CAPÍTULO DEZESSEIS.

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Dylan Ferreiro.

- Você está bem ? – pergunto assim que vejo Lana descer o último degrau da escada.

Ser irmão mais velho é uma coisa de louco, em um momento você quer esganar a caçula e no outro sente que precisa proteger ela até de você mesmo. 

A relação de irmãos com Lana não é difícil, é até fácil em alguns ângulos, e ela tem vários. Para mim ela mostra a sua casca dura e impenetrável que ao redor sempre tem a raiva e a caçula que inferniza, para a família da mansão a superioridade em dose dupla com um pouco de ambição.

Para sua meia irmã, ela mostra um pouco de carinho, bruto e as vezes estúpido mas pelo menos tenta. E as vezes não acredito que ela mudou radicalmente com Bri, nos primeiros dias aqui as duas não paravam de soltar faísca pelos cantos da mansão.

- Sim – Ela responde parando com uma mão no corrimão.

Depois que saímos do escritório fomos comer com Polo, entretanto o ser não apareceu para comer, preocupação já era minha segunda alma.

Procurei por ele porém não tive sequer um pingo de sucesso, talvez quisesse passar alguns minutos ou horas sozinho, ainda mais depois que ouviu aquelas merdas de Lana. Foi desnecessário, ele não tinha culpa disso, do que aconteceu, ninguém tinha... mas se eu tivesse pedido pra Briana ter voltado com pelo menos as aulas de lutas.

- Dona ainda está com ela ? – balancei a cabeça como resposta – Vou ficar na academia, se quando você for sair e ela tiver saído de lá.

- Eu te aviso – digo recostando as costas no sofá da sala.

Lana concorda antes de andar para o porão onde fica a academia, fecho as pálpebras por um momento encostando a nuca no encosto do sofá, para relaxar antes de ir interrogar violentamente o desgraçado que sobreviveu no tiroteio no restaurante.

- Como você chegou ? – Lana diz parada no meio da copa virada para mim.

- De carro – respondo com as sobrancelhas franzidas.

- Como chegou no restaurante, Dylan ? – ela refaz a pergunta com mais detalhes.

E quando você pensa que nada mais pode dar errado, você esquece que tem uma irmã nova que é observadora, quando éramos pequenos, Lana parecia aqueles maníacos obsessivos, se desse, ficava grudada no meu pé para ter a chance de dedurar para nossa mãe ou para seu pai  o quanto antes.

Fechei as pálpebras de novo, cruzando os braços no peito – Intuição.

Não ouvi sequer um murmuro vindo dela, entretanto, as solas dos tênis entregaram seu humor, vindo com pressa sua presença ficou ao meu redor, não sei qual lado, mas também não queria ter que olhar nos seus olhos e mentir bem em sua frente.

Continue do mesmo jeito esperando algo, talvez um grito de resposta porém um chute no meu pé fez o machucado em minha coxa se esticar, apertei as pálpebras tentando não xingar ela e todos.

- Sua intuição é péssima desde o dia que eu te conheci, babaca.

Abri os olhos e uma lágrima desceu de meu olho, não sei se foi pela ardência e a dor na coxa ou pelo xingamento.

- Babaca ? Assim você machuca meu coração – dei um sorriso para ela.

- Como você chegou lá ? – ela pergunta sem paciência, não respondo – Ok, quem ouvir uma lógica? – ela esperou por minha resposta.

- Não tenho escolha – digo abrindo os olhos.

Ela coloca as mãos na cintura – Meu segurança não ligou para você ao qualquer ser que estava com você, porque a porra do celular não estava pegando área no maldito momento e Polo já sabemos a onde estava, isso deixa uma pergunta : Como soube do acontecido ?

- E vou falar novamente : Intuição.

Com a Lana tampando a minha visão de quem poderia estar descendo a escada, apenas respirei querendo voltar por mais alguns minutos de paz.

- Todos estamos vivos, não ? – ela semicerrou os olhos médios em mim, o negro deles brilharam.

