CAPÍTULO VINTE E CINCO.

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Briana Chong

Com as sacolas da Boutique em mãos, Don abre a porta de trás para nós duas entrarmos, os seguranças esperam que Don de a partida para entrarem no carro de trás e seguir para o próximo destino.

- Qual o local ? – Don pergunta olhando para Lana pelo retrovisor, compartilhando a rota via Bluetooth, o senhor semicerra os olhos para o gps entre os bancos – Tudo bem. Seguindo para o antigo restaurante.

Viro a cabeça para observar a paisagem da ruas tranquilas até o antigo Cibo. Os únicos que sabiam o que tinha feito eram a Kim, pelo fato de que tive que envolver ela isso e não me orgulho por isso, então, prometi para mim mesma que, se eu fizer merda, tenho que me virar, por mais que Kim fale que ajudaria sem pensar duas vezes.

A questão em si, não era essa. Só não queria me transformar em Romero que a cada surto coletivo com seus demônios gritando dentro de sua cabeça, vira morte e sobra para a advogada resolver. Meus demônios deveriam estar agitados nos momentos que deixei eles comandarem, não posso deixar isso acontecer, não de novo, por um bom tempo, tenho que tomar controle deles.

O segundo a saber sobre quem queimou o Cibo, foi Dylan. E por mais que ele tenha dito que sabe como é se sentir confuso nas primeiras horas após matar pessoas, isso não me deixou menos culpada mas, menos confusa... talvez. A razão pela qual fiquei culpada não tinha nada a ver sobre matar a pessoa e incendiar o corpo, e sim, sobre como eu fiz aquilo, sendo que nunca tinha feito algo parecido.

Parecia que eu era experiente e sabia o que estava fazendo com minhas mãos e pés quando aquela mulher veio pra cima, as lutas pelas manhãs que tive com os meninos ajudou, mas meu corpo estava fraco e molenga pelos dias sem treinar. Meus músculos ainda dói pelo esforço que fiz o dia inteiro ontem... e a noite com ele foi relaxante e prazerosa.

Não tive a oportunidade de ficar sozinha com ele e conversar mais fundo sobre o que aconteceu, que pra mim era algo que queria fazer, queria compartilhar essa parte minha com ele. Saber se ele ficaria comigo mesmo eu sendo assim... igual a ele.

Então assim que eu chegasse na mansão, a primeira coisa eu faria seria puxar ele para uma conversa entre quatro paredes e nada além disso. E não sei porque mas quando ele falou sobre o que ele fez, não senti medo, não sentia enjoo, ou nada do tipo, entendi o do porquê ele fez aquilo, no entanto sujar as mãos sozinho sendo que eu poderia ajudar, me deixou meio brava, ele não precisava passar por aquilo sozinho, não mais.  Sendo bem sincera comigo mesma, Dylan Ferreiro, ficou mais interessante e sexy para meus olhos.

Merda!

Ainda tenho que falar com Polo. Ele seria a terceira pessoa a saber do porquê fiz o que fiz, ele tinha que saber, literalmente sendo meu amigo mais próximo que sabia até das minhas intimidades sobre Dylan, era o certo a se fazer, e me sentia na obrigação de contar já que contei tudo sobre minha vida pra ele. Polo também contaria aonde esteve aquelas horas a fora, deixando preocupado Thai, Dylan e a mim, logo que soube.

Agora sei como Dylan se sentiu.

Não sei se foi algo do destino ou não, mas Polo me lembrava muito Tommy  com seu jeito de brincar, as piadas e os apelidos que me dava, ao abraços fofinhos e carinhos quando me via em algum lugar da casa. Ele não substituiu a lacuna que criou assim que tive que deixar Tommy com San Chong... mas Polo era como, um forro, leve mas resistente que cobria a lacuna no meio de meu peito, parecido com que Dylan fazia.

Mas com esse homem era diferente, e dava para sentir a diferença.

Era algo como... milhares de borboletas sobrevoando meu estômago quando ele chega perto demais de mim com roupa ou sem, a sensação de infelicidade sumia quando estava com ele, os pesadelos sumiam quando dormia com ele. Dylan é uma pessoa muito importante em minha vida agora, assim como Tommy, e ele conseguiu esse lugar com tanto esforço.

