CAPÍTULO DEZENOVE.

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Briana Chong.

Entrei no armazém pisando nas poças de sangue que começaram a se formar envolta das cabeças dos homens, eles estavam colocando todas os sacos de trigo na parte de trás do caminhão, faltavam dez ou mais para acabarem.

Pelo menos meu estômago não estava ficando embrulhado, mas meu nariz pelo outro lado se franzia pelo cheiro no ambiente.

Tinha que dar um jeito de me livrar dos corpos e esconder todo esses sacos em algum lugar que só uma pessoa saberia que existiria, além de mim, primeiro teria que achar um telefone, entrei pela parte de trás passando pelo espaço pequeno na lateral, entre o palhete e o corpo.

Pulando para o banco do motorista vejo que tinha um mapa aberto no banco de passageiro marcando um círculo no meio e junto um endereço fora da cidade, mas nenhum celular, a curiosidade bateu forte nas pontas dos meus dedos, antes que pudesse tocar o papel grosso recolhi as mãos para perto de meu peito, depois eu resolveria isso, agora meu foco era me desfazer de tudo isso, abri o porta luvas encontrando um celular e que graças a santinha tinha sinal de internet.

Deslizei a tela de bloqueio a procura de um pesquisador, não sei se era por conta do nervoso mas tive que olhar mais de cinco vezes para ver o que estava na cara, abri o aplicativo pensando em um nome apropriado para essa situação.

Dylan provavelmente vai estar o cão chupando manga verde, Lana nem se fala, Thai... Não o colocaria nessa situação e não sabia o número de Polo.

Adriana Kim.

Advogados sabem bem esconder crimes de seus acusados, digitei: escritório de advocacia Kim. Procurei pelo nome dela junto com o sobrenome, abaixo estava o número.

Apertei o número e o celular encaminhou para o telefone.

•••

Adriana não se demorou a chegar no lugar, em vinte minutos já estava aqui, tentando manter a calma e o controle na voz.

- Você sabe o que fez ? – ela diz colocando as mãos na cintura – Isso pode levar nós duas para cadeia.

Desfazendo a trança dos cabelos a olho ao dizer – Ainda bem que é advogada, não liguei pra você por falta de opção mas porque seria a única a me ajudar melhor que ninguém, Romero já teve seus dias de matar pessoas sem motivo e aposto que você ajudou com tudo que ele precisava.

Adriana arqueia as sobrancelhas com as minhas palavras, os lábios prensados um no outro para não falar. Ajunto os cabelos em um punhado e começo a passar o elástico pelos fios grossos de meu cabelo.

- Não posso fazer isso de novo – Seus olhos azuis acinzentados estavam me encarrando com raiva, desci os braços cruzando no meio do peito.

- Sei que não devia ter colocado você nessa mas entenda que você era a melhor opção pra mim nesse momento – umedeci os lábios – E sendo sincera, falei que era uma situação embaraçosa.

- Já que foi sincera, também vou ser – ela começa a fazer um rabo de cavalo no topo da cabeça – Não pensei que essa situação envolvesse uma assassina com um plano recém formado em menos de uma hora e com tantos corpos assim. Ah! Quase me esqueci da cocaína não batizada no caminhão.

Terminando de prender ela enrola ele para formar um coque, não foi minha culpa que eles morreram, quem começou a atacar foram eles, eu estava quieta no andar de cima, ninguém mandou serem curiosos.

- Vai ajudar ? – Adriana está com os olhos semicerrados para mim - Acredita ou não, vou receber a punição duas vezes hoje – digo baixo.

Uma por ter saído sem os seguranças ao meu lado e com certeza terei pesadelos pelo que fiz com os mínimos detalhes. Sabia que estava correndo um risco grande por sair assim, Rafael falou que Chong estava atrás de mim e seria possível que não me queria viva.

Então Rafael sabia que iriamos vir, ele tinha planejado tudo. Desde a noite da corrida do Ochima até o momento que Lana o pegasse conversando escondido embaixo do escritório de Willy.

