𝒩𝑜𝓈𝓈𝒶𝓈 𝓅𝑒𝑔𝒶𝒹𝒾𝓃𝒽𝒶𝓈 -𝐹𝓇𝑒𝒹 𝒲𝑒𝒶𝓈𝓁𝑒𝓎-

51- 𝑅𝑒𝒸𝓊𝓅𝑒𝓇𝒶ç𝒶𝑜

Na manha seguinte depois que o remédio de Snape faz efeito, eu via tudo, não havia ninguém na ala hospitalar, o sol adentrava pela janela, o cobertor em cima de mim era quente.

-Bom dia querida! -disse a voz feminina de madame promprey.

-Bom dia. -digo, minha voz estava rouca.

-Vai poder voltar as atividades diárias se tudo der certo hoje na metade do dia! -disse ela.

-O Baile do torneio vai ser amanha de noite! -digo preocupada.

-Você vai estar intacta! Snape lhe dará umas poções que lhe ajudaram querida! -disse ela e fico mais tranquila. -Vou trazer algo para comer. -disse ela e saiu.

Eu não sentia meus dedos dos pés e minhas pernas, era como se eu estivesse em coma, ou pior, paralisada.

Eu me sentia horrível.

Odiava que sentissem pena de mim.

E ser "cuidada" me fazia pensar que sentiam pena de mim.

Meu rosto estava molhado, eu não sabia se era por conta de eu estar suando ou por conta de minhas lagrimas descontroladas.

Madame volta com uma bandeja cheia.

Havia suco de laranja, morango e um sanduiche de queijo.

-Madame, posso não tomar o suco de laranja? Ele me dá enjoo. -Digo dando um sorriso fraco.

-Bom, ele ajudaria na sua recuperação, mas acho que posso pedir mais uma poção a Severus! -ela diz colocando a bandeja em cima do meu colo e saindo da ala hospitalar.

Começo comendo os morangos, eu já estava satisfeita, sei que me obrigariam a comer mais, mas eu só conseguia pensar em quantas calorias eu estava ganhando.

A memoria é engraçada, as coisas boas somem, mas os traumas por outro lado, ficam marcados na sua cabeça.

Minha cabeça não parava de pensar se faria mal eu comer aquele pão, se seria exagero, eu poderia trocar o pão por um copo enorme de água, eu não engordaria já que a água sumiria.

Resolvo comer metade do pão.

Eu estava já me sentindo extremamente cheia.

Fecho meu olho.

"Ninguém gosta de você"

"sabe porquê? Por conta do seu peso"

"Sai de perto baleia"

Eu nem era sobre peso, eu era uma garotinha, meu corpo era diferente das outras, por conta da minha estrutura física alta eu teria o peso para minha altura, mas os outros eram baixos então para eles eu era gorda.

Aquilo me machucou tanto na infância.

Abro meus olhos, ouço vozes vindo em minha direção, passo a palma da mão em meu rosto tentando o secar.

-Bela! -fala uma voz grossa vibrante, meu coração acelera e surge um sorriso intenso em meus lábios.

-Weasley! -digo e vejo o rosto de Fred, cheio de olheiras e fios de cabelo ruivo bagunçados.

-Você tá bem, está aqui! -ele diz dando um beijo no meu cabelo.

-Querida, tente levantar! -disse Promprey.

Eu sentia minhas pernas de novo.

As movo em direção ao chão e me apoio lentamente nelas, ainda com o braço apoiado na cama.

Solto a cama, quase caio, por pouco Fred me segura.

-Bom dia! -disse Snape com uma poção verde musga em mãos.

-Professor Snape! -disse promprey -A poção por favor! -disse ela, assim que recebeu a poção a colocou em um copinho e me deu.

Tinha cheiro de algo podre, do tipo carne podre.

Respiro, 1 2 3

Jogo a bebida em minha garganta, logo o liquido começou a queimar e se tornar ácido.

-Wilson, essa poção é regeneradora, todos os seus membros estão se regenerando, o que quer dizer que daqui a 30 minutos vai conseguir andar, tocar, o que quiser.

-Tudo bem, posso lidar com a queimação e a acidez! -digo sorrindo.

-Ah e qualquer coisa me chame! -disse ele saindo e madame o segue.

-Fico feliz que esteja bem amor! -disse Fred.

-Eu fico também, eu poderia ter morrido Fred. -Digo.

-Eu sei, mas não pense no passado se não o presente passa voando.

-Vamos pensar nas roupas de amanha de noite! -digo.

-Ah sim, com que roupa irá? -ele pergunta.

-Não não, a ganhadora não revela sua roupa especial! -digo a ele.

Ficamos ali conversando por horas o som do relógio acima da ala hospitalar era o único som sem ser nossas vozes e risos.

O sono nos pega de surpresa, acho que pega a todos, só que diferente dos outros eu tenho fases de sono.

Tem eu resistindo.

Eu Aceitando.

Eu procurando algo a me distrair.

Eu me rendendo.

Eu sou persistente, até de mais as vezes.

Mas eu sei quando dar a volta por cima.

E era minha chance de recomeço.

Então porque não a aproveitar?