- Ah, sim ! – ela fala entre dentes – Mas mais um pouco e você não estaria – cruzei as sobrancelhas ao ouvir isso sair de minha irmã – Você esta mancando, pouco mas está, e a mancha na camisa nem esconde o péssimo curativo que fez em si mesmo – ela esperou alguma reação minha, que não dei – Se não quer falar pra mim, tudo bem, porém vai ter que explicar pra sua namoradinha e o seu amiguinho sangrento, ou acha que eles não vão querer saber?

Porra.

Piorou pra caralho. Polo não é um ser que pode se convencer fácil, e Bri por outro lado é um serzinho que sempre tem perguntas por baixo da língua e as vezes as respostas também.

Tinha me esquecido de pensar em algo se isso viesse a ser questionável, mas minha preocupação foi tanta que me esqueci ou não fez diferença. Seria mais uma mentira de muitas.

- Podemos fazer um trato? – perguntei pegando o maço e o isqueiro que deixei na mesinha de centro da sala, minha irmã se sentou no espaço ao meu lado – Vou falar, se você me contar o que aconteceu lá dentro.

Não consegui perguntar para nenhum dos três que estavam no escritório junto com Lana, por simplesmente não querer incomodar ou obrigar eles a relembrar. Minha irmã vivia nessa vida desde que nasceu, demonstrava que se abalava pouco e era a melhor pessoa para me contar.

Com a cara fechada ela ficou me encarrando como se eu fosse um estranho que tinha acabado de conhecer, incentivei com um sorriso que tinha como enfeite um cigarro entre os lábios.

- A gente estava falando sobre o restaurante, e simplesmente os tiros começaram – ela olhou para as unhas vermelhas cutucando a cutícula – Rafael, falou que Chong quer Briana.

Tommy, tinha falado a mesma coisa no carro, entretanto, ele sabia que o pai não se importaria se ela estaria viva ou morta para chegar aos seus braços, novamente.

Mas por que ? Por que ele queria ela ?

Puxei o máximo de fumaça para meus pulmões, o restante da historia estaria com Bri, e por piedade não vou obrigar ela a contar o que aconteceu depois, soltei a fumaça e encontrei uma irmã caçula me analisando dos pés a cabeça.

É demoníaca, do mesmo jeito que você não deixa ninguém entrar nessa mente e coração de aço, eu não deixo ninguém ver como meus demônios estão agitados aqui dentro.

Se perguntando se Eliot vai acreditar na merda que vamos contar pra ele, de como ele vai reagir quando souber que um de seus parentes foi morto por minha garota, do por que Chong quer tanto ela de volta, se Tommy vai se meter em alguma merda por ter vindo contar pra mim sobre o acontecido, de como as coisas começaram a ficar na merda nas delegacias.

Eu precisava dividir isso com alguém, meus ombros estavam pesados.

- Telefonema anônimo – digo por fim.

Eu tinha a escolha em minhas mãos, as duas, mas prefiro contar uma mentira que não vai fazer ela ficar obcecada por descobrir. Seguro o cigarro entre os dedos e passo o polegar no lábio inferior rachado, saltos ocos soam pelos degraus.

Lana, vira a cabeça para ver quem está na escada, Dona Lucia com um sorriso melancólico vem até nós.

- Acabei de levar o almoço para ela – sua atenção vai para mim, os olhos claros em tristeza – A senhorita Briana, quer ficar sozinha no momento.

Minha irmã me olha coçando a cabeça, aceno para concordar.
 
- Tudo bem – digo com um peso no peito – Tenho um compromisso, você vai ficar bem ? – pergunto para Lana, respirando mais fumaça. 

- Sim – Ela diz.

Levanto do sofá pegando meus aliados e caminhando para fora, não queria deixar elas sozinhas mas precisava descobrir algo sobre essa situação, ou pelo menos tentar.

O sol estava forte e o ar quente, Gabriel e mais seis seguranças com os ternos pretos e com armas fortes que cobriam o peito deles, estavam  esperando em frente a três carros pretos de quatro portas, um parecido com o que o Don estava usando.

Procurei com o cigarro em boca, o senhor pela ampla entrada da frente, com um jornal nas mãos poucas enrugadas e óculos de leitura, esta sentando na cadeira improvisada dele, embaixo da varanda.