- Cadê os outros dois ? – ela pergunta olhando para os dois corpos no armazém, minha cara se fecha em pergunta – Você  falou que tinha quatro quando cheguei.

- No segundo andar – Digo começando a andar para fora do armazém e entrando na cozinha.

Subimos a escada tomando cuidado para não encostar nos corrimãos envolta dela, os dois cadáveres estavam perto um do outro mas longe da escada e do caminhão. Aproximei me agachado para pegar os braços da moça, Adriana colocou a mão na boca se virando de costas para mim.

- Espera um minuto, por favor – diz endireitando as costas.

- Tampa o nariz fica melhor – falo para tentar ajudar mas ela se vira com os olhos arregalados – Que foi? Estou fazendo isso agora.

Ela respira fundo segurando o ar limpo nos pulmões antes de se dirigir para pegar os pés do cadáver, o corpo estava mais pesado e com alguns mosquitos rodeando o crânio aberto, descendo a escada com um peso extra em nossas mãos fomos devagar até  o piso inferior deixando os dois cadáveres do segundo andar perto dos demais.

Trouxe o carro que roubei da garagem da mansão para a porta do fundo do restaurante, tiramos os sacos um por um colocando no banco de trás e no porta malas do carro, os sacos ocuparam a maior parte do espaço.

- O que quer fazer com os corpos ? – ela pergunta assim que coloca o último no porta malas e fechando.

Poderíamos colocar fogo nos corpos e no restaurante ao mesmo tempo mas os restos como os ossos e um pouco da carne não desapareceria por completo, também tem deixar os corpos em um lugar deserto mas o calor faria com que o cheio de morto e podridão de carne ficasse no ar. 

- Tem um penhasco depois de San Francisco, podemos levar o caminhão com os corpos para lá – digo.

- O fogo pode ser nosso amigo nisso – ele cutuca a cutícula –Assim que chegamos no penhasco podemos colocar fogo nos corpos e depois no caminhão.

- E depois empurrar da borda para o mar – sugiro recebendo um sim com a cabeça.

O plano não era ruim, se os cadáveres ficassem queimados e ao serem jogados para o mar junto com o caminhão e por algumas coincidência eles começassem a flutuar para a superfície, torcia para que os tubarões gostassem de carne queimada.

Sem dizer nada Adriana atravessa o espaço indo em direção do armazém, faço a mesma coisa querendo saber o que ela tinha pensado, era um plano bom só bastava fazer ele a risca e sem contratempo, passei pela porta encontrando ela puxando o braço de um dos cadáveres para perto do caminhão.

Observei a força que ela estava fazendo para seguir o plano, com certeza ela já fez isso muitas vezes, ninguém me contou como Romero era mas para ele estar no lugar que estava, não conquistou o seu reinado sendo o bonzinho da história. Chong era a mesma coisa mas ele queria mostrar até para os filhos como era poderoso e temido por todos.

- Romero perdia a cabeça raramente – diz arrastando o corpo molenga pelo chão de piso frio – Mas quando perdia, me chamava para resolver a merda.

- Quantas vezes já fez isso ? – digo ao aproximar para pegar os pés do molenga.

Ela ri – Mais do que posso contar. 

- Desculpa, por fazer você passar por isso, de novo – peço subindo no caminhão para pegar os braços do cadáver.

- Mas a diferença entre você e seu pai – ela geme para levantar o corpo – É que você tem a consciência do que fez e se sente culpada mesmo não demostrando de imediato, mas sabe que vai ter punição por isso, diferente de seu dele que não estava nem ai para o castigo, por eu estar por ele.

Abaixo o olhar sentindo minhas pálpebras arderem, por mais que fiz tudo isso para salvar minha pele, me sentia culpa por tirar cinco vidas em um único dia e em poucas horas.

- Você não precisa pedir perdão – ela se apoia na borda – Aconteceu, não da para voltar atrás, mas antes de matar alguém pensa se quer passar por esse sentimento de novo.

