71- Cicatrizes

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Fred se encontrava na porta, segundos depois me olhando o mesmo, já vestido pra ir ao lago, entra no quarto, fechando a porta, e vindo até mim, ele me olhava de cima a baixo, ele viu minhas costas e agora estava vendo o nojento resto dos acontecimentos da minha vida.

O mesmo parou a minha frente, me abraçou alisando as ondas cicatrizadas em minhas costas, e depois abraçou forte minha cabeça, fazendo eu deitar em seu ombro, eu não o entendi, assim que o mesmo se soltou de mim, me olhou esperando algo.

-Bela...

-Eu sinto muito. -Digo nervosa, o ruivo me olha confuso, como se não soubesse de algo.

-O que está dizendo? -ele perguntou e na minha cabeça minha fala anterior tinha sido clara.

-Eu sinto muito por ter que ver isto! -digo me virando de frente ao espelho, jogando o cabelo para frente o deixando ver minhas costas de forma ampla, a cicatriz em meu peito era enorme, como uma explosão de cicatrizes no coração.

-O que? Bela, isto é perfeito. -Ele diz beijando a cicatriz em minha mão. – Não tem que sentir muito, você é perfeita, e isso. -Ele indica tocando a cicatriz em meu ombro. -Indica o quanto é forte. -Ele diz e me viro sorrindo com lagrimas em meus olhos

-Obrigada. -Eu digo e o mesmo deixou um beijo marcado em minha bochecha.

-Promete que nunca irá esconder nada de mim? -ele perguntou, seus olhos castanhos brilhavam ao olhar aos meus esverdeados.

-Eu prometo, Fred! -dig o abraçando. – Eu só não sei se o resto das pessoas estão prontos para ver isso sem sentir repulsa! -digo e faço o feitiço, assim, como uma borracha o feitiço cobre todas as minhas cicatrizes, fazendo meu corpo ficar "normal".

-Porque nunca me contou? -Fred pergunta se sentando na cama e continuo em pé, como se fosse uma conversa rápida, como eu queria que fosse.

-Fred, essas cicatrizes são marcas do quanto resisti para mim, mas para os outros que já as viram, são marcas nojentas e feias, eu não quero que sintam repulsa de mim, entende? -pergunto e ele concorda.

-Você é perfeita, mon Amour.

-Vamos! Vai ficar tarde demais se não formos agora. -Digo e saímos do quarto. Estávamos quase nus no frio glacial, fomos correndo na grama de mãos dadas, estava escuro e havia as luzes flutuantes iluminando os cantos do castelo, era lindo de ver durante a noite, não havia estrelas, meus dedos congelaram na grama molhada com a chuvinha de fim de tarde de hoje.

Corremos o mais rápido que pudemos, já que o lago era longe do castelo, sabíamos que se alguém nos visse, iriamos a detenção. Ao chegar no lago, o mesmo estava iluminado de luzes flutuantes, só que ao invés de estarem no ar, estavam boiando no lago, deixamos nossas coisas de lado, perto da arvore sem frutos e entramos no lago, nos encontrando com os grifinorianos, todos estavam felizes e conversavam sobre coisas estranhas, sobre o verão, sobre as aulas, sobre o futuro que nos esperava.

Sempre ouvimos em Hogwarts, "vocês são o futuro do mundo bruxo, não deixem nada impedir vocês, jamais, vocês serão incríveis bruxos, com poderes extraordinários, basta quererem, o futuro está na mão de vocês"

O problema não esse saber, era como faríamos isso, estamos marcando a história aos poucos, e talvez daqui a trinta anos, seremos apenas um borrão na história, os grifinórios e o Trio escarlate.

Dependia de nós, o que faríamos, o que trabalharíamos, o que teríamos, como cuidaríamos?

George e Beverly provavelmente estarão até o fim do ano, se casaram e terão filhos perfeitos, moraram em Londres, em uma casa de campo, serão felizes e sorridentes, era reconfortável.

Angelina provavelmente irá terminar o ano com algum ficante ou futuro namorado, provável que não se case muito cedo, irá trabalhar com Quadribol e se mudará para um dos mais chiques apartamentos de Londres.

