Capítulo VII - Brownie

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— Fica esperto, Yoongi. Não quero você oferecendo nada pra ninguém aqui entendeu?

— Que estresse é esse, docinho. —soprou a fumaça do cigarro, apoiando seus cotovelos no parapeito da varanda— Não mexo com isso mais não. —virou o pescoço, podendo ver Jin olhando fixamente em seus olhos. Um arrepio percorreu sua espinha— Ai credo o clima até esfriou aqui, não dá pra esconder nada de você.

— E por favor, se o Jungkook te pedir pra ensinar ele a tocar aquela merda de guitarra ou te mostrar alguma coisa da escola, letra de música ou sei lá o que, seja receptivo e ajude ele.

— Parece que o coraçãozinho do nosso Seokjin tá amolecendo hein, qual é a desse moleque?

— Ele é muito importante pro Namjoon, o garoto também passa por muito problema em casa e na escola, não custa nada ajudar. Você sabe o que eu acho disso.

— Se é problema que ele tem, —o mais novo umedeceu os lábios— eu tenho a solução.

O homem de fios cor-de-rosa foi se retirando do local, mas antes se virou para olhar seu amigo.

— Se cuida, Yoongi.

🍭

O cheiro de brownie se fez presente por toda a cozinha, indicando que já estava pronto. Seokjin tirou a forma de dentro do forno sorrindo, feliz por mais uma de suas receitas ter dado certo.
Cozinhar é seu maior prazer. Ele conseguia se entender bem com toda e qualquer receita, doce ou salgada (apesar de seu amor por açúcar ser maior). Qualquer um que visse Jin cozinhando poderia associar a uma obra de arte. Tal qual como um pintor pinta uma tela com maestria, o homem manuseava os utensílios e ingredientes com afinco, demonstrando confiança e amor pelo o que faz.

— Parece entretido, —colocou a forma quente sobre a mesa, onde Jungkook estava sentado mexendo no celular— conversando com alguém?

— Sim! —levantou a cabeça sorrindo, assim como esteve durante todo o dia— entrou um aluno transferido na minha sala, o nome dele é Kai, Huening Kai. Ele é havaiano, o pai dele é brasileiro e a mãe chinesa, tem duas irmãs, uma mais velha e uma mais nova, gosta de... —puxou fôlego antes de continuar— Esqueci. Mas ele fala muito e isso é bom, já que eu prefiro ouvir. Ele é muito legal Jin, espero que sejamos bons amigos um dia.

— Também espero, —cortou o brownie em quadradinhos, tirando um pedaço e colocando em um prato, oferecendo para o garoto— fico feliz em ver você fazendo amigos, qualquer dia chama ele pra ir na doceria.

Jungkook assentiu com a cabeça e agradeceu pelo doce, experimentando o mesmo. Jin se virou para buscar o pote de sorvete de creme no congelador, mas parou na metade do caminho ao ouvir a voz de Jungkook.

— Ei, —comprimiu os lábios e em seguida sorriu— obrigado por me deixar passar a noite aqui de novo.

Seokjin sorriu de volta. Esse garotinho estava arrancando muitos sorrisos de si, e o homem sabia muito bem como isso iria acabar.

🍭

Jin terminava de passar os docinhos no granulado, colocando em forminhas sobre uma bandeja, quando Jimin desabou no balcão.

— Aconteceu alguma coisa que eu precise saber?

— Eu realmente não sei o que fazer, Jin. —o loiro passou por debaixo do balcão, abraçando o mais velho, que continuou indiferente— Será que eu vou ser covarde por deixar ela passar por essa gravidez sozinha?

"Se você não sabe, imagine eu." Pensou Jin, respirando fundo.

— Você seria covarde se engravidasse ela e fugisse da sua obrigação como pai, —falou enquanto retribuía o abraço, rodeando o corpo do menor com seus braços— mas se o pai não é você, ela deve se virar e ir atrás do amante. Acredite Jimin, você não tem culpa nenhuma nisso. —se afastou, arrumando seu avental— Você é quase um anjo, eu diria, essa garota só não sabe ainda o que perdeu.

