CAPÍTULO QUARENTA E SEIS

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Briana Ferreiro

Meu sangue estava fervilhando dentro de mim. Meus pés se moviam por vingança, a cada passo, a cada imagem que passavam por minha cabeça, a vontade era de torturar Gabriel até não poder mais sair sangue de seu corpo. E essa vontade só ficava maior, mais forte, e a cada passo mais real de acontecer.

As vozes que vinham por trás das minhas costas eram abafadas pela adrenalina que continha em meu ser, agradeci por ela ter feito isso, pois sei que minha força ou qualquer vontade de machucar o desgraçado sumiria apenas com o olhar de Tommy sobre mim.

Ao subir as escadas peguei a arma que Thai carregava para cima e para baixo na mansão, foi a primeira coisa que encarei ao virar meu corpo tão rapidamente para a entrada da escada… foi quase automático o movimento, pegar algo para proteger a minha família, a minha pele. Não me arrependeria de usar para ferir pelo menos uma das pernas de Gabriel antes mesmo que ele tivesse a chance de revidar com algo. 

Eu desejava o sangue dele escorrendo pelo piso sujo da fábrica abandonada, os gritos - pois eu iria tirar gritos dele - ecoarem pelo espaço amplo da construção, deixaria ele amarrado da pior maneira que eu poderia imaginar, deixaria todas as suas partes cortadas profundamentes para sentir a dor que ainda habitava dentro de mim, ajudaria nos reparos dos cortes apenas para cortar novamente depois. Deus! Como quero fazer isso. 

Meus pés foram rápidos para o primeiro piso da mansão, havia dois seguranças na portas da frente com armas fortes, seus ternos estavam impecáveis e as posições corretamente, pelo jeito que estavam suando e as pernas quase dobrando, eram os novatos.    

Todos que estavam na área de treinamento acompanharam cada passo meu até aqui, mas nenhum acompanhou meus pensamentos. Todos ficaram paralisados quando parei na entrada e processei o que queria fazer primeiro : gritar com todos, ou mostrar meu lado mais filha da puta. 

-Dom! - falei no tom no qual até o senhor se assustou, meu corpo ficou mais rígido para conter a raiva dentro de mim, minhas mãos estavam fechadas em punhos fortes, as unhas se enfiaram nas palmas das mãos.

Agora sei do porquê Dylan fuma nessas ocasiões.

-Senhora Ferreiro ?! - seu tom de voz foi confuso, seu rosto se transformou em perguntas e dúvidas com minha aproximação - Aconteceu algo, Senhora?

Movi meu corpo para onde ele estava, controlando minha respiração ao apertar a arma em minha mão, as unhas da mão esquerda entraram na pele criando calor pelo meu braço. Sua atenção foi para a arma, suas sobrancelhas se cruzaram em perguntas, suas mãos foram levadas lentamente para a frente de seu corpo, onde ficavam visíveis para todos que ele não contia uma arma em mãos, e como resposta tombei a cabeça um pouco para o lado direito estreitando os olhos para ele.

-Espero que tenha a resposta certa para minha pergunta, Dom. - digo com voz calma ao chegar perto  dele, deixando dois passos de distância - Seria ruim para mim contar para Dylan, que matei o substituto do pai dele.

Dom não deixou esconder a raiva de ouvir aquilo, ele mostrou que eu tinha atingido o ponto mais fraco da relação dos dois, e foi bom e ruim ao mesmo tempo de saber que ele tinha essa percepção de vista com Dylan. Sei que Dylan também teria quase a mesma coisa, mas não falamos muitos de nossos pais ou quem colocamos dentro do espaço vazio para preenchê-lo. 

Meu coração iria se partir se tivesse que contar que matei o único homem que deu os devidos cuidados e conselhos para Dylan, mas sabia que faria, talvez, a coisa certa, não iria deixar mais meu coração tomar decisões para mim, não quando isso era algo que envolvesse o restante da família, seria um peso que carregaria comigo com muita dor, no entanto, ficaria mais confortável de saber que mais nenhum ser da minha família ficaria em coma, ou machucado. 

Russa Perigosa ao Extremo. Onde histórias criam vida. Descubra agora