4. Todos os caminhos que levam a Emma Swan.

1.5K 179 18
                                    

Pov Regina

Depois que terminamos o café da manhã, David e eu subimos para o quarto. Levo comigo o disco que Emma me emprestou e noto que o objeto não passou despercebido a ele, no entanto não fala nada até entrarmos no quarto.

— Que disco é esse, meu amor?! — quer saber, curioso.

— É de uma artista brasileira muito talentosa que, por coincidência, chamava-se alguma coisa Regina! — digo, ainda em dúvida quanto a pronúncia do primeiro nome — Sua irmã estava ouvindo na biblioteca mais cedo e fiquei interessada. Então pedi emprestado para conhecer melhor o trabalho dela — explico, embora não esteja muito feliz com ele.

— Muito conveniente Eric estar ouvindo justamente o disco de uma cantora que se chama Regina... Parece uma artimanha para puxar conversa com você novamente e não estou gostando nada disso. — pontua, aborrecido.

Reviro os olhos.

— Você não percebe a besteira que está dizendo, David? — pergunto ficando mais exasperada — Isso não tem nada a ver... Quando eu cheguei na biblioteca ela estava escutando uma música de outra cantora brasileira, que eu achei interessante também, então resolveu me apresentar essa aqui que é a preferida dela. Portanto, pode ir parando de inventar histórias — exijo.

— Ah... Ele ainda está com essa fixação pelo Brasil?! Pensei que já tinha superado o pé na bunda... Será que Eric te falou sobre isso? — alfineta com crueldade.

Não lhe dou o prazer de responder esse questionamento idiota, ao invés disso, revido: — Você não se cansa de ser cruel com a sua própria irmã?

— Não estou sendo cruel, querida. Essa é apenas a realidade dos fatos! Não é minha culpa se a brasileira não era uma pervertida como aquela tal de Belle, que ele namorava... — sublinha, cinicamente, e isso é a gota d'água para mim.

— Já chega, David! — exclamo, num tom de voz alterado — Acho que já ouvi o que podia suportar de preconceitos e falta de respeito vindos de você em relação a Emma — prossigo, irada — Ou começa a tratá-la com a consideração e a dignidade que ela merece, ou hoje mesmo voltarei para Nova Iorque e nosso relacionamento termina aqui, porque o tipo de homem que eu mais detesto na vida é o que eu descobri que você é, depois que cheguei em Boston — concluo, guardando o disco na minha mala, antes de passar a mão pelos cabelos nervosamente, de costas para ele.

— Você vai terminar comigo por causa dela?! — indaga, usando, pela primeira vez, desde que estamos aqui, o gênero feminino para referir-se à irmã e volto a encará-lo, notando insegurança e preocupação em sua voz.

— Não, David! Se eu realmente vier a terminar, é porque você é um reacionário... Acho que não estaria exagerando se usasse a palavra desumano também! — afirmo, gesticulando com as mãos — O fato de sua irmã ser trans, não lhe dá o direito, aliás, nem a você, nem a ninguém, de tratá-la desta forma vil e grosseira, para não dizer estúpida e ignorante. E, como irmão, deveria entendê-la e apoiá-la, porque o preconceito dentro de casa machuca mais do que o vindo de fora — concluo, encarando-o severamente.

Então, ele responde, num tom mais brando: — Eu sei que pra você pode estar parecendo que eu sou um monstro, por falar assim... Mas, a realidade é que eu não consigo entender, por isso ajo dessa maneira. Se ela se vê como mulher, por que desistiu de fazer a mudança total de sexo? Isso é o que caracteriza a perversão.

Sorrio sem vontade.

— A questão é que você não é obrigado a entender, mas tem a obrigação de respeitar. Os motivos que levaram a sua irmã a ser como é, só dizem respeito a ela. Isso faz parte da intimidade indevassável* do ser humano e define a identidade de Emma. — sublinho de forma eloquente.

The Lady In My Life [SwanQueen]Onde histórias criam vida. Descubra agora