Passei as palmas das mãos nas bochechas limpando as lágrimas, não podia me permitir pensar ou sentir qualquer sentimento que viesse atrapalhar no plano, puxando o ar fui para o próximo que seria colocado no caminhão, fizemos isso em silêncio apesar de sempre gemer ao empurrar o peso para cima, fechamos a porta com o cadeado para não abrir no meio da estrada.

Mandei Adriana entrar e tira o caminhão de perto do restaurante, observei ela parar na esquina olhando pelo retrovisor do motorista, fechei a porta do armazém antes de seguir para o segundo andar para procurar o isqueiro que tinha deixado cair no quarto de Caio.

A casa toda estava incriminada, os rastros de poças e pingos de  sangues eram visto por toda parte, inclusive no andar de baixo, a parede e o teto do corredor de cima tinham manchas do sangue que tirei da mulher.

Passando pelo corredor entrei no quarto de Caio acendendo a lanterna do celular roubado procurando o objeto. O isqueiro estava no pé da cama de casal, ao pegar acendi para verificar se ainda funcionava, uma pequena chama com tons misturados de vermelho e amarelo se acendeu emitindo um calor na ponta de meu nariz.

Levantei saindo do cômodo com a atenção no objeto em minha mão, chuto algo duro pelo caminho da saída, o taco estava rolando em círculos manchado de vermelho escuro, guardando o celular agacho para leva-lo embora.

Fui na direção do quarto de Rafael acendendo o isqueiro, na primeira aparência de tecido deixei que o fogo pegasse nele, ver o fogo se alastrar pelo cômodo foi uma sensação satisfatória. Fiz a mesma coisa nos outros cômodos sempre observando as chamas tomarem o ambiente em chamas.

Desci os degraus com o calor das chamas em minhas costas, passando pelo corredor parei no escritório de Rafael, a cadeira onde estava sentada no início do dia ainda caída no tapete felpudo do cômodo, papéis espalhados na mesa e a comida rodeada de mosca e mosquitos.

Caminhei para perto das cortinas que haviam na janela aproximando o isqueiro já acendido, a chama tocou no tecido se espalhando rápido para o teto, peguei um papel da mesa de Rafael para que a chama tocasse nele, ao ver a ponta com uma chaminha coloca com cuidado para não apagar junto com os outros.

Sai deixando o escritório como os cômodos de cima, com as chamas descendo pelos degraus tive que dar uma corrida para chegar a cozinha e tirar a mangueira de gás dos fogões deixando o ar totalmente sensível para um ambiente em chamas.

Indo para o fundo aonde o carro estava estacionado, pude ouvir os vidros do segundo andar estourando caindo no chão, puxo a maçaneta da porta entrando no banco do motorista trêmula pela adrenalina percorrendo meu sistema, coloco o taco no banco de trás do passageiro e ligo o motor puxando o freio de mão para sair daqui o mais rápido possível.

Trocando a marcha piso no acelerador guiando o carro pesado para a saída, girando o volante entro na rua lisa indo em direção da Adriana esperando  na esquina, olhando pelo retrovisor vejo o restaurante pegando fogo e em poucos segundos explodindo criando nuvens pretas no ar e céu.

Com o isqueiro em mãos aperto junto com o volante, acelerando mais para podemos acabar com esse dia,  deixei Adriana guiar no restante do caminho, saímos de San Francisco entrando em uma rua de terra seca e seguindo para cima, o caminhão quase parou no meio do caminho fazendo meu coração quase abrir passagem em meu peito para saltar pra fora.

Parei o carro na saída da estrada, saindo do carro vejo Adriana com os papeis do banco do passageiro em mãos, andei para a porta de trás do caminhão abrindo e sentindo o cheiro ruim atingir meu nariz. Puxei o braço de um dos homens para procurar dentro do terno um paninho, ao achar amassei na palma da mão esquerda, acendi o isqueiro aproximando da roupa do homem deixando a chama queimar primeiro os corpos, esperei ver a chama tomar todos os quatro cadáveres.

