Capítulo 7 - Julie Rodrigues

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Acordar ao lado daquela mulher me trazia um sentimento que nunca imaginei que poderia existir. Era estranho se afeiçoar tanto a alguém em tão pouco tempo, sem convivência, sem saber sua história a fundo, quer dizer, sem conhecer. Eu sabia que não era uma paixão à primeira vista, mas era algo como um desejo enorme, uma curiosidade em conhecer essa mulher e em fazer parte de sua vida.

Ellen era muito bonita e eu não me importaria de ficar ali observando sua beleza durante horas, agradeci mentalmente por ser sábado e fiquei torcendo pra que ela demorasse um pouco mais para acordar. Ela não dormia igual a uma princesa, o que conferia a ela ainda mais charme. Sua expressão era tranquila, mas a respiração era forte e pesada. Os fios de cabelo caiam pelos seus ombros e era possível perceber que estavam embolados.

Uma preguiça enorme tomava conta do meu corpo e foi inevitável esfregar os olhos com as costas das mãos e ceder a uma espreguiçada. Nem dava para saber como estava o dia lá fora. O ar condicionado estava ligado numa temperatura perfeita e o quarto estava escuro, graças a cortina corta-luz.

-Reeba, já acordou? - Ellen disse em um sussurro com a voz de sono e os olhos ainda fechados.

Não era a primeira vez que ela me chamava de Reeba, eu não sabia o que significava e apesar de estar curiosa, confesso que tinha medo de descobrir porque ela me chamava assim.

-Sim, neneca. - Eu respondi tirando o cabelo do seu rosto e ensaiando um cafuné nela.

-Quer levantar para tomar café? - Ela perguntou virando o corpo para cima e se espreguiçando bem devagar. Os olhos não pareciam querer abrir.

-Só quando você quiser, não estou com pressa, pode dormir mais um pouco. - Respondi, ela bocejou e sorriu de lado.

-Sério?

-Uhum.

-Está bem, pode ficar à vontade. Se quiser tomar um banho, passear pela casa, fique à vontade.

-Pode deixar, vou te ver dormir mais um pouco. - Continuei fazendo cafuné em Ellen. O cabelo dela era tão macio e cheiroso, que eu tinha vontade de beijar sua cabeça, mas me contive.

Ela não demorou nem um minuto e pegou no sono novamente. Imaginei que o cansaço fosse grande, até porque ela não é só empresária, mas também é responsável por desenhar toda sua coleção. Imagino que a carga de trabalho seja enorme.

Levantei-me da cama com cuidado depois de algum tempo e saí do quarto, não queria fazer barulho, então fui tomar banho no banheiro social do apartamento de Ellen, que também era espaçoso e muito bem decorado. Diferente da suíte em seu quarto, esse não tinha nenhum artigo pessoal, só alguns produtos como shampoo, condicionador e sabonete líquido no box, e na bancada, a saboneteira com sabonete em barra.

Tomei um banho relaxante e demorado, deixei a água cair sobre meus ombros e aproveitei o momento de conexão para fazer minhas afirmações. Era difícil não fazer minha rotina matinal, mas quando dormia fora, eu ficava um pouco sem jeito de fazer na frente das pessoas.

Quando terminei o banho, peguei a toalha do dia anterior e me sequei, enrolando-me nela em seguida. Me olhei no espelho e dei uma leve penteada nos meus cabelos com os dedos, prendendo os fios em um coque desajeitado logo depois. Estava prestes a sair do banheiro quando ouvi a campainha tocar e levei um baita susto.

Ellen estava dormindo e era impossível subir sem ter o acesso, o que significava que era alguém que ela conhecia e que tinha as chaves da entrada do prédio ou ela acordou e pediu alguma coisa enquanto eu tomava banho, mas achava pouco provável, já que não ouvi nada.

De toda forma, saí do banheiro e segui para o quarto, afinal de contas, a casa não era minha e eu não me sentia confortável de ir até a porta. Quando entrei no cômodo, Ellen estava se vestindo de forma apressada.

-Ellen? Eu ouvi a campainha, imaginei que tinha acordado.

-Eu preciso que vá embora, pode se vestir? - Ela falou enquanto jogava algumas peças de roupa para mim.

-O que? - Peguei as peças no ar sem entender absolutamente nada e a campainha fez barulho mais uma vez.

-Julie, escuta, é minha mãe na porta, só pode ser ela. Preciso que vá embora, antes que ela comece a me infernizar.

-Tudo bem. - Eu respondi totalmente sem reação, começando a me vestir em seguida. Ellen estava quase saindo do quarto quando se virou para mim.

-Eu vou levá-la para o escritório, será que consegue sair quem ela te ouça?

-Eu não sei, Ellen. Mas ok, eu vou tentar. - Aquela pergunta me atingiu em cheio. Era como se eu fosse uma foragida em sua casa e não pudesse ser vista por alguém de sua família. Por que será que ela estava tão agitada e nervosa? Não era possível que sua mãe não sabia sobre sua sexualidade, era?

Terminei de me vestir da melhor forma possível, peguei minhas coisas e fui saindo em silêncio do quarto, tentando ouvir onde as mulheres estavam. Eu já conhecia a casa e sabia exatamente onde ficava cada cômodo, era possível eu sair do apartamento sem ser vista pela mãe de Ellen, desde que as duas não saíssem do escritório.

Enquanto andava a passos leves, um sentimento horrível começou a tomar conta de mim e me senti extremamente mal e desconfortável por estar naquela situação. Eu jamais imaginaria passar por algo parecido e era como se tudo o que vivemos na noite anterior fosse mentira, um sonho distante.

Momentos antes, eu estava na cama com Ellen e agora eu saía de seu apartamento às escondidas. Abri a porta bem devagar e saí do apartamento, nem quis esperar o elevador, desci pelas escadas de emergência e suspirei aliviada quando me vi fora daquele prédio.

Definitivamente, eu não queria passar por aquilo de novo, mesmo que isso significasse não me envolver mais com Ellen Gardner, mesmo que isso significasse abrir mão de tudo o que eu poderia viver com aquela mulher que não saía mais dos meus pensamentos.

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Quem é vivo, sempre aparece kkkk sei que tô demorando a postar essa história, mas é por um bom motivo. Estou me dedicando muito a continuação de Você me aceita? que quero publicar até o dia 15/03. 

Espero que gostem demais da história de Julie e Ellen e me digam o que acham que vai acontecer agora com esse romance?

À sua disposição (Romance sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora