê-la.

-Acho que podemos tentar. - Respondi, um pouco sem fôlego e totalmente em suas mãos. Pedia aos céus que ela não fosse capaz de perceber o quanto ela já tinha poder sobre mim.

-Ótimo, então eu sou Ellen Gardner e é um prazer te conhecer. - Ela começou.

-Eu sou Julie Rodrigues e o prazer é todo meu, Ellen. - Respondi, entrando no clima.

-É um nome lindo, Julie. Mora na cidade ou apenas trabalha por aqui?

-Moro na cidade, não tão perto do Centro, mas nada que o metrô não resolva. E quanto a você?

-Ah, não, eu adoraria, sou carioca, mas moro em São Paulo atualmente.

-A cidade que nunca dorme. - Comentei.

-Exatamente! E como eu gostaria de dormir por uma noite inteira sem ouvir os sons de buzinas, veículos ou vozes animadas com a noite paulista. - Ela confessou e eu comecei a gostar daquela brincadeira. -Enquanto conversamos, acho que vou pedir um chá gelado para me refrescar do calor. O que quer pedir?

-Vou te acompanhar, é uma ótima ideia. - Respondi e ela apertou o botão que tinha sobre a mesa, e que chamava uma pessoa para nos atender.

Continuamos trocando algumas palavras e logo uma atendente apareceu com seu celular para anotar o nosso pedido. Eu fiquei me perguntando quanto tempo estive presa dentro de casa, porque desde a última vez que saí, os pedidos ainda eram anotados em um bloco de papel ou em um pedaço de guardanapo qualquer.

-Já decidiram o que pedir? - A mulher estava com os cabelos castanhos presos e bem alinhados em um coque quase no topo de sua cabeça e sua só ressaltava ainda mais sua beleza.

-Vamos querer dois chás gelados de pêssego, por gentileza. - Ellen informou, enquanto eu tentava convencer a mim mesma que precisava sair mais vezes para descobrir os tesouros perdidos do Rio de Janeiro.

-Certo, trago logo. - A atendente falou mirando seus olhos castanhos nos de Ellen e nos meus, eu seguida.

-Obrigada... - Ellen respondeu fitando o nome que estava escrito no crachá da garota -Lisandra.

Lisandra se retirou com um sorriso no rosto e Ellen voltou seus olhos para mim, perguntando de forma sedutora onde havíamos parado em nossa conversa.

-Confesso que não me lembro, mas estou curiosa com uma coisa... - Comecei a falar e ela fez um sinal com a sobrancelha para que eu continuasse minha fala -Por que não se muda para o Rio de Janeiro? Adoraria esbarrar com você mais vezes.

À sua disposição (Romance sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora