CAPÍTULO VINTE E NOVE.

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Dylan Ferreiro

Respirando fundo, a conversa do que faríamos para achar quem o Eliot Lapuz tinha dado a autorização para atacar a mim e a Thai ainda percorria em cada pessoa alterada pela adrenalina e raiva no cômodo.

Lana e Gabriel tinham saído do trilho, e antes de me pronunciar com raiva e soltar toda a tensão sobre eles, Briana se endireita em meu colo enquanto sua voz sai com autoridade chamando a atenção dos dois.

Thai e Polo se entreolharam com as sobrancelhas cruzadas antes de me encarar e pedir alguma explicação, como se eu soubesse o do porquê minha mulher estava ganhando a confiança de sua própria voz.

E eu sabia.

O fato pelo qual ela estava mudando, era o mesmo pelo qual eu tinha mudado assim que fui para Rússia contra minha vontade, por Romero.

Quando se mata pessoas com medo de morrer antes de que você consiga voltar para sua cama quente, com comida gostosa te esperando, é difícil não lembrar da última fisionomia da pessoa assim que suas mãos enfiaram uma faca em seu tórax e em poucos segundos sentiram o sangue quente e escuro escorrer pelos seus pulsos manchando o tecido que compunha a blusa social clara.

Matei mais homens na Rússia do que gostaria de admitir para mim mesmo.

Ainda sonho com os rostos que vi pela última vez que queriam me matar sem motivo específico, aqueles são como tatuagens tatuados em meu cérebro.

Todas as vezes que fecho meus olhos consigo ver exatamente cada detalhe de seus rostos, o cheiro do sangue sendo guiado para meu nariz, do último suspiro e da última puxada de ar pelos pulmões ainda em funcionamento crítico, das mãos molengas tentando me puxar pedindo ajuda como um último ato de um ser humano em pura euforia de medo.

A maioria sente medo do que vai encontrar após sua morte, e muitos não gostam do jeito que vão morrer, com isso, suas mãos agarram até  a blusa de seu assassino para pedir ajudar.

Para pedir vida, novamente.

Mas de todos os rostos que já vi se desfazerem em expressão de desespero a nada, o de Kenny Rumos é o que mais me perturba durante os anos que vive me culpando por não ouvir Willy e nem Romero, que aquela pista era problema.

E a vida que tive que escolher por amor a minha irmã, também seria difícil e problemática.

O cigarro ajuda a deixar esses demônios longes, e como posso parar se a cada dia alguma coisa ruim como, ataques, perseguições e tiroteios circulam minha vida e das duas mulheres que amo ? E ainda agora começaram a ir para meus amigos.

Senti uma mão acariciando minha nuca com as unhas curtas e pintadas de base, Briana me olhava apreensiva, cheia de perguntas que eu tinha as respostas como sempre, mas nada foi dito pela mulher sentada em meu colo.

Apertei seu corpo contra o meu, enquanto acariciava sua coxa com minha outra mão por dentro de seu vestido vermelho que deixa sua pele morena mais linda e os olhos mais destacados, assim como o cabelo solto que dançava em meu antebraço quando sua cabeça se movia para olhar os amigos no cômodo.

O cheiro de frutas vermelhas frescas ainda permanecia em seu pescoço e cabelo.

Puxei o ar com calma para apreciar o perfume dela, enquanto juntava paciência para falar algumas palavras ao restante.

- Então teremos que ter regras e reforçamento de seguranças – começo a dizer com a voz forte a cada palavra – Todos os novos seguranças vão passar por uma reunião e treinamento por mim e Thai, os antigos vão ter o treinamento bruto de Thai e uma reunião severa comigo.

Termino de falar olhando para Lana, não era da minha conta com quem ela dormia ou deixava de dormia, mas com os meus confiáveis ? Isso atrapalhava qualquer confiança que eu tinha com eles sobre o fato de que, se as duas estivessem juntas em um ambiente e começasse um tiroteio ou qualquer outra coisa que deixasse as vidas delas em perigo, Breno ou Gabriel protegeriam a amante, não as duas.

- Thai, poderia começar a chamar os novatos para a sala de treinamento? – pergunto sem tirar ao olhos de Lana, porque ela mesma não desfiava dos meus.

- Sim, senhor – ele respondeu com um aceno de cabeça, sua cara estava melhor pelos remédios que Dona Lucia tinha pedido na farmácia.

- Polo, quero que ligue para Carlos e arranje tempo ainda hoje com ele – me direcionei com a voz para meu confiante – Quero resolver tudo isso ainda hoje, antes de Eliot Lapuz voltar para o jantar.

