Eu relaxei tanto com o meu autocuidado que acabei cochilando enquanto desfrutava do escalda pés. Há algum tempo eu já vinha praticando o hábito de me amar e me colocar em primeiro lugar na minha lista de prioridades.
Quando acordei, me espreguicei e me levantei logo em seguida. Levei a bacia de escalda pés para o tanque e despejei a água dentro dele. Depois tirei o ralinho em forma de peneira e joguei os restos das ervas no lixo.
Fui direto para o banheiro e tomei um banho para terminar de lavar meu cabelo e tirar a máscara do rosto. A água estava uma delícia e continuei pensando no quanto aquele dia iria ser incrível. Saí do banho pouco tempo depois, me enrolei em uma toalha e peguei uma camisa de malha surradinha para enrolar no cabelo e evitar o frizz.
Passei hidratante em todo corpo e peguei a escova e o secador para preparar meu cabelo para meu encontro. Fiquei feliz com o resultado da escova no cabelo, eu poderia prender com algum penteado ou usar solto mesmo que ficaria linda do mesmo jeito. Fiz uma maquiagem bem leve, mas muito bem feita, usei tons claros e caprichei no delineado, ele fazia toda a diferença no meu visual.
Escolhi uma saia casual branca com uma fenda na frente que ia até a metade da minha coxa e uma blusa social de botões bem levinha cor de rosa. Claro que optei por usar um dos sapatos que Ellen conhecia bem, nem teria mesmo outra opção, já que 95% dos meus pares eram da marca.
O sapato era fechado na frente e estilo sandália na parte de trás, tinha a cor bege e uma fivela dourada enfeitava a parte superior do pé, ele tinha um pequeno salto que dava toda a diferença. Eu adorava aquele modelo porque era simples e elegante, além de combinar com quase todas as minhas roupas.
Me vesti e passei minhas coisas para uma bolsa pequena na mesma cor do sapato que eu estava usando. Peguei meu celular e vi que estava bem na hora. Me olhei no espelho do quarto e fiquei feliz com a minha produção, aproveitei para passar meu perfume. Eu estava tão eu e tão linda.
Meu celular vibrou poucos segundos depois com uma mensagem de Ellen avisando que acabou se adiantando um pouco por conta da ansiedade e que já estava me esperando na porta do prédio. Meu coração acelerou e fiquei com frio na barriga, como se fosse a primeira vez que teríamos um encontro.
Oficialmente, era verdade, aquele era nosso primeiro encontro. Claro que não criei grandes expectativas, não esperava andar de mãos dadas com ela pelo shopping ou algo assim, mas desejava fortemente que o dia fosse gostoso e proveitoso, que pudéssemos nos conhecer melhor, criar algum vínculo e abrir ainda mais espaço para aquela paixão florescer.
Enquanto esperava o elevador me levar ao meu destino, senti uma ansiedade enorme de ver como ela estava e qual seria sua reação ao me ver. Quando as portas de metal se abriram, vi a silhueta dela encostada no carro com as mãos no bolso pelo vidro do portão.
Cumprimentei o porteiro e ele abriu o portão para mim, e foi aí que nossos olhares se cruzaram, um ligeiro silêncio tomou conta por alguns segundos, sendo quebrado por Ellen mesmo, que trouxe seu corpo ao encontro do meu, segurou minha nuca com uma das mãos, seus dedos enrolando em meus fios e usou a outra mão para puxar minha cintura para perto.
Ela me deu um semi abraço e um beijo demorado no canto da boca. Todos os meus pelos se eriçaram naquele momento, não sei se era seu toque, seu cheiro, seu beijo, sua presença. Eu sabia apenas que aquela mulher me tinha nas mãos, mas que eu não poderia deixar que ela percebesse isso tão facilmente. Eu não queria estar mais tão vulnerável.
— Eu não fazia ideia de que você podia ficar ainda mais linda, Julie. — Ela falou para mim e eu senti minhas bochechas corarem.
— Obrigada, digo o mesmo para você. — Ellen estava vestindo uma calça de linho preta, uma blusa branca com mangas curtas com um tecido bem levinho e o sapato... era exatamente igual ao meu. — Lindo par de sapatos! — Elogiei sorrindo. Ela olhou para os nossos pés e riu junto comigo.
— Parece que você também tem bom gosto. — Ela respondeu enquanto abria a porta do carro para mim.