Dylan tinha ultrapassado qualquer armadura que me envolvia, protegia do mundo  e de quem poderia ferir meus sentimentos, ele é minha zona de conforto quando me sinto mal, meu abrigo quando quero me esconder do mundo. Não queria ser independente dele, não precisava sempre dele, mas quando esse homem chegou mudou completamente tudo dentro de mim.
Evitar sorrir era impossível, e Don viu o que isso era. Me bisbilhotando pelo retrovisor retribui com um olhar de quem sabe o que estou pensando, negar seria inadequado, já que Dylan tinha virado alguém mais sexy e não vou me cansar de pensar e falar isso.

Tínhamos a vida iguais agora, as mãos entrelaçadas e os corpos colados pelo fio que nós prendia junto. E não deixaria mais ele passar pelos negócios da máfia sozinho.

- Senhora Ferreiro – Quando vejo Don estava com a minha porta aberta e a face engraçada como se soubesse de algo – Lana mandou acorda-la de seus pensamentos profundos, me perdoe.

- Não... – Digo pegando em sua mão estendida para mim – Eu que não dormi muito essa noite – Dylan e eu fomos dormir as quatro horas da manhã, e tive que arrastar o corpo para debaixo da água gelada antes de ir conversar com Kim – Insônia. Preciso falar para Dona Lucia fazer uma jarra de chá de camomila.

Com os olhos nos meus, desço do carro ajeitando o vestido em meu quadril e bunda, as sacolas ficariam dentro do automóvel, já que estávamos no terreno aonde seria a nova boate. Era enorme, talvez conseguiriamos fazer duas boate nesse terreno e ainda deixaria um bom espaço para fazer uma adega adequada para Lana.

O terreno já estava limpo sem nenhum tijolos, ou sequer algo para se referir que existiu algo antes dos construtores começarem a chega. Eliot e Vicle não passaram por aqui, ou se passaram não prestaram atenção no Cibo de seu parente morte por uma pessoa que dividiria o mesmo teto com eles durante sua estadia aqui.

Fique ao lado de Don enquanto Lana dialogava com um dos lideres da construção, haviam cinco equipes de dez pessoas formando quase um círculo ao redor de Lana. Seu corpo pequeno com o conjunto e os saltos que ela usava a destacavam dos homens de uniformes azuis e brancos.

- Os seguranças tomaram todos os cafés? – pergunto para Don assim que ele me olha de esquerda, poderia estar prestando atenção em Lana falando pelos cotovelos mas sempre observando ao meu redor.

- Sim, e todos agradecemos pelo gesto, Senhora – diz com profissionalismo.

Franzo a cara ouvindo Senhora sair de sua boca, rindo da minha cara, Don recua dois passo para o lado ficando um pouco afastado de mim. Não iria bater em um senhor.

- Não me chame de Senhora, Don – digo meio sem jeito.

- Por quê? – pergunta, antes que possa responder ele continua – Esse vai ser o jeito que teremos que cumprimentar você a partir de hoje.

- Ok... mas será que poderia ser informal comigo quando estivermos sozinhos? Me senti uma velhinha com tanta formalidade – Digo encostando meu corpo na lateral do carro.

Don tinha uma risada quase sem som e seus olhos não se fecharam ao expressar seu sentimento de felicidade e divisão, que obviamente fui eu que fiz ele ter.

Don é uma boa pessoa, mas entrando nesse mundo de crime entre outras coisas, tenho minhas dúvidas de que nem sempre foi assim, e se foi, algo de errado não estava certo. Ok, concordo que até mesmo as boas pessoas se envolvem com pessoas que tem a vida montada sobre esse vidro escuro que deixa o mau de um lado e o bem do outro.

Mas como Don veio parar aqui ? Tentando conter a curiosidade de saber óbvio, o senhorzinho me cutucou nas costelas com o cotovelo para chamar minha atenção, seu terno da uma amassada na barriga pelo movimento.

- Talvez queira comer algo ? – pergunta dando atenção para o relógio no pulso – É quase meio dia, e como ficaram lá durante duas horas acho que seu estômago está quase virando um dinossauro.

A prova de vestido não demorou muito, em menos de duas horas estávamos prontas e com as sacolas em mãos. Mas ficávamos mais alguns minutos para tomarmos mais que uma taça de vinho, Lana até pediu mais uma antes da gente sair sem pagar, algo que não deveria ser o certo... Isso foi igual na cafeteria que Don nos levou hoje cedo, eu tive que insistir para que a moça do balcão pegar o dinheiro.

- Acho que Lana vai querer ir junto, não? – respondo com outra pergunta, Don maneia a cabeça em negação. Mordendo o lábio sinto o celular em minha mão vibrar – Alô?