Fechando a porta de trás, fui para a portinha de gasolina abrindo com a chave que retirei do lado do volante, Adriana trouxe um pedaço de madeira grande que achou no meio das duas lixeiras coloridas.

- Amarra e molha – ela estende a madeira em minha direção.

Amarro na ponta e mergulho no gasolina, o paninho saí pingando e Adriana pega a madeira enquanto acendi o isqueiro, o paninho pega fogo rápido pela quantidade de gasolina. Vejo ela dar alguns passos para trás me levando junto com ela, analisando aonde seria melhor atirar, em um distanciamento de dez passos do caminhão Adriana arremessa a madeira pela janela do passageiro.

- Espero que o chefe deles, não tenha curiosidade de saber do paradeiro deles – Adriana falou olhando a chama tomar a parte da frente.

- A curiosidade sempre mata – Respondo apertando o objeto em minha mão.

As chamas rodeiam as janelas e o teto da frente, esperamos por um bom tempo o vento trazer o cheio de carne queimada para nossos rostos, para  irmos para trás do caminhão e empurrar do penhasco, demoramos mais do  que gostaria de admitir, Adriana tinha parado ele na borda a quatro passos mas o peso e a quentura não estavam colaborando para terminarmos logo, nossas mãos queimavam e os músculos das pernas gritavam em protesto de continuar.

Empurrando com toda força sentimentos a leveza que ficou pelos pneus traseiros se levantarem e o caminhão começar a cair com as chamas tomando conta do ar, os músculos do meu corpo estavam todos doloridos pelo trabalho pesado que fizemos.

O barulho de uma explosão ecoou pelo penhasco fazendo os pássaros da região voarem, fumaça preta apareceu no ar deixando difícil respirar.

- Vamos – Adriana cutuca meu braço indo para o carro.

Aceno com a cabaça seguindo para o carro, Adriana entra pelo lado do motorista ligando o motor, sentada no banco do passageiro coloco o sinto incentivando a advogada colocar também, coloco o celular e os papeis no porta luvas do carro.

Ela desci a estradinha de terra seca com cuidado para não criar mais poeira, manobrando o carro ela segue para frente em direção contrário da cidade, ligando o rádio coloca na estação de notícias.

- Não conhece nenhum lugar em San Francisco ? – perguntei abaixando o volume.

- Não, seria como entregar o prêmio de bandeja, fora da cidade é mais seguro – Diz prestando atenção na estrada.

- E  que lugar é esse ? – pergunto observando a estrada.

- Um depósito – ela suspira.

Passamos por uma placa velha na lateral da estrada falando o nome do depósito : Depósito Queen. Adriana vira na primeira curva entrando no lugar, havia um segurança em uma cabina.

- Posso ajudar senhoritas – O segurança do local pergunta.

- Estamos aqui para pegar algumas coisas de cozinha – ela aponta para o banco de trás mostrando os sacos de trigo – Minha sobrinha – ela aponta para mim e aceno para o segurança  - É dona de uma nova confeitaria logo na cidade vizinha e esqueceu de comprar algumas coisas, então viemos aqui pegar os utensílio da minha vó.

- Ah, claro – o segurança sorri para Adriana – Ser dona de negócios não deve ser fácil, em menina?

Balanço a cabeça forçando um sorriso, ela estava jogando a simpatia para cima do dele - Vamos ser rápidas, prometo!

- Tudo bem – Ele diz apertando o botão para abrir o portão  - Mas antes tenho que saber seus nomes, e a box que vão estar.

- Kim – ela aponta para nós duas – Box 112.

Com um aceno de cabeça o segurança da passe para entrarmos, Adriana dirigi olhando os números nas placas penduradas na parede, passando três ruazinhas ela para na décima posicionando o carro de ré para entrar na ruazinha.