- Pensei ter falado para tirar o dia de folga – me aproximo dele recebendo uma risada, precisava avisar ele – Don, não conte para ninguém sobre o moleque do carro – digo baixo.

Ele dobra o jornal cuidadosamente apoiando em suas pernas, tirando os óculos, ele fita um dos carros, a barba rala e branca assim como o cabelo tomavam o colar da tarde, o terno cinza claro combinado com eles.

- Senhor, só tinha você e eu no carro, o tempo todo – ele diz com um sorriso nos lábios.

Coloco a palma da mão em seu ombro apertando como amigo, conheci Don no mesmo dia que Dona tentou me obrigar a vestir uma roupa como a que uso agora, para ir no batizado de Lana.

Ele era o mais perto que já tive de um pai, dando concelhos sobres mulheres e as técnicas certas para virar o volante para o carro não derrapar demais e virar.

Don, pode ser velho porém nesses anos de vida foi um grande jovem que fazia racha nas ruas da Califórnia, ele tinha um Opala vermelho artigo mas em boas condições em sua casa, quase dirigi o carro um dia.

- Os rapazes já tiraram os cadáveres do restaurante – Gabriel chega soltando fumaça pelo nariz.

- Don, pode avisar Lana? – pergunto, ele acena com a cabeça – Ela está na academia.

•••

Os três carros pararam em uma fábrica abandonada que ficava alguns minutos depois de San Francisco, antigamente ela fabricava colchões mas o dono do lugar foi pego traficando, os policiais fecharam o local e os trabalhadores, em desespero, foram arranjar emprego dentro da máfia. 

Mas também quem é o idiota de colocar cocaína em colchão e vende para um lugar específico?

A construção era pintada de cinza porém já desbotado, que em dias de calor ficavam mais desbotada, algumas janelas estavam quebradas e faltavam vidros em algumas, vandalismo juvenil.

Demos a volta pelos fundos, ao redor a grama era alta e em partes secas. Entrando pela enorme porta vejo que tem mais dois seguranças um em cada lado do homem amarrado na cadeira de ferro, ele estava centralizado no meio do lugar.

Com os olhos tampados com um pano escuro e com um pedaço de corda  entre os lábios, o homem se balança irritado.

- Coloquem as máscaras – dou a ordem, alguns de meus seguranças tem família, filhos e esposa para voltarem ao trocar de turno, não vou arriscar a segurança deles.

Me aproximo de uma cadeira feita do mesmo material com a que o homem amarrado esta sentado, arrasto indo em direção a ele, posiciono a cadeira na frente observando sua postura.

O cara parou de se mexer, assim que ouviu a cadeira parando perto dele para prestar atenção em cada movimento que fizesse.

Tiro a mordaça de sua boca deixando o cara xingar em chinês, depois de alguns segundos faço o mesmo com os olhos, deixando ele ver meu rosto.

Suas mãos e pés estão amarrados junto com a cadeira, sua roupa estava com poeira e em alguns lugares rasgadas, mancha de sangue está visível no abdômen dele.

Com seu lábio cortado ele ri – Precisa disso tudo pra ficar comigo ?

Ele diz com sotaque estranho, diferente com o  que estou acostumado. Observo os homens atrás de mim e atrás dele, todos com máscaras pretas deixando furos para a visão e a boca, as armas guardadas e mãos a frente do corpo.

– Você não é perigo – me sento em sua frente pegando um cigarro – Eles estão aqui porque pago eles para estarem – Acendo puxando a nicotina para meu sistema.

- Então, por que estou preso? – Pergunta debochando.

Passo a mão na testa – Porque pedi, sejamos sensatos chinês, solto tentaria matar os dois seguranças que estão atrás de você.

Ele tentou olhar por cima do ombro e sem sucesso riu voltando a atenção para mim.

- Quando eu sair daqui, vou terminar a minha tarefa – ele se inclinou para frente – Viva ou morta vou fazer você presenciar cada momento que vou ter com ela – sussurrou.

Acenei com cabeça, puxei mais fumaça tentando controlar minha raiva que crescia a cada palavra que saia da boca dele, o pobrezinho pensava que iria sair daqui e relar nela.

