CAPÍTULO DOZE.

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Briana Chong.

A espera da advogada estava me deixando com os pensamentos insanos. Como eu queria sair e pedir para que Dylan interferisse nisso e no futuro incerto que Lana nos providenciava, porém sei que ele falaria com toda calma e me explicaria que nessa parte quem mandava era eu e Lana – apesar de eu não ter boca pra nada. 

Minhas mãos estavam soadas e minha boca seca, parecia que a água do meu corpo estava indo toda para elas, deixando o resto na seca.

Não é uma coisa errada ter medo, é humano, e como humana tenho medo de tudo que possa vir ferir as pessoas ao meu redor. Já tive uma personalidade que fazia na impulsiva e isso tirou a pessoa que eu queria mais ajudar, e quase me fez perder as outras que no decorrer do tempo se tornarão importantes na minha pequena vida.

Não quero perder mais ninguém...

- Acha que isso é o certo a fazer ? – questiono com a voz baixa, não atrevo a encara-la, não depois que vi seus olhos ficarem mais escuros que nunca pela vingança que estava planejando para Rafael.

- Sim – ouço um barulho de velhice, provavelmente foi a cadeira – Por quê? – Sua voz sai calma, mas mesmo assim faz o meu corpo se encolher minimamente no sofá.

Penso a respeito de falar a verdade ou mentir. Não que eu seja especialista em mentir, mas morando na casa do Chong, aprendi que o melhor para mim e minha mãe seria  montar uma muralha de mentiras e mais mentiras, entre guardar meus sentimentos e verdades para que nada de ruim acontecesse.

Mentir sobre estar bem ao meu irmão mais novo, em não me importar com que Yom dizia sobre mim e aguentar a alimentação mínima obrigatória, as chantagens e os abusos psicológicos que Chong fazia, colocar uma máscara sempre que passava pelo batente da porta do quarto que ficava minha mãe.

- Rafael, vai querer brigar pelo lugar... – virei o copo que estava em minhas mãos, olhando a água se mover conforme eu ditava – Talvez, essa luta seja em vão... quero dizer, sei que você se sentiu traída...

Lana, ficou de pé em questões de segundos, bufando igual a um touro pronto para atacar o toureiro e meu corpo é que iria levar os chifres e os galopes.

- Traída é uma palavra que não combina comigo – suas sobrancelhas finas e longas se juntam – Trouxa, seria uma palavra que eu usaria para descrever a tolice que foi confiar em um cara que faria de tudo para derrubar nosso pai, não faria o mesmo com a gente ! – ela cruza os braços no peito – Essa luta é sim preciso, para mostrar que mesmo que ele não esteja aqui, as filhas e o aprendiz dele, estão.

Concordei com a cabeça mesmo não estando de acordo, tomei o restante da água antes de colocar o copo na mesinha de centro aonde estava o prato vazio e junto o outro copo.

Não considerava nem Chong como pai nos anos que acreditava ser filha de sangue dele, imagina chamar um homem que pediu para o protegido resgatar a filha recém descoberta. Romero, fez de tudo para se aproximar de mim, mas não deixei... na verdade, não queria me apegar a ele, como se isso fosse possível.

Nunca pedi para ele me contar de como soube que eu, Briana Chong, registrada com o sobrenome de meu passado, era filha dele, essa parte da minha vida ainda era um mistério que, pessoalmente, não estava muito afim de descobrir por agora.

Ouvi passos nos degraus, tive que me conter para não sair do  escritório  e enterrar o meu nariz no peito de Dylan, para ter no mínimo um pouco de calmaria e felicidade.

De algum jeito, ficar perto dele era como ter um chá de camomila pronto por perto, e vou dizer, esse chá me derrubava só pelo cheiro.

Batidas na porta puxaram minha atenção, primeiro pensei que fosse ele que até coloquei meus pés no chão endireitando a postura, mas ao abrir a porta um dos seguranças da mansão entrou com tanta calmaria que deu inveja. Esse era o único sentimento que eu queria no momento.

Russa Perigosa ao Extremo. Onde histórias criam vida. Descubra agora