- Podemos almoçar? – A voz me faz uma pergunta.

- Dylan ? – pergunto e com uma ‘’sim''  sou respondida, precisava nomear meus contatos antes que minhas expectativas me matassem – Pensei que estaria ocupado por essas semanas... já que Eliot e Vicle estariam aqui.

- Vou estar assim que o jantar de hoje acontecer – responde soltando um ar pesado.

- O que vai acontecer no jantar? – pergunto com a língua solta.

-Podemos ir almoçar e te conto – ele faz um sorriso se estampar em meus lábios – Aonde você está ?

- Na frente do terreno que vai ser a boate – digo animada.

- Em cinco minutos estou ai – ele diz desligando a chamada.

Minha borboletinhas decidiram bater as asas, desliguei o celular o colocando no banco de trás do carro ao ver a sacola com o vestido rosinha de sedã, meu corpo tinha se ajustado bem dentro dele, mostrando minha cintura, deixando meus seios e bunda desenhados pelo tecido fino e leve em minha pele. O problema era as costas dele que tinha duas fitinhas finas cruzadas mostrando minha tatuagem.

Suspirando me virei para Don – Don – o senhor se vira em minha direção – Dylan esta vindo me buscar para almoçarmos, Lana provavelmente vai preferir almoçar com outras companhias – balanço a cabeça ao lembrar que ela e o irmão estavam se cutucando hoje cedo – Pode não tirar os olhos dela... por mim ?

- Claro,  senhorita – Ele sussurra a última palavra me fazendo soltar um riso – Algo mais ? – ele pergunta com a expressão séria.

Talvez esse seria o momento certo de perguntar sobre os estabelecimentos que fui hoje e não quiseram acertar o dinheiro, Don falaria a verdade, assim como Dona Lucia, eles não mentiam para mim e também não escondiam nada de mim.

- Don, por que não pagamos por nada ? – pergunto estalando os dedos – No Cibo, cafeteria e a boutique... entre os outros lugares que já fui.

O senhor estica o tecido grosso em seu corpo, enquanto o segurança ao meu lado observava a movimentação dos homens medindo o terreno com suas fitas métricas.

- Estou a muito tempo nesse emprego, senhorita – diz com um pouco de peso nas palavras – Romero fez suas escolhas assim como Dylan ou vocês duas fazem todos os dias... – Ele respira – Se os estabelecimentos ou qualquer um que tenha contratos com os Ferreiro não dizer “ por conta da casa “ todo o que eles conhecem viram pó, em questões de segundos.

- Que contrato é esse ? – pergunto com as sobrancelhas cruzadas.

- Seu pai fez um contrato com as pessoas que moram em seu território, de que deveriam pagar por proteção – Don diz como se fosse normal tudo isso – Romero salvou bastantes vidas com isso, se não fosse por isso não estaria aqui prestando meus serviços.

- Romero tacava fogo em casas por não falar uma simples frase ? – digo indignada – Isso é... idiotice! E quem não tinha como pagar por segurança? A casa também virava pó ?

Me afasto do carro vendo os olhos dos seguranças em mim, talvez eu tenha me alterado. Don ainda no mesmo lugar cola as mãos na frente do corpo me encarando pensativo.

- A maioria de nós – o segurança que estava ao meu lado começa a falar com ignorância  – Demos nossas vidas para o diabo proteger nossas famílias, e nem por misericórdia eu me arrependo em ter feito essa escolhida Senhora Briana. Minha família esta em um estado muito melhor do que antes, com comida na mesa, uma cama confortável para dormir todas as noites e convênio bem pago por mim para qualquer emergência.

Engulo em seco com a informação que o segurança me dá de bandeja, observando os outros seguranças que estão a pouco metros de mim, vejo que ouviram cada palavra que Don, eu e o seu colega de trabalho tínhamos dito. Um sentimento de vergonha surgiu em minhas bochechas e Don viu.

Fecho os olhos para respirar antes de pedir minhas desculpas por qualquer erro que tenho cometido, quando ouço um barulho forte vindo na frente, abrindo os olhos com um certo medo de ver o que poderia ter sido, encontro Don batendo a cabeça do rapaz contra o capô do carro.

- Don ?! – grito assustada com o senhor forçando a lateral do rapaz contra o capô quente pelo sol – Don !

- Não. Se. Esqueça. Do. Seu. Lugar. – Ele diz entre fôlegos cortados.