Com um aceno de cabeça os dois se levantam, Polo olhando de relance para Thai enquanto andavam para a porta do escritório afim de seguir minhas ordens.

Esperei que os dois saíssem, eles não eram obrigados a ouvirem as merdas que tinha para dizer aos três amantes e agora com um pingo de confiança a menos de mim.
Briana, estava observando quieta.

- Breno se junte a nós – Lana se dirigiu a ele com uma voz irritada – Meu irmãozinho quer falar com as pessoas que eu transo, talvez devemos chamar a Gabriela, já que Briana estava aqui – Lana não desvia os olhos dos meus, justamente para provocar – Nada mais justo que uma reunião de amantes.

A respiração de Briana começa a acelerar e seu peito a se mexer igualmente com as puxadas de ar que recebia para controlar a emoção dentro de si, Breno gira a cadeira com o olhar normal e sem qualquer malícia em sua face, já Gabriel não escondia nada quando olhava para minha irmã.

- O assunto não é sobre amantes – digo acariciando a perna morena em cima da minha – E sobre confiança.

- Ah- ah- ah ! Quer falar sobre confiança? Logo você ! – Lana diz aumentando a voz.

Passo a língua entre os lábios.

- Tudo bem. Vamos falar sobre confiança. – ela se levanta do sofá – E a confiança que Gabriela deu a você, e como sempre jogou no lixo?

- Você não sabe do que esta falando Lana. Sugiro que cale a boca. – digo entre dentes.

- Ela tinha confiança em você assim como eu... e você jogou fora! – ela grita.

- Ela entregou Kenny para a morte, como confiar em uma pessoa que mesmo que seja sua amiga enfia uma faca afiada em suas costas! – meu tom de voz sai normal mas com certo tremor de raiva e ódio, sinto o corpo da mulher em meu colo encolher – Ela mesma vai enfiar a faca em suas costas e tirar como se nada tivesse acontecido, e quando isso acontecer vou ser o primeiro a ver.

Lana balança a cabeça em negação fuzilando minha face.

- Os dois não vão mais ser guarda costas dela – falo com o coração batendo forte no peito pela discussão – Ou de minha mulher. A confiança que eu tinha sobre vocês...

Os dois olham com as sobrancelhas cruzadas mas nenhuma palavra é pronunciada contra minha ordem, Lana apenas sorri com deboche olhando para mim e Briana.

- Os três podem ir – digo esfregando a testa.

Lana foi a primeira a passar pela porta e bater ao sair, os dois foram formais enquanto estavam no cômodo, saíram com calma e a fúria nas íris.

Briana tenta se levantar mas coloco a mão novamente em sua perna, agora seus olhos estavam com a mesma expressão da noite da corrida com Ochima.

- Não me deixa sozinho – peço acariciando sua perna por cima do vestido – Preciso de você.

- Eu não ia a lugar algum – em seus lábios uma linha fina curvada para cima surge.

Com os olhos em mim ainda, suas mãos vão para as laterais de meu rosto para aproximar seus lábios carnudos nos meus. Agarro sua cintura com mais força quando ela mesma aproxima o tórax no meu.

Seus lábios se mexer devagar como se quisessem todo o meu carinho, todos os meus sentimentos amostra.

Pedindo passagem com a língua doce, deixo que sua língua dance com a minha como uma sinfonia feita só para nós dois. Seus braços envolvem minha nuca e nossa respiração fica pesada, faltando o ar que tanto tentávamos controlar perto dos outros.

Apertei sua coxa ao mesmo tempo que mordi seu lábio inferior.

- Seja minha agora – digo soltando seu lábio e indo para a parte sensível de seu corpo, o pescoço.

Suas pernas se abrem como uma pétala ao desabrochar, os olhos se fecham e sua respiração entrecortada é o sinal que tanto quero para começar a mexer dentro dela.

Minha mão subia com cada respiração ofegante que recebia dela em meu ouvido, os beijos em  seu pescoço começou a virar mordidinha com chupadas que a deixaram arrepiada com uma facilidade que a deixava louca.

- A porta esta aberta, Dylan – ela diz apertando meu músculo do braço e a pele da nuca – Se alguém... entrar... é fácil para as ... – minha mão relou em sua calcinha molhada – An...

Briana mordeu o lábio com força quando meu dedo foi deslizando por cima do forro da calcinha.

- Ninguém vai entrar se você começar a gemer alto – digo com uma pressão na calça social.

- Eliot esta na mansão, Dylan – sua voz sai fraca.

- Linda, por que esta resistindo ao tesão ? – Pergunto parando de beija-la.

- Não estou. – Sua voz sai baixa e firme – Só quero trancar a porta, Garotão.

