CAPÍTULO QUARENTA E TRÊS.

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Briana Ferreiro.

Com o dedo indicador no fio dourado do meu colar, que Dylan tinha me dado algumas noites atrás, fiquei imaginando mil e uma coisas do que poderíamos sofrer agora. Meu coração pulsava desregulado desde que o vi entrar pela porta do escritório, todo agitado e sem noção do que tinha feito. Minha cabeça rodopiava e rodopiava cada vez mais nas mesmas preocupações que vieram juntos com Tommy, San Chong saberia aonde seu filho caçula tinha ido, saberia quem ele teria procurado após sair da casa, Chong sabia como entrar, sabia como agir e quem acatar… teria medo de deixar Dylan sozinho por tanto tempo agora, mas do que antigamente. 

Tommy, estava rodeando a piscina aquecida da mansão, seus olhos passeavam por cada detalhe da mansão, nos quadros pendurados nos corredores, e o de frente da porta de entrada. Ele me perguntou o motivo daquilo, mas não sabia muito o por que Romero, tinha imagens dele espalhadas pela mansão, e o mais óbvio, o por que ainda deixávamos aquilo nas paredes. 

No entanto, era como recordação.

Apresentei Lana para Tommy, assim como para o Polo e Thai, e para Breno e Gabriel. Eram os que ficariam mais próximos dele e infelizmente de mim, também. Os três não tiveram tempo de discutir a situação comigo, e não saberia se eu reagiria muito bem com as conversas deles sobre Tommy voltar para a casa de Chong, saber o que Chong estava sentindo nesse momento, e o que ele estava, hipoteticamente, pensando sobre a "traição" se seu filho de sangue, o deixaria com ódio, raiva e sem nenhuma consideração pelo sangue, eram pensamentos que me invadiam.

Minha preocupação era ordenar que Tommy voltasse para a casa de Chong e ele sofresse como eu sofri. 

-Te olhando assim nem parece que sentiu minha falta - quando me virei para olhá-lo do outro lado da piscina, Tommy estava se sentando ao meu lado, em uma espreguiçadeira. 

Eu tinha mergulhado fundo em meus pensamentos, assim como todos os dias que ficava no hospital para ter certeza de que seria eu que Dylan veria primeiro ao acordar. 

Apenas sorri diante do que estava a minha frente, meu irmão mais novo estava diante de meus olhos, conversando comigo, e apenas, um pensando passado diante disso tudo : por que não gritei com ele ainda ? Por que não o empurrei para fora da mansão e disse para voltar para a casa de Chong ? Por que não o bati quando o vi ? 

Por que eu não o expulsei antes ? Porque o meu amor é maior, porque eu o quero proteger do mau que o pai dele é, do mau que ele está sujeito a ser se ficar naquela casa. 

-Acredite - disse sorrindo melancolicamente - Eu senti muita a sua falta, mas do que imagina e… - eu tentei falar, tentei pronunciar o nome que tantos dias não sai de minha cabeça, mas sei que se eu falasse, tudo que guardei para mim durante esses dias sairia sem parar, e não sei se estava pronta para deixar tudo isso sair - E você é um idiota, por vir até aqui, Tommy. 

Guardei o comentário de que Dylan seria o único a ser capaz de dialogar comigo sem que eu sentisse raiva, eu sabia que todos que estavam ao meu redor queriam falar que deixar Tommy aqui, na mansão, depois de tudo o que aconteceu era um risco, que ele poderia muito bem nós trair. Porém minha cabeça nunca acreditaria nisso, meu irmão que esteve comigo todos aqueles anos na casa, o que corria na pista de Willy por mim todas as noites… Tommy era incapaz de me trair. 

-Não me bate, sabe que eu faria isso algum dia - ele diz, colocando os cotovelos nos joelhos e os dedos das mãos entrelaçados no final, me olhando com carinho e paixão. 

Como eu senti falta dele, de sua voz e de sua idiotice, dos seus olhos que tanto me lembravam os da nossa mãe. Respirei fundo para endireitar minhas costas, minhas pernas estavam cruzadas na espreguiçadeira ao lado da dele, a piscina tinha uma cobertura de vidro que deixava a luz do pôr do sol iluminar o ambiente.

Russa Perigosa ao Extremo. Onde histórias criam vida. Descubra agora