75- Passado

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Há coisas que nunca saem das nossas cabeças, nem se quisermos, são chamados de traumas, você fica remoendo aquilo o tempo todo, todo trauma te causa alguma sequela.

Quando algo da de errado você se lembra daquilo, não importa quando ou o que aconteceu, a memoria vem em sua cabeça e te apavora, mesmo tendo seguido em frente, são marcas que ficam em nós, e só sossegamos quando nos afastamos.

Ignoramos o que houve ou simplesmente tentamos recomeçar, mas não funciona, a memoria forte sempre vai ser a ruim, porque é o que te faz acreditar que é real, mas quando você percebe, passou do limite.

Em um momento não te afetou, você paralisa e fica quieta, no outro está destruindo seu quarto e sua vida, chorando sob o chão frio e depois se sentindo fraca.

Se culpando por algo que nem foi sua culpa, sobre algo que não sabia o que estava acontecendo.

Você deita na cama e fecha os olhos, mas sua cabeça se move a aquela memória.

***

Eu me sentei na cama com sono pela manhã, era quase meu aniversário de novo, a neve cobriu os campos de Hogwarts e esfriou o ambiente com o sopro gelado que deixa nossos rostos vermelho e pálidos como porcelana.

Visto o uniforme e o cachecol vermelho aquecendo meu pescoço.

Desço pelas escadas e encontro Jacob sentado no sofá, ele sorri ao me ver, ele se levanta e me avisa que iria à biblioteca, ando até o salão principal e tomo meu café.

Fred ao meu lado parava as vezes e deixava alguns beijos em meu cabelo, as vezes me abraçava do nada e me beijava também, ele estava assim ultimamente.

Bev conversou comigo sobre seu futuro e o de George, conversamos sobre tudo, casamento, casa e etc.

O tempo passou e fomos para as aulas.

O dia seguiu normal até a aula de Snape, iriamos usar a penseira, retirar uma memória de nossa cabeça e depois entrar nela, fui a terceira a ir, Snape pede para pensar em algo e penso em Ilvermorny e na minha infância.

A memoria é colocada na penseira e afundo minha cabeça na mesma, eu estava nos corredores de Ilvermorny, Snape estava junto a mim ao meu lado, uma mini eu passa correndo e Jacob passa logo atrás, ele para na frente das garotas no fim do corredor e eles começam a rir de mim, me xingar e vir para cima de mim, a chuva batia forte na janela, meu coração acelerou, corro atrás da mini eu.

Ela para no meio do campo de quadribol e cai no chão queimando o local.

Me retiro da penseira e saio da sala correndo, meu rosto úmido por conta das lagrimas em meus olhos, meus pés firmes me sustentando, me jogo no chão do dormitório e fico ali, sentindo o chão frio e meu coração acelerado, sem barulho.

Meus olhos se fecham e a memória vem em mente.

Me sento na cama e me cubro, meus olhos cansados se recusavam a se fechar, sinto como se flutuasse.

A porta ranger, meus ilhós pregados no chão, virada de costas para a porta, sinto braços segurarem meus ombros, a respiração da pessoa era lenta, não era Fred nem George, ela vem a minha frente e me abraça.

Seus cabelos escuros e trançados, o perfume de Angelina adentrava em minhas narinas, ela se separa de mim com seu rosto preocupado, não consigo a olhar, meus olhos pregam nas curvas da madeira do chão, a janela entreaberta trazendo o vento doce que acariciou meu rosto.

-Bela? -ela me chama, sua voz se torna um eco em minha mente, como um universo relativo. -Pegue. -Ela transfigura seu lápis em um copo da água e faz algum feitiço para que o encha, seguro o copo na mão sem me mover. -Eu já volto! -a porta se fecha segundos depois do eco fazer efeito em mim.

Meus olhos estavam marejados, e semifechados, lutando para ficarem abertos, a sede tomou minha boca, mas o copo em minha mão parecia pesado demais para se mover com minha força.

Não ouço a porta abrir de novo, mas percebo a presença de seis pessoas, uma delas Angelina com sua voz doce e perfume marcante, ao seu lado Snape, com sua voz grossa e bem cantada, Dumbledore me examinava a minha frente, eu olhava para a janela, duas sombras ruivas passam por suas costas, minha visão estava embaçada.

-O que aconteceu? -perguntou Dumbledore ao professor.

-Penseira! -ele diz se aproximando de meu "tio" e colocando sua mão em seu ombro como se o chamasse.

Sinto os lados da minha cama afundarem, e dois braços acariciarem minhas costas, sem olhar para eles, os puxos fortes junto ao meu corpo e solto um pequeno grito estridente quebrando o silencio, minha roupa se tornou molhada perto da gola e me abraçaram mais forte.

Minha mão vagou pelo meu cabelo o agarrando, um vidro entra em contato com minha boca derramando um liquido com gosto de suco.

Caio na cama com meus olhares turvos e durmo.

***

Acordo, meu corpo rígido e doído, meus olhos pareciam vazios, e meus lábios sedentos por um gole de água.

Havia um copo cheio de água na mesinha ao lado da cama. Levo o copo a minha boca e bebo até o ultimo gole, me levanto lentamente, passo a mão pelo meu cabelo delicadamente, eu não me lembrava de nada depois que chorei abraçada em Fred e George.

Entro no banheiro do quarto, eu estava péssima, uso o banheiro e volto a cama, me sento e me cubro com o cobertor vermelho. A porta se abre lentamente.

-Bela? -Perguntou a voz de Fred ao abrir a porta, ele entra no quarto e fica a minha frente. -Como está? -ele pergunta beijando meu rosto.

-O que aconteceu ontem? -perguntou olhando seus olhos que pareceram ficar mais escuros.

-Bom...Depois da aula de Snape, Angelina disse que lhe viu no quarto e....

-Pule essa parte, por favor, dessa eu me lembro! -digo olhando o cobertor vermelho.

-Ah, bom, Dumbledore lhe deu uma poção de sono, acho que algo tipo um calmante! -Fred diz e olho em seus olhos fortemente.

-Ele não pode fazer isso! Ele basicamente me drogou. -Digo me levantando da cama, sentindo o pé no frio da madeira.

-Segundo ele, ele pode sim...Ele disse, bela, que ele é seu "cuidador legal em Hogwarts". -Fred diz e me apoio de joelhos no chão.

Cuidador legal? Dumbledore?

-Ele não é nada meu! -digo e a expressão de Fred pareceu limpa.

𝒩𝑜𝓈𝓈𝒶𝓈  𝓅𝑒𝑔𝒶𝒹𝒾𝓃𝒽𝒶𝓈 -𝐹𝓇𝑒𝒹  𝒲𝑒𝒶𝓈𝓁𝑒𝓎-Onde histórias criam vida. Descubra agora