Capítulo IV - Algodão doce

127 19 3
                                    

Vários grupos de adolescentes se encontravam na doceria para estudar e jogar conversa fora no fim da tarde, era praticamente uma rotina. As aulas acabavam uma hora antes de fecharem a loja, e o ambiente acolhedor era perfeito para revisar as matérias do último horário, ou simplesmente para falar mal dos professores enquanto apreciavam uma fatia de bolo. Mas tinha um grupinho de estudantes em especial que havia chamado a atenção de Jin, mas não de um jeito bom.

Um garotinho que aparentava ter uns 15 anos era intimidado por brutamontes mais velhos e maiores. O homem observava tudo por de trás do balcão, na esperança de que os garotos parassem sem que precisasse intervir, já que poderia causar problemas se fosse até lá. Então, viu Jimin vindo em sua direção.

— Ei, Jimin, —sussurrou de modo que apenas o mais novo pudesse ouvir— poderia por favor ir até aqueles estudantes —apontou discretamente para a mesa onde se encontravam— e pedir para que deixem o garoto em paz?

— Sim senhor, —deixou a bandeja sobre o balcão enquanto olhava para a mesa— só não prometo que vou pedir isso em voz baixa.

O Park foi se aproximando da mesa com um semblante sério. Os dois rapazes nem notaram sua presença e continuaram a incomodar o rapazinho.

— Com licença, —limpou a garganta, tentando chamar atenção— Vocês estão com algum problema?

— Qual foi? —um dos bullys se levantou, e a diferença de altura entre ele e Jimin ficou mais perceptível— Quer se juntar com o emo aqui?

— Vou entender isso como um sim. Deixem o menino em paz por favor, ou eu vou ter que ir atrás do professor de vocês.

O rapaz empurrou o ombro de Jimin, enquanto seu companheiro se levantou.

— Escuta aqui, quem você pensa que é?

"Park Jimin, 20 anos, estudante de psicologia, que provavelmente vai parar na delegacia por quebrar uma cadeira nas costas de um estudante do ensino médio de tanta raiva" Pensou, mas não disse.

— Quem tem que perguntar isso sou eu, —cruzou os braços— quem VOCÊ acha que é pra ficar intimidando os outros?

O único reflexo que Jimin teve foi de fechar os olhos e se encolher quando o adolescente em sua frente levantou a mão em menção de te dar um tapa.

Mas o tapa não veio.

Abriu os olhos e viu Jin segurando o braço do rapaz com força.

— Se você e seu coleguinha não saírem daqui agora eu vou chamar a polícia. —disse com os dentes semicerrados— E se voltarem aqui de novo, eu mesmo cuido disso.

O olhar do Kim era intimidador. Não ousaram fazer nenhum barulho.
Assim que Jin soltou o braço do jovem, os dois saíram em silêncio. Foi possível ouvir alguns barulhos de câmera e ver alguns flashes. As vozes altas e animadas se reduziram à sussurros abafados.

— Vocês estão bem?

— Olha, eu tô sim, —a atenção dos mais velhos se voltou para o garoto encolhido na cadeira— mas e você, tá tudo bem? Seu rosto tá machucado, eles te bateram?

— E-eu tô bem, —colocou as mãos sobre a mesa— Isso no meu rosto é outra coisa, não foram eles eu acho...

Falava baixinho, quase que sussurrando, claramente não parecia bem, e isso preocupou Jin.

— Jimin, —o rosado entregou seu celular desbloqueado para o loiro— ligue para Namjoon e peça para que ele traga um kit de primeiros socorros por favor.

— Namjoon? —o garotinho disse em voz baixa— O professor de matemática?

— Sim, conhece? Ele dá aula pra você?

— Sim, ele é um b-bom professor...

— Mas e você, qual seu nome?

Suspirou enquanto passava a mão na franja curta. O Kim percebeu alguns machucados em seu pulso e antebraço quando a manga da blusa se abaixou um pouco.

— Jeon, Jeon Jungkook.

🍭

Os machucados na face de Jungkook eram recentes. Jimin percebeu isso enquanto passava o algodão embebido em álcool nas bochechas do garoto, que fazia uma careta engraçada toda vez que o mais velho encostava o algodão em sua pele.

— Jungkook, —o professor puxou uma cadeira, sentando-se na mesma, ficando na frente do moreno— quem fez isso em você?

— Meu gato.

— Isso não foi um gato, eles não arranham assim. —Park terminou de colocar o curativo nos cortes e se levantou, guardando as coisas na maleta branca, fazendo menção de sair do local— Não foi só um arranhado nem um corte proposital. Vou deixar vocês conversando, talvez você se sinta mais confortável só com ele.

De fato, Jimin era muito observador, e estava certo. Jeon não sabia mentir direito, apesar de fazer isso com frequência quando se tratava de seus pais.

— Você sabe que pode confiar em mim, certo? —Namjoon segurou as mãos do mais novo, que assentiu positivamente com a cabeça— Preciso saber o que aconteceu com você pra poder te ajudar. Pode não ser fácil, mas vamos fazer o possível. Agora me conta, quem fez isso com você?

O adolescente olhou por toda a doceria para ver se ainda havia alguém por lá. O estabelecimento estava vazio, já que fechava às 18:00, e o relógio já marcava 18:04.
Juntou coragem, dando um longo suspiro antes de falar.

— Meu pai. —o mais velho sussurrou um "continue"— Tivemos uma briga hoje de manhã e ele jogou um vaso de porcelana em mim. Ele faz isso com bastante frequência. Minha mãe nem tentou impedir, como de costume, ficou mais preocupada com a porcelana do que comigo —desviou o olhar, frustrado— Antes de ir pra aula, disse pra ela que ia dormir na casa de um amigo.

Namjoon ouvia tudo atentamente. Teve pais que sempre foram compreensivos consigo, e não conseguia entender o que Jungkook passava em casa, apesar de imaginar a situação. Sempre que dava aula em sua turma ou o via nos corredores da escola ele parecia ser um bom aluno, e um bom filho também, e não teria motivo para tal ato.

— Isso é muito sério, Jeon. —coçou a nuca, comprimindo os lábios— Está ficando tarde, você já entrou em contato com esse seu amigo?

Jungkook sorriu amarelo.

— Acontece que eu não tenho nenhum amigo.

🍭

MAIS UM, SEGURA PEÃO!!!! Jungkook também é outro que só sofre nessa história, é um dos personagens que mais sinto vontade de abraçar e proteger desse mundo cruel (dos pais dele principalmente)

Quem clicar na estrelinha ganha algodão doce⭐

Sweet CandyOnde histórias criam vida. Descubra agora