- Vamos, temos apenas doze minutos até o segurança vir aqui e confirmar que estamos na box certa – ela diz saindo do carro e abrindo o porta mala.

Desço do carro deitando a coluna do banco do passageiro para frente e tirando o primeiro saco, Kim com as chaves nas mãos começa a abrir a box e subir o portão para cima.

O lugar estava vazio, apenas com uma luz para iluminar o ambiente frio. Kim passou por mim carregando dois sacos nos braços finos, ao colocar no centro da box segui a sua linha de raciocínio e fiz a mesma coisa.

Os saco estavam pesados e a quantidade que faltava nos desmotivava a cada olhada, o tempo era nosso inimigo hoje, deixei por último o taco, colocando ele no canto. Depois de colocar tudo no depósito ela respirou profundo ao fechar a box e entrar no carro, dirigindo para a saída vimos o segurança andando para aonde estávamos a dois minutos, com as chaves na mão.

- Ele tem a chave da box ? – perguntei para Adriana Kim com receio.

Sorrindo para o segurança Adriana dirigi em direção ao portão aberto.

- Romero pediu para trocar – ela diz ao chegar a estrada para voltar a San Francisco – Amanhã você vai até meu escritório no centro para resolvermos o assunto dos papéis e o celular.

- Tudo bem.

•••

Adriana parou no começo da ponte que me levaria para mansão pedindo um táxi, já passavam das oito horas quando comecei a trilhar o caminho de volta para a mansão o céu estava escuro e as luzes dos prédios deixavam a cidade mais bonita, tentando organizar a mente para as broncas e perguntas que iria receber assim que atravessasse o portão central .

O motor fez seu barulho digno de atenção, os seguranças abriram assim que coloquei a cabeça para fora da janela e sorri debochada para os dois na torre.

Entrei dirigindo para a garagem ainda aberta, estacionei o meu carro exatamente em seu lugar e desliguei o motor, encostei a testa no volante a vontade de chorar repentina tomou conta do meu corpo, não consegui segurar as primeiras lágrimas apenas deixei que caíssem pingando em minhas coxas, a adrenalina já tinha ido embora de meu sistema devolvendo os sentimentos.

Respirei para sentir o ar entrando em meus pulmões, para saber que estava viva graças a mim, limpo meus olhos antes de sair e dar de cara com Dylan na sacada da garagem com os antebraços apoiados na grade de proteção, suas sobrancelhas estavam juntas, os lábios soltando fumaça, os olhos semicerrados e um cigarro entre os dedos indicador e do meio.

Não consegui me mover com o seu olhar em mim, parecia que a cada respiração ele soubesse exatamente o que aconteceu, meu peito começou a subir rápido, o coração a ocupar minha audição. Engoli a saliva abrindo um pouco a boca, as palavras estavam na ponta da língua mas estava sem voz.

Abaixei a cabeça indo em direção a escada, que dava para a sacada aonde encontraria ele mais de perto, a cada degrau que subia o peso da desobediência apertava meu peito, as cenas do dia  repassavam em minha mente, quando cheguei no último ele não se virou para minha apenas puxou mais fumaça do cigarro.

Fiquei analisando seus movimentos até que ele virou a cabeça e me olhou, mordi o lábio superior apertando a chave do carro e o isqueiro em minhas mãos, ao subir a mão para colocar o cigarro na boca vejo que a vermelhidão em seus nós da mão, mas antes que possa perguntar ele fala primeiro.

- Chong está a procura de você – ele endireitou o corpo tirando seu aliado da boca, esperando uma resposta minha – E você recusa os seguranças que Thai chama para acompanhar em sua corrida.

Fechei as pálpebras tentado manter a cabeça no lugar, desde que Adriana saiu do meu lado parece que o mundo dentro de mim virou um redemoinho gigante que não consigo parar de pensar e pensar.

E agora vem ele querendo respostas minha que não tenho, fiz por impulso, por desespero para querer ficar só e tudo foi pra água abaixo.