Fred e eu, erámos enigmas para mim, talvez terminássemos o ano juntos e se tudo desse certo, nos casaríamos e moraríamos em uma casa em um pequeno bairro com nossos filhos, era cuidaria da loja em que tanto falam, e eu, bom, eu trabalharia no ministério, como Auror.

Mas se desse errado, acho que fugiria, não por medo, mas sim por recomeçar, se desse errado, talvez voltaria ao Brasil e lecionaria lá, como professora de magia natural, provavelmente não teria filhos e nem me casaria, não tão cedo.

Lembro de quando era pequena, torcer para minha imaginação fértil se tornar realidade, nunca foi como imaginei, mas sempre algo dava certo e dessa não era diferente, eu torcia por nós, torcia para que conseguíssemos dar certo.

A água estava morna, meu cabelo tornou o tom avermelhado na água, um tom forte, não ruivo, vermelho forte, como uma chama, como uma brasa incendiada para sempre.

A água por fora parecia ser suja e turva, mas para quem a via por dentro era extremamente limpa e clara feito cristal, tipo vidro, lindamente nítido, as janelas da comunal da Sonserinas davam de ser vistas pelos olhos nus.

Todos a minha volta sorriam, a felicidade transparecia em seus olhares magníficos, Fred, de baixo da água agarrou minha cintura, ficamos horas ali na água, até que estava frio de mais para continuarmos.

Para voltarmos foi um terror, tivemos que ir de dois em dois para que não nos vissem, ao chegar na comunal e despedi de Fred e fui ao meu quarto, tomei um banho retirando o cheiro do lago, assim que me deito, alguém abre a porta, era Fred.

-Posso dormir aqui? -ele perguntou e concordei, dando lhe espaço em minha cama, assim que o ruivo deitou, me abracei nele e dormimos até as sete da manha do dia seguinte.

Por um motivo desconhecido, Fred não acordou ao meu lado na cama, e também não apareceu no café da manhã, nas aulas também não, ele sumiu por um dia, e nesse dia Jacob resolveu ficar ao meu lado.

Ele estava sendo gentil, estava treinando feitiços comigo e me ajudando com as aulas de estudos trouxas, ele sorria alegremente e seu cabelo repintado de loiro balançava ao vento do pátio, seus olhos azuis pareciam querer se fundir com os meus, corto o olhar, olhando diretamente ao chão, ele percebe e desvia também, ele parecia querer ser bom.

-Ok, essa poção é simples, bela, tudo que precisaremos é de um fio de cabelo seu. -Ele diz e coloca meu cabelo atrás da orelha, e logo depois sinto um fio ser arrancado, enrolo meu cabelo para trás, Jacob a minha frente misturava meu fio de cabelo junto a um tipo de gosma nojenta.

Depois do "treino" no pátio, caminho sozinha nos corredores, Jacob tinha ido à biblioteca e eu voltava a comunal, o caminho era amplo e claro, mas uma sensação entranha se instalou em meu peito, a sensação de ser observada, de repente uma mão me puxa para dentro de uma tapeçaria.

- Bela! -disse George a minha frente, seus olhos estavam cheios de olheiras e seus cabelos bagunçados.

-George, o que está fazendo aqui? Cadê Fred? -pergunto vendo que o mesmo não estava aqui conosco

-Venha, iremos lhe mostrar nossos planos! -George diz e o sigo, quando percebo aparatamos até o beco diagonal, escondido, somente com a cabeça para fora se encontrava o outro ruivo, eles observavam uma loja de esquina, fechada, o lote estava à venda.

-Isto, minha cara senhorita, um dia será a nossa loja As Gemialidades Weasley! -disse Fred quase saltando do esconderijo.

𝒩𝑜𝓈𝓈𝒶𝓈  𝓅𝑒𝑔𝒶𝒹𝒾𝓃𝒽𝒶𝓈 -𝐹𝓇𝑒𝒹  𝒲𝑒𝒶𝓈𝓁𝑒𝓎-Onde histórias criam vida. Descubra agora