- Já ouviu aquele ditado : Cão que late muito, não morde com coleira solta? – digo umedecendo a boca seca.

Se encostando na cadeira novamente sorri – Me solta pra ver.

Acenei com a cabeça, os dois seguranças que estavam atrás dele, chegam perto da cadeira, um segura os ombros enquanto o outro pega a tesoura na mesa e vem abrindo a camisa do chinês com ela.

Com o peito nu e sem resquício de tinta de tatuagem, peço para que fazem o mesmo com a calça.

- Quer me ver nu, desgraçado ? – ele se mexe com raiva – É só pedir.

- Prefiro o meu corpo – digo puxando a fumaça para meus pulmões – Mas seria muito gentil da sua parte me falar por que Chong quem ela.

Uma gargalhada sai da sua boca, agora ele estava só de cueca e sem sinal da tatuagem. Se Chong marcou Briana, iria fazer isso com os seus seguranças também para dar a entender a posse que ele tinha sobre as pessoas, sobre o que ele achava ser dele.

Dispensei os dois rapazes pedindo que trouxessem a mesa até mim, levantei com o cigarro entre os lábios ao ver o rapaz robusto se aproximar com a mesa de rodinhas barulhentas.

Na mesa haviam um par de luvas pretas, um aventar preto daqueles que o açougueiro usa, uma faca com a ponta fina e o corpo médio repousava na mesa, o martelo com a cabo grosso igual o peso que ficava em sua ponta estava do lado esquerdo do outro objeto, ao lado havia um pote transparente, médio com álcool e água misturado.

- Que intimidador – Ele olha para mesa sorrindo, respiro profundo ainda com o cigarro na boca – Tem medo de sujar a roupa patricinha?

Apenas começo a colocar as luvas sentindo o látex se apertar envolta de meus dedos e terminar em meus pulsos, não me importo em sujar as roupas de sangue seria até mais confortável torturar o ser sem que nada me impedisse de me movimentar, porém depois teria que passar comprar outra roupa ou pedir para que um dos seguranças tirar a camisa e emprestar, para que as meninas da mansão não ficassem sabendo do que fiz.

Dobro as mangas da camisa até o antebraço, pego o avental e amarro no pescoço, depois na cintura.

- Chong não considera você digno de uma tatuagem ? – pergunto segurando o cigarro, ele rosna tentando se soltar – Acho que ele não tatuaria um cão.

- Não vou dizer nada – diz cuspindo entre meus pés – Não vai conseguir tirar nada de mim, fui criado pelo Dragão Negro.

Dragão Negro?

- Por que se refere o Chong com esse apelido ? – dou alguns passos para o lado olhando com curiosidade sua nuca e cabeça raspada.

Ele ri – Não, não, Chong não chega nem perto do Dragão Negro – Ele mexe as mãos amarradas – O Dragão Negro é uma lenda para meu povo, para China.

Se Chong não é essa lenda, quem é ? Empurro a cabeça do chinês para frente deixando sua nuca e metade das costas a mostra, no final da espinha da cabeça, um rabo com ponta flamejante fica a mostra.

É difícil ver se é um dragão pelos cabelos que tampão a maior parte do desenho, pego a faca e passo ela no avental fazendo sua lâmina corta superficialmente o látex preto, estava afiada o suficiente para raspar os fiapos de cabelos.

Seguro com mais força a cabeça dele, quando viu minha mão com a faca ir até sua cabeça ele começou a se mexer parecendo um peixe fora da água, raspo o que posso fazendo dois cortes em sua cabeça, limpo com a lateral da mão o sangue para ver o desenho.

Era igual a tatuagem que havia nas costas de Briana, porém essa era pequena com traços grossos, diferente da qual que foi desenhada nas costas dela. A tatuagem das costas cobria o meio com um dragão preto e linhas finas.

O rapaz xinga em chinês novamente e começa a dar impulsos com os pés no chão movimentando a cadeira.

- Fica parado porra ! – digo com o cigarro entre os lábios.