— Sabe, ela disse que foi atrás do cara mas ele sumiu. Eu perguntei se ela queria mesmo ter aquele bebê, e a resposta foi sim. Disse que sempre queria ser mãe e que tava demorando muito comigo, por isso foi atrás de outro. Eu não sei, de qualquer modo foi uma traição, e ela nunca disse pra mim que queria ter um filho. Eu sei que eu sou meio lento com essas coisas e ela não foi a primeira a me trair, mas é só meu jeito poxa.

— Jimin, escuta —se soltou do abraço, ficando frente a frente com o rapaz, segurando em seus ombros— você pode ajudar ela a cuidar dessa criança por consideração ao que vocês tiveram, dar algum suporte durante a gravidez ou sei lá, mas isso tem que vir de você. Sobre perdoar ou não, eu realmente não sei o que dizer, mas saiba que você não é errado por ter uma escolha diferente das outras pessoas, ok? Como você mesmo disse, é seu jeito, não se force a fazer algo por pressão dos outros.

Envolveu novamente o mais jovem em um abraço. Estava criando laços profundos com ele e Jungkook. Pareciam dois irmãos que precisavam de conselhos e atenção de um pai.

E no fundo, Jimin precisava mesmo.
Foi criado até os cinco anos somente pela mãe, uma mulher muito religiosa que se casou e teve filhos muito cedo, a maioria morreu um ou dois dias depois do parto, apenas o segundo, batizado de Park Jimin sobreviveu. Na época em que foi praticamente forçada a casar com um pastor 20 anos mais velho que ela, tinha apenas 14 anos. Teve Jimin com 15, e morreu com 20, no parto de seu 6° filho, que também não resistiu. O pequeno Park foi morar com a avó, que tinha muita fé em Deus. Mas não uma fé bonita, uma fé sufocante. O garoto só podia ter amigos que frequentavam a mesma igreja, e não frequentava a escola, já que a mais velha dizia ser uma "coisa do mundo", e que iria corromper seu menininho. Tinha aulas em casa, com a supervisão da avó. Não tinha acesso a internet, tampouco celular. Mas Jimin sempre foi esperto, mantinha amizades na igreja que sua vó aprovava, e usava a desculpa de que ia em encontros de jovens para sair com eles. E por incrível que pareça, todos guardavam esse segredo.

Seu melhor amigo era Lee Junseo, filho de um pastor assim como ele. Mas a diferença é que seu pai casou-se com sua mãe por amor, não por obrigação, no tempo certo, e era presente na vida dos filhos. E Jimin tinha certa inveja disso.
Sua avó foi obrigada a matricular o Park em uma escola quando este tinha 16 anos para cursar o ensino médio. No último ano, Jimin fez uma prova que iria decidir todo o seu futuro e sua liberdade. Passou em psicologia numa universidade em Seul e depois disso nunca mais voltou para Busan, sua cidade natal.

Alguns costumes e crenças que foram forçadas a fazer parte da vida do rapaz continuam até hoje, e por mais que finja não acreditar em nada, o peso disso se faz presente no seu subconsciente. Uma prova disso é a "regra" que ele tem em sua cabeça de só fazer sexo depois do casamento.

Seokjin tinha o dom de atrair pessoas mentalmente instáveis e com passados duvidosos para sua vida, era como um ímã. E todas elas refletem algo que já aconteceu consigo.

— Desculpe, eu... —Jimin se afastou de seu chefe meio sem jeito— Esqueci que temos clientes, vou indo.

Se retirou antes que Jin pudesse dizer alguma coisa. O que Jimin iria fazer em relação a ex namorada e aquele bebê não era da responsabilidade dele, então não pensou duas vezes antes de descartar o assunto de sua mente.
Seu problema era outro.

🍭

Tô achando a história dele parecida com a da Ju...

MAIS UM HEIN HUEHUASHUAEHSUAE

Quem clicar na estrelinha ganha um pedaço de brownie com sorvete de baunilha⭐

Sweet CandyOnde histórias criam vida. Descubra agora