CAPÍTULO QUARENTA E OITO.

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Briana Ferreiro.

Minha cabeça estava deitada em seu peito onde podia ouvir seu coração batendo em meu ouvido, isso era o máximo que poderia pedir dele depois de todos esses infernos de dias. Em todos os três meses, desde que Dylan me "salvou" de Chong na corrida de Willy, ele sempre quis me ver com mais raiva, as vezes gritando com ele por ser um ser humano tão filha da puta com algumas provocações, do que ficar triste e pensativa sobre quem eu tinha deixado naquela casa, nas mãos de Chong.

Com Dylan tudo ficou mais fácil.

Sobre como eu pensava sobre mim mesma, com tantas merdas na cabeça desde de pequena, desde meus quatorze anos de idade eu era o "Trofeuzinho" de Chong, a menina que passava a noite nas mãos de homens nojentos e repugnantes. E eu agradecia tanto quando eles estavam tão bêbados e chapados de drogas que mal tinha forças para apertar meu braço.

Não agradeci Romero. Não agradeci direito ao meu pai por ter me salvado das mãos do filho da puta do Chong, não consegui. Eu sempre travava quando conversava com ele sobre minha mãe, nunca quis comentar sobre os esporos que ela levava por minha culpa, ou sobre o quanto eu já tinha feito remendos nela depois de uma noite com Chong.

(...)

Minha boca estava seca, o homem ao meu lado... o homem que cobriu minhas pernas com sua jaqueta estava do lado de fora do carro conversando com um ser robusto e com a fisionomia séria para dentro do carro que eu estava.

Eu não conseguia desviar de seu olhar. A cada segundo presa nesse carro sem saber quem eram eles, me faziam ter uma respiração mais acelerada do que o normal,diferente da qual Chong me fazia ter, quando pegava minha mãe e a levava para baixo aos gritos.

Cogitei abrir a porta, mas também pensei em sentar no banco do motorista e dirigir de volta para a casa de Chong. No entanto, o que mais tinha aqui eram homens, homens com armas compridas e ternos pretos que combinavam bem com suas caras sérias para lugar nenhum. Alguns tinham curiosidade por saber quem estava aqui, dentro do carro.

Apertei a jaqueta em minhas mãos quando ouvi passos vindo até o carro, e sendo sincera comigo mesma, não deixei de demonstrar medo diante do garotão robusto que tinha ganhado a corrida. Ele encarou o vidro do passageiro antes de abrir a porta para mim, com medo, me encolhi no banco.

-Vem - ele pede ficando com uma mão na porta, e a outra estendida para mim que ainda não parava de tremer - Veste a jaqueta, moça.

Não me mexi, não consegui.

Ele olhou por cima do ombro batendo o dedo indicador na porta, por curiosidade deixei que minha cabeça e tronco se mexessem para frente para poder ver quem era que ele estivesse encarando por cima do ombro. Com uma respiração calma suas mãos entraram no carro pegando a jaqueta com cuidado de minhas pernas, sem encostar seus dedos em minha pele.

-Não estou com frio - digo baixo, pois ainda não tinha recuperado a minha defesa diante do que ele tinha feito.

-Então você fala - ele tem a voz aveludada perto de mim, suas mãos passaram com a jaqueta por cima de meus ombros, cobrindo meu tronco. Seu sorriso aberto esquentou meu rosto diante de um clima frio que havia na cidade.

-E pelo jeito você também, garotão - digo com um pouco mais de segurança na situação, não sabia como chamar ele, ele não tinha cara de ser mais velho do que meu irmão, mas também não era tão novo como Tommy - Quem é você ? - perguntei para ele, mas sua face tinha algum divertimento pela penúltima frase ter saído de meus lábios, talvez colocar um apelido logo de cara em alguém que eu não conheça, não seja a forma adequada de fazer uma boa convivência durante a noite - Não vou sair do carro, preciso de um nome.

Russa Perigosa ao Extremo. Onde histórias criam vida. Descubra agora