Always and Forever | Mick Schumacher

xxviii

Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos

A última race week finalmente tinha chegado, e com ela, líder e vice líder do campeonato chegavam à Abu Dhabi empatados, algo que não acontecia desde a década de 1970. Dependendo do resultado da corrida de domingo, Lewis Hamilton poderia fazer história mais uma vez se tornando o primeiro octacampeão da categoria ou Max Verstappen quebraria o jejum de campeonatos da RedBull desde 2013 com Sebastian Vettel.

Além de ser a decisão do campeonato, Abu Dhabi trouxe outras emoções, como a aposentadoria de Kimi e a despedida de Giovinazzi da categoria.

- Você consegue imaginar o grid sem o Kimi? – perguntou Ana Carolina à Mick na manhã de domingo quando ainda estavam deitados na cama enrolando o máximo que podiam para sair do quarto do hotel e encararem o caos que estaria o circuito. – Porque eu não consigo. Ele tá no grid desde que eu me entendo por gente.

- Vai ser estranho. – disse Mick. – Apesar de não falar muito ele sempre prestou muita atenção em tudo o que estava acontecendo. E ele me deu ótimos conselhos durante todo o ano. Sem falar que nós conhecemos ele desde crianças, ele era o tio Kimi.

- Ele odiava quando a gente chamava ele assim. – falou a garota. – Pelo menos ele tem redes sociais, então nós ainda vamos ter notícias dele. Já o Seb, quando aposentar, vamos ter que mandar sinal de fumaça pra saber se ele ainda vai estar vivo.

- Eu sei onde ele mora. Nós podemos ir visitar ele e ajudar ele construir casas para as abelhas. – disse Mick olhando no relógio. – Nós precisamos ir, liebling, ou vamos nos atrasar.

- Eu não quero sair daqui. Se eu ficar aqui, na minha cabeça o Lewis vai ser campeão e o Horner e o Marko vão ficar chorando na garagem da RedBull.

- Mas infelizmente não é assim que funciona, amor, e nós precisamos ir. Minha mãe já mandou mensagem perguntando onde nós estamos e se nós não quisermos que ela invada o quarto atrás da gente é melhor nós irmos nos arrumar.

Com isso, o casal se levantou da cama, mesmo com Ana Carolina insistindo que não precisavam ir, e começaram a se arrumar da forma mais lenta que conseguiam, o que fez com que os celulares de ambos começassem a vibrar loucamente com mensagens dos amigos e dos pais perguntando onde estavam, mesmo que ainda faltassem horas para a corrida começar.

- Meu bem, sua mãe falou que hora que nós estivermos prontos é pra nós encontrarmos ela, meu pai e a Rose no restaurante pra tomar café da manhã. E que não é pra demorar muito.

- Ok! – respondeu Mick. – Liebling, e seu pai e aquela moça que a gente encontrou no estacionamento em Interlagos. O que tá acontecendo com eles?

- Eu não sei direito o que tá acontecendo, porque toda vez que eu pergunto ele muda de assunto, mas parece que ele está andando nas nuvens. – respondeu a garota. – E não fui só eu que percebi. A Charlotte falou a mesma coisa depois do GP do Catar que nós fomos pra casa.

Quando finalmente ficaram prontos, depois de receberem um ultimato de Corinna e de Ayrton para descerem para o café da manhã em família, Ana Carolina e Mick saíram do quarto de mãos dadas, sem medo de que alguém os visse, afinal o relacionamento tinha deixado de ser segredo há tempos, apesar de tentarem manter essa parte de suas vidas o mais privado possível. No caminho até o restaurante encontraram alguns pilotos, inclusive Charles, o maior entusiasta do casal desde que tinha descoberto a paixão da amiga brasileira pelo alemão durante o GP de Mônaco, que não perdeu a chance de tirar uma foto do casal para mandar para a namorada que, por conta de ser final de semestre na faculdade, não pôde o acompanhar nas últimas etapas do campeonato.

Não foi difícil encontrar os três adultos que esperavam pelo casal quando o mesmo chegou ao restaurante, tudo o que bastou foi seguir o som das risadas de Corinna e Rose que riam de um Ayrton envergonhado, o que fez a curiosidade de Ana Carolina se ascender, o que resultou na jornalista puxando o namorado pela mão até à mesa em que os outros três estavam como se sua vida dependesse disso.