Ele não para, pego o cigarro e coloco em sua pele esticada ao soltar fumaça pelos lábios, o rapaz guarda um grito de dor em sua garganta, deixo a ponta do cigarro em sua nuca até ela se apagar sabendo que ele já tinha se acostumado com a dor tiro, jogando longe a bituca.

- Por que ele quer ela ? – sussurro em seu ouvido.

- Já disse que não vou falar nada ! – diz entre dentes, no final solta uma palavra em chinês.

Meu sangue já  quente começou a ferveu, ao não entender a palavra e inclino a cabeça do rapaz para o lado esquerdo, giro o cabo da faca na palma da mão para posicionar a lâmina na carne da orelha posicionando de baixo para cima, tirando uma linha fina de sangue.

Passo a lâmina na orelha sentindo o tremor de dor que começou a pulsar do homem, os gritos foram de grunhidos para gritos em questões de segundos e eu nem estava na metade da carne da orelha, parei segurando a carne caída perto do ouvido.

- Vou repetir novamente, por que talvez você não esteja ouvindo muito bem – Solto sua cabeça para ir ficar de frente com ele, seus olhos escuros estão me fuzilando com ódio – Por que ele quer a Briana?

Se ajeitando na cadeira ele fala em chinês aos poucos vai aumentando a voz para gritar a última palavra. Respiro fundo passando a mão na temporã, fico reto com as costas ao saber que terei que arrancar a porra da carne de sua orelha para talvez ele falar.

Segurando sua cabeça com o cotovelo para o lado, com o polegar e o indicador seguro o restante da carne ainda presa em sua cabaça, com a faca em mão deslizo para cima tirando gritos de agonia e dor do ser.

A lâmina passa com um pouco de dificuldade mas consigo tirar a carne que compunha o formato de sua orelha, coloco no pote com álcool e água que está  na mesa e volto minha atenção para sua cara.

-Vamos tentar de novo – umedecendo os lábios, apoio a palma da mão no joelho – Por que Chong quer ela ?

Ele ri com dor – Romero ensinou bem você. Mas não vou dizer nada.

Tudo bem, agora um dos olhos, seguro o punho da faca e direciono em seu olho esquerdo tirando mais gritos dele, não tiro o globo ocular, apenas deixo o rapaz sem visão por um tempo. Perguntei a mesma coisa e recebi a mesma resposta.

Com os minutos se passando, pego o martelo e quebro os ossos da mão  direita dele, e ainda nada, ele não diz nada, posiciono um de seus dedos na cadeira de ferro e corto com a faca, cada nervo exposto junto com a carne aparece assim que o dedo se desgruda de sua mão, coloco o dedo no pote, esperando os gritos e grunhidos pararem.

- Você vai querer morrer aqui ? Assim? – pergunto tentando controlar a voz.

- Não vou falar nada – diz com um olho fechado – Os outros eram fracos por isso conseguia respostas fáceis, o medo deles não eram o chefe deles mas você – um bola de saliva avermelhada é jogada de sua boca – Eu não tenho medo de você.

Trinquei a mandíbula para conter a raiva dentro de mim, mas já era tanta que não sabia mais para onde olhar, tudo que via era vermelho e trêmulo, meu corpo pedia por ação enquanto meu cérebro pedia  por respostas.

- Eu fui criado pelo Dragão Negro, vou morrer protegendo ele – com um sorriso nos lábios mostrando os dentes brancos, diz com toda certeza e sem arrependimento.

Solto a faca, e meu punho se fecha para que em milésimos de segundos minha pele e ossos chocam contra o rosto do rapaz, ele gargalha mais fazendo meu sangue se aquecer como um vulcão prestes a explodir em lava.

Miro novamente o punho em sua cara, deixando a raiva transparecer por completo, perdi o controle.

Não paro até ver sangue em suas bochechas pelos cortes que fiz, dou alguns passos para trás respirando ofegante e pesado demais querendo me reorganizar, começo a andar para um lado e outro querendo tentar de um jeito diferente, sem socos ou qualquer tipo de ameaça que posso tirar a vida do desgraçado, tenho que saber o que Chong quer com ela.

Eu tinha que saber alguma coisa. Eu precisava saber.