Se levantando de meu colo, ela da uma corridinha até a porta com as pontas dos pés fazendo seu vestido vermelho balançar em seu corpo deixando amostra em poucos segundos a forma de seu corpo. Girando a chave na tranca duas vezes, suas mãos conferem uma única vez se trancou antes de girar o seu corpo e me olhar com malícia em suas íris negras.

Vindo até mim, ela se senta a minha frente com as pernas abertas e as mãos para trás das costas sustentando seu tronco, um sorriso de diversão surge em suas lábios e sou pego por ele, no mesmo instante sorriu igual.

Puxo sua perna para meu colo e começo a beijar sua coxa por dentro, morna e perfumada. Sua cabeça tomba para o lado admirando a visão que tinha de mim, beijo o interior de  sua coxa me levantando da cadeira para ficar de frente com ela.

- Gosto da visão que tenho de você – ela diz cruzando as pernas em minha cintura e puxando para perto – Parece um verdadeiro Chefe da Máfia Russa.

- Antes eu não era ? – pergunto, fingindo uma cara de bravo.

- Antes eu não sabia o que você  era capas de fazer... e nem... eu – ela diz abaixando a cabeça em um movimento de negação – Desculpa. Não queria estragar o clima.

Me curvo para beijar sua testa com paixão e compreendimento, após a saída de Eliot da mansão soube e vi que Briana estava tensa e com a feição misturada de sentimentos que vi na primeira noite dela aqui, na mansão, suas mãos amassam minha camisa social branca nas cintura.

- Você não estragou. – digo recebendo seus olhos negros brilhantes – Estamos com muita coisa na cabeça agora.

Ela concorda com a cabeça.

- Posso perguntar uma coisa ? – Bri arrumou minha camisa, aceno com a cabeça colocando uma mexa de cabelo atrás de sua orelha – Foi por isso que tratou Gabriela daquele jeito na pista do Willy?

Um nó se forma em minha garganta com a pergunta repentina, deveria saber que ela nunca esquecia um momento se quer das coisas que já viu no decorrer de sua vida.

- Sim – o nó em minha garganta se solta aos poucos – Ela era amiga minha de Thai, Polo e Kenny.

- Kenny, corria com vocês?– ela pergunta com receio.

Sorrio ao ver que ela tenha medo de alguma de suas perguntas possa vir me machucar, meus ombros começam a relaxar com a conversa que uma vez tive com Dona e Don.

- Sim, ganhamos a maioria das corridas – Respondo apoiando as mãos no topo da mesa – O senhor Rumos era sócio de Romero, foi assim que conheci ele... bom – Faço uma careta – Na pista do Willy foi de vista.

- Também conheceu Gabriela assim ?

- Sim, mas a diferença foi que eu sentia atração por ela e por ele não – digo e suas íris se escurecem – Esta com ciúmes?

- Não! – ela diz com o tom alterado – Só não precisava saber sobre sua atração por ela.

- Eu sentia. – corrijo sua fala - E minha paixão por você? – pergunto e seu olhar e ombros ficam tensos – Precisa saber o quanto me importo com você e não trocaria por nada. Faria e passaria tudo novamente só para ter você em meus braços.

- Dylan... – ela chama meu nome com um tom baixo e seu olhos se enchem de água – Isso é um problema.

- Por que seria um problema, Linda ? – pego seu rosto com minhas mãos.

- Porque se apaixonar por alguém no mundo que nascemos...  – suas bochechas ganham uma cor viva, seus olhos desviam dos meus e suas mãos começam a sair do meu corpo – É suicídio com o próprio coração. É um tiro no pé.

- Me apaixonar por você é um problema sério, isso eu concordo – fico na altura de sua visão para beijar o meio de suas sobrancelhas a fazendo olhar para mim – Porque sou capas de fazer qualquer coisa por você. Até mesmo enfrentar o Chefe dos chefes.

Seus olhos grandes brilham com cada palavra que saíram de minha boca mas não por serem comoventes do jeito que eram para ser, mas sim, por ela saber o quanto essa frase tinha um peso enorme em meu ombro e no dela.

Puxo seu quadril para perto do meu ganhando suas mãos mais presente em meu corpo.

- Isso é problema. – Ela diz com a atenção em meus botões – Você não deveria falar isso.

- Só vai ser um problema... – ergo seu queixo para ter sua atenção em mim – Se Eliot querer machucar ou relar em você.
Meu coração batia forte a cada respiração e toque de seus dedos em mim, seus olhos se reviraram em suas órbitas com um sorriso bobo em seus lábios.

Eu sou capaz de tudo por você, Linda.

(...)

Deixei Briana com Dona na cozinha cantando suas músicas do México, que fez minha mulher dançar assim que pisou no cômodo e estender as mãos para a senhora com um grande sorriso nos lábios.

