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Monte Carlo, Mônaco

Ana Carolina nem acreditava que finalmente estava dormindo em sua cama, tomando banho em seu chuveiro e usando roupas que não estavam amarrotadas de ficar na mala. Tinha passado uma semana em Paris, duas em Genebra e depois três semanas na estrada trabalhando. Aquela semana em casa, apesar de curta, era mais do que merecida.

Tinha chegado em casa na segunda-feira, ainda extasiada pela vitória de Daniel e por ter assumido publicamente seu relacionamento com Mick. Na terça-feira tinha passado o dia trabalhando em seu quarto, revezando-se entre a cama, a escrivaninha e a poltrona. Mas a quarta-feira tinha chegado e era o dia da estreia do documentário sobre a carreira de seu sogro na Netflix, e a garota estava animada, pois apesar de ter acompanhado várias coisas de perto ao longo dos anos, era sempre bom saber o que as pessoas ao redor do heptacampeão pensavam.

Ana e Ayrton tinham combinado de assistir o documentário depois de jantarem. O mais velho tinha ido ao mercado mais cedo para comprar algumas coisas para a casa e aproveitou para comprar algumas coisas que sabia que a filha gostava de comer quando assistia filmes, como chocolates e alguns doces.

A dupla não via a hora de jantar para poder assistir ao filme. Claro que eles poderiam assistir antes, mas combinado era combinado e eles esperariam até depois do jantar para ir para a sala. E a hora do jantar nunca demorou tanto para chegar.

Quando chegou o horário que estavam acostumados a comer quando estavam em casa, pai e filha se sentaram à mesa e comeram em silêncio para não se atrasarem com conversas que poderiam ter depois, quando não tivessem compromisso nenhum. Naquele dia Ana Carolina nunca quis tanto que a regra do pai de não sair da mesa enquanto o outro não terminasse de comer não existisse. A garota foi a primeira a terminar de comer e começou a encarar o pai, como se isso fosse fazer com que ele terminasse mais rápido.

- Pronto! Acabei. Pode parar de me encarar. – disse Ayrton quando colocou os talheres no prato agora vazio.

- Graças à Deus! – respondeu Ana se levantando da mesa. – Eu vou pegar as coisas e levar pra sala.

- E eu vou colocar a louça pra lavar e já vou pra sala. – concordou o pai.

- Não esquece do brigadeiro na geladeira. – falou a garota com os braços cheios dos doces e das porcarias que o pai tinha comprado.

Ayrton nunca tinha colocado a louça na máquina de lavar tão rápido em sua vida, e tinha certeza que tinha quebrado algum recorde, mas não falaria para a filha, pois ela apenas daria risada de sua cara. Depois de organizar tudo na cozinha, facilitando a vida de Margot no dia seguinte, o ex-piloto pegou o brigadeiro que a filha tinha feito na geladeira e seguiu em direção à sala, encontrando a filha enrolada em uma coberta e com o controle do ar condicionado na mão, provavelmente colocando na menor temperatura possível.

- Eu não entendo vocês jovens e essa mania de ligar o ar condicionado e se cobrir até o pescoço.

- É confortável. – respondeu a garota dando de ombros. – E eu não gosto de passar frio.

- Então por que ligar o ar condicionado?

- Porque eu não gosto de passar calor.

- Meu Deus. – disse o mais velho. – Vamos começar o filme logo antes que os doces acabem.

Antes que o pai pudesse terminar de falar a garota já tinha dado início ao filme, e a partir daquele momento o silêncio reinou na casa e os únicos sons que podiam ser ouvidos eram os do filme. Quer dizer, até a parte que Corinna começou a falar sobre o acidente de Michael e chorar, pois Ana também começou a chorar e fungar baixinho, e o choro só aumentou quando Mick apareceu falando que desistiria de tudo para poder conversar com o pai sobre automobilismo.

Always and Forever | Mick SchumacherOnde histórias criam vida. Descubra agora