KJ POV
Trago a fumaça para dentro, deixando o calor queimar lentamente para baixo pela garganta até aquecer meus pulmões, isso é uma merda eu sei, mas não tenho vontade de largar esse vício por enquanto. Aliás, sou um cara dado a vícios que não consigo controlar e que no fim irão me deixar na merda.
Felizmente tenho apenas dois, cigarro e a baixinha sentada do outro lado da porta de vidro digitando furiosamente no celular. Talvez ela esteja brigando com alguém, e eu não quero saber quem é esse alguém, gosto de fingir que não existe mais nenhum elemento nessa nossa relação deturpada, é mais fácil assim.
Já aceitei meus erros a muito tempo.
Minha real preocupação no momento é não cair no meio das pernas da Cami durante as entrevistas, Deus sabe que eu gostaria de morar ali todos os minutos do meu dia. Então, sim, a SDCC vai ser uma tortura lenta e deliciosa para mim. Pode me chamar de masoquista e eu te garanto que cada segundo vale a pena.
Quero apenas curtir esses dias, comer e beber de graça, fazer piada de tudo e parecer um idiota, além de muita sacanagem nas horas vagas. As entrevistas começam amanhã,hoje temos apenas a festa de abertura do evento que é o momento perfeito para um pouco de diversão. Tiro o celular do bolso e mando uma mensagem rápida para Cole, sei que ele está animado para a festa apesar de passar todo o tempo mantendo com cara de quem está de saco cheio de tudo.
A porta de vidro abre e de forma automática abaixo o celular escondendo a tela, olho para Cami parada de pé tão perto, com uma cara nada satisfeita, ela olha para o telefone em minha mão antes de soltar um suspiro alto e cansado.
- Consegue falar com alguém? Quero ficar um pouco off - pergunta, sua voz está sem vida e faz meu coração ficar apertado, tento empurrar isso lá para o fundo - consegue?
- Sim, estava falando com Cole - balanço o telefone apagado - Lili só precisa de 5 minutos.
- Preciso assaltar o frigobar.
- A vontade.
Como amigo eu perguntaria o que aconteceu, mas como caso amoroso não estou realmente interessado em saber se o problema de Cami é com o namorado, não estou em posição se aconselhar de forma neutra então me mantenho calado, se for qualquer outro problema ela irá me falar quando estiver um pouco mais calma. Mesmo assim a sigo para dentro. Nossos quartos não são grandes coisas, espaçoso o suficiente para uma cama grande, mesas de cabeceira, uma poltrona ao lado da porta, prateleiras onde fica a televisão ao lado das portas do armário e banheiro, mas pelo menos temos um frigobar, microondas e cafeteira em um canto. Me encosto na porta do closet e observo Cami mexer no frigobar xingando baixo.
- Não tem gim.
- Baby, é um frigobar de 3 estrelas - murmuro tentando fazer graça e ela ri - o que tem aí?
- Nada que preste.
- Vou querer saber porque está nervosa? - Cami fecha a porta e fica de pé, vira e respira fundo com as mãos na cintura - só perguntei.
- Rachel se metendo na minha vida - ela se aproxima e toca minha barriga - pena que não dou a mínima.
- Por isso digo que deveria ser só minha amiga - ela ri escondendo o rosto em meu peito - sou ótimo conselheiro.
- Você é péssimo, Kage.
- Isso fere meus sentimentos.
- Deixa de ser tonto - quando ela levanta o rosto seu que espera alguma coisa, me curvo de leve e beijo seus lábios - vamos?
- Está pronta?
- Uhum.
Não damos as mãos para sair do quarto, não somos namorados, embora ainda troquemos toques sutis todo o tempo que estamos perto, é estranho e confortável, bom e doloroso, difícil de explicar e nada fácil de vivenciar, mas prazeroso no fim de tudo.
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Paralelos
RomanceAs duas pessoas deitadas na cama, ofegantes, suadas e satisfeitas, enroscadas sobre o emaranhado de lençóis quentes, com a brisa fresca entrando pela janela aberta, o quarto escuro iluminado apenas pelas luzes da rua também esconde o fato deles esta...