Não queria falar sobre nada, não queria conversar agora, minha cabeça não parava de girar e relembrar dos acontecimentos, das coisas que fiz. Queria ir para meu quarto tirar essa roupa e jogar fora, tomar um banho para tirar o suor e o melado de mim, comecei a andar para o corredor que dava acesso para a copa e depois sala, um caminho pequeno mas turbulento. Thai, Lana, Dona Lucia iriam querer saber o que eu tinha na cabaça pra ter feito isso.

- Sabe o que isso quer dizer ? Pensou no que poderia ter acontecido com você? – ouvi os passos dele vindo atrás de mim calmos mas apressados, não queria tem uma briga com ninguém, queria descansar.

- Essa é a única coisa que fiz durante toda a tarde, Dylan! – digo com a voz falhada mas irritada, virando meu corpo para encarar seus olhos verde musgos em mim, meu corpo estava no primeiro degrau e ele logo atrás, mais um pouco e se colaria ao meu corpo – Ficar pensando e pensando sem parar, e justamente em um dia que não queria fazer isso – fechei os olhos para manter a calma antes de continuar – Eu estou viva e bem isso não basta? 

- Essa não é a questão – ele passa a mão nos fios do cabelo levando eles para trás –  Sair sem segurança em um dia que Chong declarou que quer você – Ele não desvia a sua atenção de mim – Foi arriscado.

- Mas não preciso de um exército em meu pé  – meus olhos se encheram de água pela raiva – E se tiver que acontecer, vai acontecer.

- Minha responsabilidade é fazer com que isso não aconteça – ele fala como se fosse responsável pela minha vida.

- Qualquer responsabilidade que você tenha comigo não precisa mais ter, Romero morreu e junto com ele sua promessa de me proteger – falei deixando as lagrimas saírem – Ninguém tem a responsabilidade de proteger minha vida – As palavras falham ao serem ditas.

Todos que fazem isso dão suas vidas. Não quero perder você também, Dylan.

As palavras são ditas em pensamentos pela falta de voz, ele fica me olhando com a expressão de raiva, meu coração se parte ao ver como ele estava se sentindo comigo, como a maioria está.

- Isso não tem nada a ver com Romero, ou os caralhos a quatro que ele me fez prometer – ele umedeci os lábios secos ainda encarando meus olhos com água - Eu protejo você porque quero, me importo com você.

Ele fica parando na minha frente olhando cada lágrima cair de meus olhos embaçados, as palavras somem da minha mente, não consigo pensar em nada além do homem a minha frente, ele seria o tiro no meu pé e eu o dele, tento engolir o excesso de saliva em minha boca quase engasgado, desvio a atenção de seus olhos abaixando a cabeça.

- Quero descansar – digo me virando para ir ao meu quarto mas Dylan segura meu braço com um toque leve para me parar.

- Por que fez isso ? – as sobrancelhas cruzadas entregaram sua preocupação.

Não podia contar sobre nada do que aconteceu hoje, sem conversar com Adriana, sem planejar uma mentira que nós duas saíamos ilesas, mas os pesos das mortes começou a aparecer em meus ombros deixando eles caídos.

Dylan se aproxima virando meu corpo de frente ao seu, levando as mãos em minha cabeça ele enxuga as lágrimas pesadas que estão caído por minhas bochechas. Pego sua mão machucada colocando no meio de nossos corpos.

- O que aconteceu com sua mão? – perguntou, engolindo o choro para ser levada a sério, Dylan passa a língua entre os lábios abaixando a atenção para nossas mãos – Do mesmo jeito que você não quer me deixar ver do que é capaz – Procuro seu olhar -  eu também não quero mostrar.

Dylan volta a atenção para meus olhos quando solto sua mão e tiro a outra de meu rosto para ir ao quarto.

[N|A] Oi foficos ! Espero que tenham gostado do capítulo, aperta a estrelinha ali no cantinho, ajuda muito ! 

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De: Bruna Severiano.
Instagram: bruna_severianoo .


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