Conversamos muito pouco pelo caminho, achei que Ellen viria dirigindo, mas ela pediu ao motorista, segundo ela, porque não queria que eu a visse sem paciência em busca de uma vaga no estacionamento do shopping. Ela segurou minha mão algumas vezes durante o trajeto e o toque dela me causava uma sensação que eu ainda não sabia descrever muito bem.
— Você quer primeiro ir ao cinema para olhar os horários dos filmes e comprar os ingressos ou quer comer alguma coisa antes? — Ellen me perguntou quando chegamos ao shopping.
— Acho que podemos ir ao cinema primeiro para garantir que escolheremos um bom horário e um bom filme, depois pensamos em algo para comer. O que acha?
— Perfeito.
Fomos em direção ao cinema e eu estava sendo completamente guiada por ela porque nunca havia frequentado esse shopping antes. Não por falta de vontade, mas porque as coisas eram extremamente caras e as lojas eram daquelas que você não comprava uma peça por menos de quatro dígitos.
Vimos os filmes que estavam em cartaz e decidimos assistir a uma comédia romântica que começaria em trinta minutos. Assim, comer acabou ficando pra depois mesmo. Ellen escolheu comprar os ingressos na máquina de autoatendimento e me pediu ajuda para escolher os assentos. Claro que escolhi a última fileira, além de termos mais privacidade, era muito melhor assistir de cima. Abri minha bolsa quando estava perto de finalizar a compra e tirei minha carteira para pagar os ingressos.
— Não, não. Nem se preocupe com isso, eu te convidei, é por minha conta hoje. — Ela nem me deu chance de rebater, já guiou minhas bolsas para dentro da bolsa.
— Tudo bem, só por hoje. — Respondi. Ela terminou de finalizar a compra, pegou os ingressos e perguntou se podia deixar comigo.
— Ok, trinta minutos, podemos ir ao banheiro e comprar pipoca ou algo assim para não sentirmos tanta fome.
— Concordo, boa ideia.
Fomos ao banheiro bem rapidamente e logo nos encaminhamos para comprar a pipoca. Ela escolheu um combo que vinha pipoca doce e salgada misturadas e dois refrigerantes enormes. Perguntou se eu tomava e qual eu preferia, respondi e ela pediu igual ao meu.
Olhamos o relógio e ainda faltavam quinze minutos para o início do filme, a sala seria aberta em cinco minutos. Nos sentamos em umas mesinhas altas que tinham no local e começamos a beliscar a pipoca.
— Vamos tirar uma foto? — Ellen disparou e eu fiquei corada pela segunda vez naquele dia.
— Claro, vamos sim. — Respondi quando minha alma voltou ao corpo. Ela se levantou e caminhou até a mim. Se posicionou ao meu lado, atravessando seu braço em torno da minha cintura e deixou nossos rostos bem próximos.
— Um, dois, três e... — Ellen sorriu e seus olhos se fecharam levemente. O clique foi feito e, obviamente, a foto ficou linda com celular telefone intergalático.
— Me passa essa foto, ficou linda.
— Passo sim. — Ainda em pé ao meu lado, ela abriu minha conversa e enviou a foto pra mim. Em seguida, abriu novamente a galeria na foto e mexeu em algumas coisas. Ao bloquear a tela do celular, vi que ela tinha colocado a selfie como bloqueio de tela e meu coração palpitou.
Meu Deus, eu estava parecendo uma adolescente apaixonada pela primeira vez! Ela estava se superando, eu nem sabia direito o que dizer ou como agir, só lembrava o tempo inteiro de ser eu mesma.
Quando percebemos, já estava na hora de entrarmos na sala e assim o fizemos. Fiquei impressionada com a estrutura daquela sala de cinema, nunca tinha visto algo assim. Os assentos eram enormes, reclinavam, mais pareciam uma cama.
Pelo visto, ser rico não era tão difícil assim. Mas para ser sincera, nada daquilo era mais importante para mim do que estar com Ellen e aproveitar cada segundo da sua presença.
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Boa noite, meninas! Espero que gostem do capítulo. Está muuuuito difícil para eu escrever, minha mente tá um turbilhão de coisas e estou com dificuldade de concentração, mas não vou desistir de terminar essa história linda. Que esse amor continue florescendo entre as duas!!
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À sua disposição (Romance sáfico)
ChickLitJulie Rodrigues é uma jovem de 26 anos que é apaixonada por uma marca de sapatos. É formada em Letras e trabalha como revisora de uma editora do Rio de Janeiro. Ellen Gardner é estilista e dona da marca de sapatos que Julie tanto ama. Ellen é determ...