Dei dois passos para trás entrando na sala novamente, desci as escadas até a garagem com os carros estacionados e a moto de Lana parada ao lado do veículo coberto com uma capa vermelha.

Virando em uma porta que levava para a área de treinamento e academia particular da mansão, vejo os homens parados atrás dos vidros grossos que não deixavam o som passam.
Thai estava na área de treinamento com os vinte novatos do mês.

- Se você  pensa que é pouco... esta enganado. – Polo aparece ao meu lado com os braços cruzados na altura do peito – Perdemos no máximo dez homens no dia do tiroteio do Navio Ferreiro.

Pego o maço de cigarro em meu bolso da calça social e junto o isqueiro.

- Eles cobrem o buraco que falta – passo a ponta cigarro entre meus lábios antes de acender e deixar o gosto de Bri sair de minha boca – Quantos deles sabem que terão que matar ser vivo?

Polo esfrega o queixo liso e bem feito toda manhã, analisando os homens parados no cômodo a frente  com Thai como professor de defesa pessoal e profissional em tiro a distância e queima a roupa.

- Acho que a maioria – Respondendo minha pergunta ele se vira encontrando minhas sobrancelhas cruzadas e olhos semicerrando – Vi a fixa de alguns e a metade tem fixa na polícia local e são poucos que são preocupados por homicídio em outros países.

- Porque não consigo ficar surpreso com nenhuma das suas informações? – pergunto retoricamente acendendo a outra ponta do cigarro e puxando a fumaça para meus pulmões já detonados.

- Talvez seja pela fato que eu sempre tenho um truque na manga para cada pessoa que entra nessa mansão – Polo deixa um sorriso de canto descruzando os braços para colocar as mãos nos bolsos da calça – Tenho até  para Gabriel e Breno...

- Isso não é da minha conta. – puxo mais fumaça para deixar a raiva sobre controle – No entanto – Polo fecha a cara – Quero que planeja algo contra a família Lapuz. Se eles deram a ordem de atacar a mim e Thai, vão deixar acontecer novamente. E quando acontecer quero que estejamos preparados.

- Eliot. O Chefe dos chefes ? – Polo sussurra com um tom de preocupação, aceno com a cabeça batendo no cigarro para cair sua decomposição do papel pelo fogo.

- Surdo, você não né – digo com o cigarro entre os lábios – Quero ter uma vantagem contra ele. Romero tinha.

- Ele sempre tinha contra todos, até mesmo contra mim – Polo fecha a cara olhando para baixo.

- Não se sinta deslocado, sei que ele fez um para mim e cai igual um idiota na armadilha – tento deixar o ar menos pesado – A cama na delegacia são frias e duras.

Dou uma gargalhada quando percebo que Polo balança a cabeça em um movimento negativo com um sorriso em seus lábios.

Ficamos ali observando Thai dando as ordens aos novatos, meu cigarro estava no meio quando o celular de Polo toca e ouço uma voz familiar sair dele.

- Boa tarde, Carlos – Polo cumprimenta calorosamente – Terá um tempo para seu banco pessoal?

- Boa tarde... Ah... Mas é claro eu sim, Polo. – ouve uma pausa na ligação – Poderia avisar ao senhor Ferreiro para me encontrar no píer?

Polo ergue uma sobrancelha para saber uma resposta minha. Puxo mais fumaça antes de pensar do porquê não na delegacia como sempre, e Samuel Canoa veio a minha mente como um tiro relâmpago.

Acenei com a cabeça, confirmando sobre o local.

Se Carlos sabia o que estava acontecendo na delegacia, não teria falado para me encontrar em um lugar novo e aonde ninguém quase iria em um dia de sol por falta de guarda sol.

Thai estava monitorando o aquecimento dos novos seguranças que faziam flexão no chão, e por ser Thai, não acabariam antes de fazer cem.

- Carlos vai encontrar a gente no píer as 16 horas – Polo desligou o celular antes de colocar em seu bolso e virar para dar a informação.

- Ok. – digo batendo o dedo no cigarro – Quero dois carros de seguranças para Briana e Lana.

- Sim, senhor – Polo diz anotando no bloco do celular – Desculpa por ter saído e deixado vocês preocupados.

Ele pede com os dedos digitando na tela acesa, puxo mais um pouco de fumaça antes de soltar pela boca e dar um meio sorriso para o meu irmãozinho menor.

- Da próxima vez que fizer isso, corto um dedo seu – ameaço colocando a mão vazia no bolso.

Polo encosta em meu ombro como entendido, com os cantos dos lábios em um sorriso sem jeito.

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