Capítulo XXI - Chocolate quente.

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— Estamos aqui reunidos por um motivo. —Yoongi começou a falar enquanto segurava uma caneta— Provar a inocência de Kim Seokjin. —comprimiu os lábios e olhou para Taehyung, que olhava apreensivo— Alguns de vocês conhecem ele há pouco tempo, —bateu a mão na mesinha de centro, fazendo com que os presentes se assustem— mas é tempo suficiente para concluir que o réu é inocente. Dúvidas?

Jungkook, Hoseok, Jimin e Namjoon se entreolharam confusos. Não conseguiam assimilar a fala de Yoongi com seu perfil. Logo Taehyung mordeu o lábio inferior contendo uma risada.

— E como o senhor doutor pretende fazer isso? —provocou o Kim— O Jin foi acusado de assassinato, não de pequenos furtos igual os bandidos que você tentou defender naquele fim de mundo.

—Opa opa, —o Min se ajoelhou na altura da mesa, apoiando os cotovelos na madeira fria e descansando o queixo nas mãos cruzadas— se é meu cliente, não é bandido. E espero que não esteja debochando das minhas habilidades no tribunal.

— HOMEM DE DEUS, —se levantou em um salto— ESQUECEU QUE POR CAUSA DESSES SEUS "CLIENTES" —fez aspas com os dedos— VOCÊ NÃO PODE ADVOGAR MAIS?

— PARA DE LEMBRAR. —Yoongi também se levantou, apontando o dedo para Taehyung— O VINCENZO NÃO TINHA LICENÇA PRA ADVOGAR NA COREIA E OLHA O QUE ELE FEZ!

— TENHA SANTA PACIÊNCIA! TÁ ACHANDO QUE ISSO AQUI VIROU DORAMA? VÊ SE ACORDA PRA VIDA.

Os outros se retiraram da sala um a um. Era até engraçado ver os dois amigos brigando, mas o assunto ainda era sério.
As ferias, ou melhor, o recesso escolar já havia acabado. Seokjin estava preso há algumas semanas, e depois da visita de Namjoon, não apareceu mais. Nenhuma carta foi encontrada.

Jungkook colocou a mochila em suas costas seguindo Jimin até o portão, já que o loiro iria levá-lo para a escola nesse dia. Estava prestes a subir na moto quando ouviram Yoongi gritando de longe.

— Acho melhor você ir com o Namjoon, —colocou as mãos no joelho, ofegante— digo, você Jungkook. Ele quer conversar com você no caminho.

O adolescente tirou o capacete e entregou para o Park. Andou em passos rápidos até o carro cinza do Kim já presumindo que iria chegar atrasado para a primeira aula, mas sem problemas já que estava junto de seu professor.

"Ele está agindo estranho" Jeon ouviu os sussurros de Yoongi e começou a andar devagar. "Estranho como?" Foi a vez de Jimin questionar. "Precisamos contar um segredo, pra você e pro Hobi, assim que o Namjoon sair com o Jungkook."

Parou na frente do automóvel, onde Namjoon esperava. Se sentou em silêncio no banco do passageiro. Em silêncio, ao contrário de sua mente que parecia barulhenta demais. Não percebeu que o homem já havia dado partida, nem sequer notou que já estavam andando.

— Jeon, —seu corpo gelou— o cinto, você esqueceu de colocar. —murmurou um "ah", passando a fivela pelo corpo— Parece um pouco tenso, aconteceu alguma coisa?

— Nada, é que... —não podia contar o que tinha acabado de ouvir, então tratou de pensar em uma desculpa rápida— Eu ainda não consegui digerir o que aconteceu nesses últimos tempos.

— Jimin agora é pai, a casa tá cheia, Jin foi preso, é coisa demais até pra um adulto entender... —o mais novo apenas balançou a cabeça— E você ainda perdeu os pais, não perguntei antes porque achei que seria inconveniente, mas como você se sente em relação a isso?

— Não sei, indiferente talvez? Não é como se eles tivessem virado os melhores pais do mundo depois que morreram. —deu de ombros— Nunca recebi uma gota de amor vindo dos dois, nem de outros parentes, que inclusive nunca me deixaram conhecer. Eu só vi o rosto da minha vó uma vez, senhor Kim. Ela tinha me chamado por um outro nome e depois me falaram que ela tinha sido diagnosticada com demência e achava que eu era um filho dela que fugiu de casa. Depois que eu conheci vocês, vi o que era família de verdade. E se foi o senhor Jin que matou aqueles dois, quero agradecer a ele depois. Por mais insensível que pareça, estou bem melhor agora. Ele deu fim a uma parte dolorida da minha vida.

— Entendi. —estacionou o carro, saindo do mesmo— E você se sente melhor agora? De verdade?

— Sim, parece que finalmente estou vivo, agora eu vou focar nos meus sonhos e me divertir sem preocupar em levar surra quando chegar em casa. —sorriu doce, mas Namjoon retribuiu com um sorriso amargo— Vou indo, acho que consigo chegar a tempo de pegar o começo da segunda aula, até mais tarde.

Acenou e saiu correndo até o enorme prédio. Já Namjoon encostou no carro, pensativo. O garoto se sentia feliz após a morte dos pais, como isso era possível? A liberdade surge de uma maneira diferente para cada pessoa. Mas a sua ainda não veio.

E pelo andar da carruagem, demoraria a vir.

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