- Ele vai pegar ela – ele gritou – Ele sempre consegue o que quer – risada ecoou pelo espaço destruído e vazio da fábrica – Ele vai fazer o que quiser com ela, vender, traficar, prostituir o corpo dela – ele grita – E você não vai poder fazer nada para impedir ele.

Minhas mãos começam a tremer e minha visão fica embasada pela adrenalina e o medo, não consigo focar a visão em meus homens, eles ficam como borrões pretos em minha visão, entretanto, o homem na cadeira fica sem nenhuma mancha, ele está nítido em minha visão.

Estou a vinte passos dele, começo a anda calculando cada centímetro de seu corpo, da cabeça aos pés. Passo pela faca e me curvo para pegar, corto as fitas das pernas e de uma das mãos, deixando ele solto.

- Vamos ver se o cão morde – disse me afastando e jogando a faca longe.

O chinês sorri com satisfação ao se soltar da cadeira e vir pra cima de mim, erguendo o punho atinge minha bochecha, o gosto metálico invade minha boca em segundos. Viro a cabeça cuspindo o vermelho claro que se misturou com a saliva no chão de concreto.

Deixo ele socar meu rosto para mostrar que está no comando, seu corpo esta bem posicionado, braços juntos as costelas, o peso do corpo focado nos pés e os olhos nos meus.

- Cão que late, morde – diz mostrando os dentes – Au. Au.

Ergui a cabeça, engolindo a saliva com gosto metálico, ergui o punho e soquei seu rosto, o impacto de meus ossos e da luva batendo em sua maçã do rosto fez meus dedos doerem, ele caiu no chão de barriga para baixo, cuspindo sangue.

Me aproximo chutando seu estômago com força ouvindo um grunhido com xingamento chinês, chuto mais uma vez para ele virar de barriga para cima,  sento em seu abdômen e começo a socar mais e mais forte seu rosto, sinto a luva se encaixar cada vez mais em minha mão, mentalizando o rosto do filha da puta do Chong, sinto cada impacto com gosto e satisfação.

Sangue começou a sair de seu rosto pelos cortes que começam a surgir e pelos que já estavam ali, suas mãos tentam pegar o meu braço porém ele está sem força e desorientado.

Vejo o rapaz embaixo de mim com os olhos revirando em suas obtidas e me obrigo a para, solto o restante da raiva em gritos altos que ecoam por toda parte, vejo o rapaz sem movimentos e desorientado cuspindo sangue para os lados e em meu rosto, pego a arma no coldre e miro em sua cabeça.

- Vocês não vão chegar perto dela – digo sussurrando ao aproximar de seu ouvindo com formato – E quem chegar perto dela, vai morrer da mesma forma que você.

- Ele... – sangue escorre pelo canto de seus lábios – Ninguém pode parar ele – Os dentes dele estavam com segue ao sorrir para mim.

- Como minha segunda mãe diz – respiro me endireitando – Não sou ninguém, sou a porra do Dylan Ferreiro.

Destravo a arma mirando em seu crânio, respiro fundo tentando controlar minha mão trêmula ele encosta a testa na arma olhando para mim, colocando o dedo no gatilho aperto sem pensar duas vezes, marcando sua testa com dois buracos.

O sangue espira no meu rosto e uma poça começa a surgir embaixo da cabeça do homem, levanto meio molenga pela adrenalina que passou, coloco a arma no coldre e tiro o avental andando devagar para mesa, jogo o avental nela e tiro as luvas soadas.

O vidro tem a carne que formavam o formato da orelha dele e um dedo de sua mão quebrada.

- Gabriel – digo pegando o maço de cigarro  e o isqueiro, o homem chega em passos grandes – Coloca na pilha e queima junto com os outros – digo acendendo a ponta e puxando a nicotina para meus pulmões.

Olhei minhas mãos e os nos dos dedos estavam vermelhos e doloridos. Gabriel me entregou um paninho branco, seus olhos verdes me analisaram.

- Limpa sua cara – diz saindo e chamando dois dos seguranças mascarados para levar o corpo para fora.

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De : Bruna Severiano.
Instagram: bruna_severianoo.

Próximo capítulo sábado ou domingo.
segue na conta vizinha para saber mais detalhes do livro!

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