𝒩𝑜𝓈𝓈𝒶𝓈 𝓅𝑒𝑔𝒶𝒹𝒾𝓃𝒽𝒶𝓈 -𝐹𝓇𝑒𝒹 𝒲𝑒𝒶𝓈𝓁𝑒𝓎-

58- De malas feitas

Na manha seguinte eu acordei cedo, tão cedo que pude ouvir o canto dos tordos pela janela entreaberta do quarto.

Minhas malas estavam intactas tirando por umas roupas sujas e meias que agora estou usando.

Meus livros pegaram a poeira da estante.

Ligo o chuveiro, que logo faz do banheiro aquecido, o espelho embaçado revelando uma eu, cansada e cheia de olheiras, tiro minha roupa e entro embaixo do chuveiro, lavo meu cabelo com cuidado.

Assim que saio do banho, me visto com uma calça marrom e uma blusa com uma foto no meio, que nem apareceria pois coloco um moletom beje por cima, cobrindo meus braços congelados.

Prendo meu cabelo, coloco meu tênis de corrida, saio voando pelas escadas a procura de algo, que nem sei o que seria. Assim que chego no jardim, vou a parte que antes era as aulas do voo, na esperança de continuar assim.

Como o esperado, continuava ali, havia uma barreira lilás transparente para sinalizar a onde era seguro estarmos, mais adentro da floresta, poderia ser perigoso para nós, alunos.

Começo a correr como se corresse de um inimigo, como se minha vida dependesse daquela corrida. Percebo que mesmo com minhas pernas grandes e longas, eu ainda continuava a correr devagar, sempre devagar. O vento batia de frente comigo, se fosse mais leve, já teria caído.

Pego minha varinha me viro e atiro no alvo perto da floresta, ele sobe, corre de novo, o acerto, ele sobe mais, corro, acerto o alvo, ele sobre novamente o processo se repete várias vezes até que eu me canse.

Hoje parecia ser um dia diferente, resolvo aparecer no jantar, no final do dia, o salão estava lotado de crianças, adolescentes e professores, sentados em mesas redondas, sem especificação de casa.

As comidas magicamente aparecem nas mesas conforme o pedido de cada aluno, me sento sozinha na ponta traseira do salão, onde não havia ninguém e também era um pouco escuro e frio.

O prato de purê de batata e legumes na manteiga aparecem junto a um suco de morango, tomo um remédio que recebi de Is junto a bebida, mal senti o gosto amargo do remédio.

Depois, cansada de ficar ali, sentada na mesa, ouvindo os outros conversarem, subo ao meu quarto tomo um banho de novo, e me deito na cama com meu pijama de ursinhos.

Na manha seguinte, troco de roupa, minhas malas já estavam bem arrumadinhas e eu estava vestida com um Jeans e uma blusa vermelha com decote em "v", com All Star preto em meus pés, a varinha no bolso, os livros nas malas, e o resto das coisas que trouxe, estão guardadas muito bem em minha mala, basicamente minha vida está dentro dessa mala.

Me sento na secretaria e espero Isolt chegar, ela me levaria para o aeroporto e lá eu seguiria sozinha minha viagem.

Seu colar estava pendurado em meu pescoço como um amuleto, e protegendo.

Ouço saltos baterem no chão, Bettany vinha em minha direção.

-Olha se não é a famosa Garota em Chamas! -ela diz em deboche sorrindo. -Jacob fala muito sobre você, disse que conversaram e tudo mais! Adoraria conversar com você, mas tenho aula! Podemos se ver mais tarde? -ela pergunta e penso, mais tarde eu estaria em um voo direto ao Brasil, penso em responder que sim, só para ela ficar na expectativa de ter um gostinho do veneno, mas não seria eu.

-Ah que pena, estou indo embora daqui a alguns minutos! Quem sabe outro momento no futuro próxima? -digo e ela concorda seguindo seu caminho.

Espero até Is aparecer e nada.

Somente uma carta, com a simples frase.

Desculpe Querida, não vou poder te levar, reunião de emergência, se cuide, não retire esse colar enquanto não chegar no castelo.

Beijos Isolt!

Ela havia me deixado na mão, a carruagem estava ali, pronta para me deixar embarcar.

Subo na carruagem com as malas em mãos, fecho a porta e me sento no meio do banco dourado, jogo minha cabeça para trás e sinto meu corpo cair em sono.

O vento de fora, entrava aos poucos na carruagem aquecida, quando percebo, não sei mais onde estava, sei que estava em movimento no céu, mas definitivamente onde, eu não sei, não fazia a mínima ideia.