- Já chega dessa merda ! – Lana me causa um calafrio ao se aproximar de mansinho de mim.
Todos os seguranças ainda continuam no mesmo lugar, observando cada detalhe daquele momento cômico de um senhor de mais de sessenta anos batendo em um rapaz de trinta.

Ainda assustada do que Don podia ser capaz de faz, me aproximo relando em seu braço e o olhando com passividade. Não queria que o senhorzinho matasse alguém por simplesmente falar uma verdade em minha cara, ele só estava justificando do porquê estava aqui, mas isso não justifica o tom que falou comigo.

- Aprenda a ficar quieto, garoto! – Don ainda estava alterado, ainda amassando o pescoço do rapaz contra o capô do carro – Lembre-se de que Dylan pode substituir você a qualquer momento.

Soltando o braço do rapaz que tinha torcido para trás, tirou o antebraço decima de sua nuca deixando o rapaz se levantar puxando ar pelas narinas, seus olhos percorrem meu corpo com raiva estampada em suas íris, seu corpo estava tenso e rígido, tombando a cabeça um pouco para o lado fecho a cara semicerrando os olhos em sua direção sem qualquer gota de medo em meu corpo.

A preocupação de que Don matasse o rapaz sumiu assim como o arrepio que Lana me causou. A única coisa que queria fazer agora era acertar uma bala na testa dele.

- Senhora Briana, me perdoe! – Don se dirige a mim, analisando minha expressão para o rapaz com raiva, ele ainda me encarando – Eles não tem direito de falar com a você desse jeito.

- Não. Eles não tem – sussurro.

Endireito minhas costas ficando reta como um coluna de sustentação, para sustentação a minha nova personalidade, se antes estava com pena, agora era o contrário. Queria esfregar a cara dele no chão até sair sangue, até esfolar a carne dele.

- Adivinha pra quem esta devendo a vida agora, pra filha do diabo – ainda encarando seus olhos posso ver a raiva virando medo em meio aos escuros, me aproximo e ele não se afasta – Se falar mais uma vez comigo assim, não vai  ser Don que vai te enforcar e muito menos de soltar.

O clima tinha ficado tenso com essa merda, respirando fundo me afastei dele olhando para Lana que  estava observando cada passo meu, com os seus olhos escuros. Don estampava um sorriso de satisfação como se tivesse me ensinado a andar de bicicleta, os seguranças olhavam para baixo com as mãos para frente protegendo os membro deles.

--Desde quando ameaça as pessoas ? – Lana pergunta, dou de ombros não querendo falar mais nada por enquanto – A boate vai ficar pronta em menos de duas semanas – revira os olhos.

- Pagar pelo tempo extra nunca foi tão prazeroso – digo tentando voltar ao normal – Eles terminam em menos de seis dias.

- A boate vai ter dois andares – Lana informa com a atenção no terreno e nos homens que começaram a trabalhar – Assim que começarem a fazer as paredes vamos decidir as cores, as bebidas... – Lana para de falar ao ouvir o celular tocar.

Perto de nós duas, o celular no bolso de Don toca fazendo o senhor arregalar os olhos com cada palavras que saia do telefone, franzindo as sobrancelhas para sua direção o senhor fica imóvel, com suas respostas rápidas e curtas, recebia as ordens logo em seguida. Minhas pernas se enfraqueceram pelo olhar que ele me lançou assim que desligou o celular.

- O que ouve ? – pergunto quase soltando um grito de desespero, com o coração apertado e batendo forte em meu peito.

Don deu a ordem de levar Lana para os afazeres que ela ainda tinha que fazer, mas negou assim que se tocou no olhar de Don com segredo oculto, meu estômago deu uma volta de angústia. Dando a ordem para entrar nos carros e irmos direto para a mansão, puxei seu braço o fuzilando sem conseguir dizer nada.

- Dylan e Thai sofreram um ataque – meu corpo ficou em estado de pedra, não conseguia me mexer nem para andar e nem chorar, a respiração começou a faltar quando entrei no banco do carro junto com Don ao meu lado – Ultrapassem os sinais vermelhos.

Minha cabeça girava nos mil e um pensamentos horrorosos que poderiam ter acontecido com Dylan, se ele estava machucado, se tinham feito algo com ele ou Thai... Thai, merda ! Lagrimas começaram a encher meus olhos mas não deixei que caíssem, se Lana estava forte, eu deveria ser mais ainda.

Os gritos que estavam presos em minha garganta queriam sair e deixar todos do carro em movimentação surdos.

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De : Bruna Severiano
Instagram e Twitter: bruna_severianoo

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