Capítulo 6 - Julie Rodrigues

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-Julie! - Ela exclamou estendendo sua mão para mim. Eu a segurei e ela me puxou para um abraço. Seu cheiro era extraordinário e eu ficaria ali por horas a fio se pudesse.

-Oi, Ellen. Está linda como sempre. - Respondi, olhando em seus olhos.

-Você também está linda demais. Entre. - Ellen me convidou e me surpreendi quando chegamos à sala de estar. A mesa estava linda, tinha um arranjo de rosas vermelhas no centro, uma travessa com canelones belíssimos e com um cheiro absurdamente maravilhoso e uma garrafa de vinho à nossa espera.

-Uau, Ellen. O que é tudo isso? - Perguntei admirada e surpresa.

-Achei que depois daquela noite incrível que tivemos juntas e toda essa distância que enfrentamos nos últimos dias, merecíamos um bom jantar e um bom vinho. O que me diz?

-Eu achei a ideia perfeita. - Sorri enquanto olhava para ela. Ellen levou uma mecha do meu cabelo para trás da orelha e acariciou a maçã do meu rosto com o nó do dedo indicador. Fechei os olhos ao seu toque porque queria decorar cada sensação daquele momento.

Ela deu meio passo em minha direção e segurou meu rosto delicadamente com as duas mãos. Senti meu coração acelerar e a fitei, aqueles olhos castanhos como um furacão miravam meus lábios e eu queria dizer que era dela, mas as palavras não saíram da minha boca. Passei a língua nos meus lábios secos e puxei o inferior para uma leve mordida, Ellen observava cada movimento meu.

-Julie, eu... - Ela começou a falar, mas não parecia saber bem o que dizer. Suas mãos desceram pelos meus ombros e passearam até minha cintura, onde repousaram.

-Hum? - Estimulei que ela continuasse.

-Eu não me relaciono com alguém há muito, muito tempo, nem sei se estou pronta para isso, mas nessa última semana eu senti saudades de coisas que nem chegamos a fazer e que quero muito experimentar com você.

-Eu estaria mentindo se dissesse que não pensei em você, Ellen, mas te confesso que tenho muito medo do que pode acontecer.

-Ei, a gente precisa mesmo pensar nisso agora? - Ela aproximou nossos rostos e grudou nossas testas. Seu hálito quente batia contra meus lábios e eu perdi todo discernimento que tinha naquele momento.

-Hum-hum. - Negue, de olhos fechados, apenas sentindo aquela avalanche de emoções tomando conta do meu corpo.

Ellen me puxou para mais perto e selou nossos lábios em um beijo urgente. Não sei o que tínhamos, mas pareciamos encaixar perfeitamente bem uma na outra. Era como se o certo fosse estarmos juntas, não separadas. Senti minha intimidade pulsar por ela e como a quis entre minhas pernas, mas também era inevitável querer curtir aquela sensação, quase que como tortura.

Nossas línguas se tocavam, tocavam nossos lábios, as minhas unhas arranhavam a nuca de Ellen e as dela fincavam em minha cintura. Não sei se ela conseguia sentir, mas eu já era tão dela que era incapaz de parar um momento como aquele, me sentia despida, sem defesas, eu estava à sua disposição.

-Acho que devíamos aproveitar o jantar antes que esfrie, né? - Ellen disse entre os dentes.

-É, você tem razão. - Minha voz saiu arrastada, como em um sussurro.

Nos afastamos e fomos até a pia para lavarmos as mãos para o jantar. O cheiro estava mesmo delicioso e abria facilmente o meu apetite. Ellen estava tão linda, o que não era difícil, para falar a verdade. Aquela mulher era linda só de respirar, só de existir.

-Como passou a semana? - Ela perguntou.

-Pensei bastante em você, mas tive bastante trabalho para me ajudar a me distrair e você?

À sua disposição (Romance sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora