CAPÍTULO QUATRO.

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Briana Chong.

Meu rosto ardia e doía pelos socos que Fauno deu na noite passada, depois dele ganhar a corrida pegou seu prêmio – Eu – e levou para o apartamento esculhambado dele. Eu pode sentir o cheiro podre que vinha de dentro dele.

Sentada na mesa junto com Chong, meu pai, cutuquei os pedaços de frutas que a cozinheira havia preparado para mim assim que cheguei em casa, Tommy e Yom desceram as escadas, abaixei a cabeça, não me atrevi a olhar para meus irmãos, principalmente para Tommy que seus olhos eram idênticos aos de nossa mãe. Samira ficava no quarto do sótão sozinha mas pelo menos meu irmão mais novo Tommy convenceu o nosso pai a deixar aquecida mas isso não valeria de nada, seus ossos apareciam pelo corpo todo, apesar da cozinheira empurrar comida pela goela dela, depois de algumas horas era jogado ou na privada ou na pia do banheiro.

Levei um pedaço de mamão até a boca sem erguer a cabeça, não precisa de mais perguntas ou o olhar de piedade de Tommy ou a alegria de Yom por finalmente ter seu desejo atendido pelo deuses que acreditava.

- Sente Tommy – Chong pediu. Ouvi a cadeira sendo arrastada e o estofamento sendo preenchido pelo peço de seu corpo – Vocês três vão comer e depois me esperar no carro. Temos que resolver esse... acidente.

Ergui a cabeça, seu dedo estava apontado em minha direção, resolver o “ acidente “? Não foi um acidente, foi um babaca com seus testículos com tesão que não soube aceitar um “ Não quero foder com você “ e socou minha cara, meu corpo, e ainda...

Pisquei para que a lembrança se afastasse, meu estômago se revirou e para se juntar, a dor nas costelas ficou mais forte, tive que soltar o garfo para pressionar elas mas a dor não passou.

Levantei da cadeira lentamente para ir até a cozinha pegar gelo, isso talvez aliviaria a queimação que começava. Não deixei que minha dor fizesse com que minha cara de paraíso se transformasse em uma careta perto deles.

- Ainda tem gelo? – Perguntei para a cozinheira, não sabia e também não queria saber como se chamava, era tudo questão de tempo que Chong visse que eu tinha alguém para conversar e expulsaria imediatamente.

Pessoas que vinham trabalhar com a máfia chinesa era por pura necessidade. Sobrevivência.

- Tem querida.

A cozinheira não era uma má pessoa, cuidava da minha mãe  - ou pelo menos tentava – alimentava bem meu irmão mais novo e o restante, me ajudou hoje com os machucados... Ela era uma alma boa que estava no local errado.

- Aqui querida – Ela estendeu uma sacola com um pano – Temos que lavar isso depois – Disse colocando os dedos perto do corte da minha  cabeça.

Desviei de seu toque – Eu cuido disso depois.

Coloquei a sacola gelada por cima da blusa de frio grossa, o frio que fazia em São Francisco logo cedo era impetuoso, eu tremia de frio mesmo vestido três blusas.

- Foi o Fauno ?– A voz calma de Tommy que vinha da porta da cozinha me fez virar o corpo rapidamente e nessa brutalidade tudo ficou embaçado e girando – Briana ?

Tive que apoiar as mãos na ilha da cozinha, respirando fundo para que passasse e pudesse ter tempo para inventar algo estúpido.

- Tudo bem querida, sente-se aqui – A cozinhei me trouxe uma cadeira, não neguei.

- Foi o Fauno que fez isso ? – perguntou Tommy.

- Não – Falei olhando para a senhora, ela tinha me visto com sangue e o vestido sujo – Eu cai da escada – Olhei para meu irmão, tão novo porém responsável.

Russa Perigosa ao Extremo. Onde histórias criam vida. Descubra agora