CAMI POV
Um dos piores sentimentos que tem é a impotência que bem com uma traição, quando você se abre e confia em alguém e essa mesma pessoa usa tudo que sabe para se vingar, quando ela usa todos os seus traumas para fazer com que se sinta mal e culpada por qualquer coisa.
Eu sei bem o que fiz ou não, onde errei e onde acertei, até mesmo onde errei querendo acertar. Então não acho justo que agora alguém, não alguém não, que Charles esteja me expondo para quem quiser ver. É óbvio que sei que foi ele quem está fazendo este inferno em nossas vidas, mesmo que Kage não quisesse nunca admitir, não sou uma idiota completa.
Nunca dei minhas senhas de celular e aplicativos para Charles, embora ele tenha pedido algumas vezes, como disse não sou uma idiota completa. Mas com certeza ele foi capaz de gravar alguma senha quando digitei em sua presença, ou teve esperteza suficiente para instalar algum programa que rackeou tudo que podia e agora está soltando por aí. Ele não só mandou para a mídia como também fez uma página exclusiva em cada rede social existente. Claro que meus advogados já cuidaram disso e todas elas saíram do ar, mas ... Uma imagem postava na internet uma vez não some nunca mais.
É horrível.
Me sinto totalmente invadida, desrespeitada, não importa o que, como ou com quem eu estivesse fazendo sacanagem, é minha sacanagem, minha vida e minha intimidade. Eu escolhi tirar as fotos, gravar vídeos e trocar mensagens safadas com meu amante, na época, e somente eu teria o direito de querer divulgar tais coisas ou não.
Mas agora não tem muito que possa ser feito. Eu, Kage e nossa intimidade estamos sendo julgados em todos os programas de fofoca, páginas de internet e redes sociais.
Deletei todos os meus aplicativos, mas meu navegador ainda funciona e não resisti a curiosidade mórbida de dar uma olhada. E sai de lá me sentindo uma vadia imunda, tá melhorando agora depois de 30 minutos de choro, mas ainda estou me sentindo péssima. Algumas pessoas me querem fora da série, outras me apoiam, algumas me ameaçaram, tudo é tão louco que me sinto uma pilha de nervos.
Mas hoje o dia segue e temos trabalho a fazer. Ficou por nossa conta como seguir, podemos pedir uns dias de folga e simplesmente sumir, ou deixar o outro receber os tiros enquanto apenas um fica na linha de frente, ou sairmos os dois, e sinceramente não conseguimos chegar a uma conclusão. Eu mesma não consigo pensar em nada, talvez Kage volte com o café e uma resposta. Enquanto isso não acontece vou apenas continuar deitada.
Escuto a porta da frente se abrir e depois fechar, afundo mais sob a coberta. Kage não vem direto no quarto como eu esperava, então espio para fora do meu forte. Nenhum sinal daquele ruivo que arruinou minha vida.
Calma, estou só brincando. Decido me levantar de uma vez, está bem frio mas o apartamento até que está quente, sei que a sala não vai estar tão aquecido por conta da sacada que é sempre aberta quando Kage quer fumar, mas tudo bem também.
Saio do quarto e sou recebida pelo cheiro maravilhoso de café fresco e pão sendo torrado. Sigo o cheiro da comida e encontro meu namorado colocando nossas xícaras sobre a bancada.
- Bom dia, baby.
- Bom dia, Boo - Kage sorri, mas está com olheiras como eu - pensei que iria buscar o café pronto.
- Tinha muita fila, alguém faltou, uma máquina quebrou e estava um caos. Achei melhor comprar bagel no mercado e voltar para trás.
- Muito sábio - dou a volta do balcão e abraço sua cintura - que bom que voltou, estou morrendo de fome e não queria mais ficar sozinha.
- Muitos pensamentos?
- Uhum - pego minha caneca e dou um gole - muito bom.
- Prefiro comer na sala hoje - concordo com um aceno curto, Kage se abaixa e me beija - sem reclamar que vou sujar tudo e vai me fazer limpar cada migalha com a língua?
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Paralelos
RomantizmAs duas pessoas deitadas na cama, ofegantes, suadas e satisfeitas, enroscadas sobre o emaranhado de lençóis quentes, com a brisa fresca entrando pela janela aberta, o quarto escuro iluminado apenas pelas luzes da rua também esconde o fato deles esta...