33. Uma das cem coisas que amo sobre Emma Swan.

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Pov Regina

Os carros dividiam o espaço com os pedestres e ciclistas que circulavam pela Avenida Atlântica, nos arredores do número 1702. Um pouco mais a frente, o calçadão de pedras portuguesas cedia lugar para o branco da faixa de areia, onde nativos e turistas se uniam em um momento de lazer, desfrutando das águas cristalinas e do belo cenário da famosa praia.

Do terraço privativo de uma suíte na cobertura, eu assistia o cotidiano dessas pessoas, enquanto observava alguns ícaros sobrevoando o hotel em suas asas-deltas, realizando o sonho da mitológica figura grega.

Pensei nos versos de uma canção que falava de saudade ao ver o sol poente, sentindo-me como uma personagem da música ao observar o astro-rei se despedir da cidade maravilhosa, fazendo-me lembrar que, em poucos dias, teríamos que partir, deixando para trás não só a deslumbrante beleza das paisagens brasileiras, como também os momentos de pura magia e amor que Emma e eu tivemos aqui.

Toda essa atmosfera romântica me fez pensar no dia do nosso casamento, quando trocamos votos de amor eterno, diante de poucos convidados, pessoas que amávamos e que compartilhavam da nossa felicidade. Sorri e olhei para o meu anelar esquerdo, onde uma delicada aliança de ouro branco e diamante brilhava, como mais uma lembrança de um dos dias mais felizes da minha vida.

Um barulho vindo de dentro da suíte me fez girar a cabeça para encontrar Emma, que tinha saído há uns minutos sem me dizer para onde ia. Suspeitei que planejava me fazer alguma surpresa.

— Desculpe a demora — disse e andou até onde eu estava, rodeando minha cintura com um braço, antes de selar seus lábios brevemente nos meus.

— Você não vai me dizer para onde foi? — sorri, tentando arrancar-lhe a informação como a pessoa naturalmente curiosa que sou.

Ela mostrou um fraco sorriso e percebi certo ar de tristeza em seus olhos.        

— Aconteceu alguma coisa, meu amor? —  fiquei imediatamente preocupada.    

— Às  vezes, esqueço o quanto você me conhece bem! — a expressão dela se suavizou. Franzi o cenho e toquei em seu queixo, fazendo-a me encarar.    

— O que houve? — sua resposta evasiva me deixou mais apreensiva.

— Eu vi Camila no saguão do hotel! — desviou o olhar do meu.

— Ah! — exclamei, sem saber ao certo o que dizer. Emma nunca me contou o que aconteceu entre as duas, embora por instinto eu imaginasse que foi algo marcante, seja para o bem ou para o mal. — Vocês conversaram? — tentei me controlar, mas aquela pontada inconveniente de ciúme decidiu me atormentar.    

— Não! —  negou rapidamente — Ela não me viu. E mesmo que isso tivesse acontecido, duvido que quisesse conversar com a pessoa em quem aplicou um golpe.    

— O quê? — me surpreendeu essa revelação.    

Suas pálpebras trêmulas se fecharam por um instante.    

— Eu  tenho tanta vergonha do que vou dizer agora… — sua voz não era     mais do que um sussurro e quando voltou a me encarar, a angústia havia tomado suas feições.

Automaticamente, abracei-a, porque era doloroso demais para mim vê-la dessa maneira e não fazer nada para confortá-la.     

Emma devolveu o abraço e por alguns minutos nada foi dito. Eu sentia sua respiração contra o meu cabelo, ao passo que minha cabeça permanecia apoiada em seu ombro. Queria que ela tomasse o tempo que fosse necessário e só me contasse essa parte do seu passado se realmente se sentisse confortável para fazer isso. Jamais a pressionaria a reviver algo aparentemente tão doloroso.

The Lady In My Life [SwanQueen]Onde histórias criam vida. Descubra agora